Sergio Baresi assumiu o São Paulo como interino, mas vai se segurando, mesmo sem a vivência e o “estofo” necessários, pelo alto nível de exigência do presidente Juvenal Juvêncio em relação às opções de técnico no mercado. Os resultados ainda não são os esperados e a 13ª posição na tabela é decepcionante, principalmente para um gigante que se classificou para as últimas seis Libertadores.
Mas a primeira vitória do tricolor paulista com o novo treinador depois da boa atuação no empate com Fluminense no Maracanã indica que a tendência é que o comandante seja efetivado, mesmo sem contar com plena confiança dentro do clube. Se for confirmado no cargo, o técnico seguirá com a salutar, mas dura tarefa de mudar o estilo são-paulino.
Depois dos quase quatro anos do “Muricybol” implantado pelo seu criador e mantido, ainda que a contragosto, por Ricardo Gomes, Baresi tenta deixar de lado o pragmatismo, as ligações diretas e as bolas aéreas em profusão para resgatar um estilo mais leve e solto no São Paulo. Mais Telê e Cilinho que Rubens Minelli e Muricy. Com velocidade, toque fácil e constantes deslocamentos, como atuavam os times do jovem técnico na base.
Por conta das ausências de Fernandão e Ricardo Oliveira, a intenção se transformou em necessidade no Morumbi e, sem uma referência na área adversária, a equipe teve que colocar a bola no chão para superar o cauteloso Atlético-GO, que recuava suas linhas e fechava