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São Paulo perde pioneirismo para rivais

Clube do Morumbi já foi líder em diversas áreas, mas vê outras equipes igualá-lo e até deixá-lo para trás

“O São Paulo não é melhor nem pior. É apenas diferente”. A frase, dita frequentemente pelo presidente são-paulino Juvenal Juvêncio, sempre demonstrou o orgulho não apenas pelos títulos conquistados, mas também pelo rótulo de clube melhor organizado no futebol brasileiro. Contudo, nos últimos anos pode-se dizer que o São Paulo ficou para trás - ou, ao menos, que foi alcançado - por alguns rivais em diversos aspectos.

Embora esse momento de fraqueza do perfil vanguardista são-paulino coincida com os dois anos de jejum de títulos depois de um dos períodos mais vitoriosos da história do clube (entre 2005 e 2008 o São Paulo venceu um Paulistão, uma Libertadores, um Mundial de clubes e três Campeonatos Brasileiros), a análise não tem a ver somente com resultados. Aliás, dá até mais atenção aos aspectos “fora de campo”.

Entre os exemplos de setores em que o clube já foi líder e hoje duela no mesmo nível com muitos adversários estão a força no mercado de transferências, ações de marketing, posições políticas e uso do estádio. Usando um ditado popular, é como dizer que há alguns anos o São Paulo até poderia se considerar o rei com um olho numa terra de cegos. Mas não dá para negar que recentemente outros passaram a enxergar mais longe.



Foto: Vipcomm

O presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, ficou inconformado com a exclusão do Morumbi para a Copa de 2014



Corinthians, Fluminense e Internacional talvez sejam os melhores exemplos de clubes que se deram bem apostando em soluções inovadoras até hoje quase ignoradas pelo São Paulo. No caso dos dois primeiros, especialmente em relação às parcerias com empresas para viabilizar financeiramente grandes contratações. E no caso da equipe gaúcha, em relação ao programa de benefícios aos sócios, que garantem saúde financeira e jogos com arquibancadas cheias.

Com 75 anos recém-completados (a fundação definitiva aconteceu em 16 de dezembro de 1935, depois da falência do chamado São Paulo da Floresta), o São Paulo continua, indiscutivelmente, entre os maiores times do país, seja em relação a títulos, patrimônio ou torcida. Mas será que seus dirigentes e torcedores ainda podem se orgulhar da postura pioneira de outros tempos?

Estádio

Foi uma das grandes decepções para os são-paulinos em 2010, ao lado da eliminação na semifinal da Copa Libertadores diante do Internacional. Desde o anúncio da escolha do Brasil como sede da Copa de 2014, era dado como certo que o estádio do Morumbi seria a arena paulista durante o Mundial, o que acabou descartado depois de uma série de polêmicas com a CBF e com a Fifa.



Foto: Divulgação

Um dos projetos do Morumbi para a Coa 2014, que foi rejeitado pela Fifa






Todos os projetos enviados pelo São Paulo à entidade máxima do futebol voltaram com críticas, considerados insuficientes para sediar mais que jogos da primeira fase e das oitavas de final da Copa. Como a pretensão era receber a abertura e uma das semifinais do torneio, o Morumbi foi preterido. Pior: agora, o estádio escolhido pela Fifa para a Copa em São Paulo é a futura arena do rival Corinthians, em Itaquera.

É inegável a importância do Morumbi para o São Paulo atualmente. Depois de muitos anos dando prejuízo, em 2009 o estádio rendeu mais de R$ 20 milhões de lucro e em 2010 a esperança é de que essa marca ultrapasse os R$ 30 milhões. Mesmo não alugando mais o local para jogos dos rivais Corinthians e Palmeiras, a receita vem aumentando com o bom número de shows realizados lá. Mas o fato é que o sonho de sediar a Copa do Mundo, grande objetivo de Juvenal Juvêncio, ficou no passado.

Transferências/contratações

Com o fim da lei do passe, os clubes brasileiros demoraram a encontrar a melhor forma de reforçar seus elencos. E o São Paulo foi um dos que melhor aprendeu as novas nuances do mercado. O time campeão mundial em 2005 (e base do tricampeonato brasileiro nos anos seguintes) era formado em grande parte por jogadores que chegaram com custo quase zero. Alguns exemplos? Fabão, Lugano, Danilo, Amoroso, Mineiro e Josué, para ficar somente entre campeões mundiais.
Esse modelo, de priorizar contratações de jogadores em fim de contrato, porém, se tornou comum e a grande concorrência hoje inflaciona as negociações com jogadores nessa situação. Assim, a estratégia de maior sucesso para montar bons elencos nos últimos anos tem sido a busca por parceiros econômico-financeiros. É o que já fazem, com sucesso, Corinthians e Fluminense.


No caso do rival paulista, os melhores exemplos foram as chegadas de Ronaldo, para a temporada 2009, e de Roberto Carlos, para 2010. Jogadores de renome internacional, só puderam ser contratados com ajuda de investidores e até ficando com cotas dos patrocínios de camisa. Já o Fluminense, atual campeão brasileiro, contou com o apoio da Unimed para trazer jogadores como Fred, Deco e Emerson, além do técnico Muricy Ramalho.



Foto: AE


O São Paulo não faz contratações bombásticas como o Corinthians, por exemplo, que trouxe Ronaldo em 2008, e Roberto Carlos em 2010





Hoje o São Paulo, sempre avesso a “loucuras”, já admite usar um modelo semelhante. É o que deve ser feito para garantir a chegada de um camisa 10, posição apontada como uma das mais carentes pelo técnico Paulo César Carpegiani. O banco BMG, atual patrocinador do time, seria um dos possíveis investidores, além de outras empresas ainda mantidas em sigilo pela direção.

Posições políticas
Já pode ser chamada de tradicional a divergência política entre o São Paulo e a CBF. Não à toa, essa é inclusive uma das principais razões apontadas para o fracasso da tentativa de confirmar o Morumbi como estádio paulista para a Copa do Mundo. Aspectos técnicos simplesmente não teriam feito diferença e qualquer projeto do clube seria negado enquanto Juvenal Juvêncio se posicionasse contrário a Ricardo Teixeira em assuntos como a presidência do Clube dos 13.
No entanto, se a oposição à CBF ainda pode ser considerada um mérito para o São Paulo, hoje o clube já não exerce a mesma postura ativa que tinha no final dos anos 80 na tentativa de mudar algo no cenário do futebol nacional. Se em 1987 o então presidente são-paulino Carlos Miguel Aidar liderou a criação do Clube dos 13 e da Copa União, hoje as divergências parecem atender mais a preocupações individuais do próprio clube.

Marketing/patrocínio
Quando o São Paulo anunciou, em janeiro, o fim do contrato com a LG, depois de quase nove anos de parceria, prometeu conseguir em pouco tempo o melhor patrocínio de camisa (em termos financeiros) do Brasil. A espera, no entanto, prosseguiu até setembro. E quando o acordo com o BMG (que vai até julho de 2011) foi firmado, os valores do contrato nunca foram divulgados oficialmente, mas não chegaram aos R$ 40 milhões pretendidos ao fim da relação com a empresa coreana.



Foto: Vipcomm


O São Paulo, do meia Marlos, passou boa parte de 2010 sem exibir patrocínio em seu uniforme




Aqui a comparação mais uma vez é com o Corinthians. A equipe do Parque São Jorge estampou diversos logotipos em sua camisa ao longo do ano e, com isso, teve uma receita de patrocínio quase 30% maior que a do São Paulo. Segundo estudo divulgado pela consultoria Trevisan Gestão do Esporte, o Corinthians ganhou no total R$ 59,5 milhões na temporada 2010, ficando na liderança do ranking de maiores arrecadadores, contra R$ 46 milhões do São Paulo - o Flamengo, com R$ 57 milhões, foi o terceiro.
Relação com a torcida
Todas as pesquisas publicadas recentemente apontaram o São Paulo como dono da terceira maior torcida do país, atrás de Flamengo e Corinthians e na frente de Palmeiras e Vasco. Os números de consumo de produtos licenciados com a marca do clube são comemorados.
Mas tirando os jogos da Copa Libertadores, isso pouco se reflete nas arquibancadas. No Brasileirão 2010, por exemplo, a média de público foi de 14.700 por partida, contra mais de 27 mil por jogo do Corinthians e 23.500 do Ceará.

Nesse caso, no entanto, os melhores exemplos de ideias pioneiras que deram certo vem do Sul do país. Internacional e Grêmio, com programas de incentivo que os tornaram os clubes brasileiros com maior número de sócios-torcedores (100 mil e 50 mil, respectivamente, são as estimativas), aparecem entre os times com melhores públicos de todas as competições que disputam.
Categorias de base
Embora não tenham sido muitos os jogadores revelados pelo São Paulo nos últimos anos, este é o item do qual o torcedor do clube mais pode se orgulhar atualmente. Com uma estrutura completa no CFA (Centro de Formação de Atletas) de Cotia, a expectativa é de que o número de “pratas da casa” aproveitados no time principal e vendidos para o exterior aumente muito nos próximos anos.
Em 2010, o clube do Morumbi conquistou o tricampeonato com a equipe comandada por Sérgio Baresi - que ainda assumiria interinamente a equipe principal -, ficando atrás apenas de Corinthians, Fluminense e Internacional entre os maiores vencedores do torneio.




Foto: Vipcomm

A garotada do São Paulo comemora o título da Copa São Paulo de juniores de 2010



Neste caso, contudo, mais importante que títulos são os jogadores revelados. E nesse aspecto, o resultado começou a surgir em agosto. Subiram para o time profissional jogadores como Lucas, Casemiro, Lucas Gaúcho, Bruno Uvini e Zé Vitor, sendo que os quatro primeiros foram convocados para a seleção sub-20 que disputará o Sul-Americano da categoria no Peru em 2011.

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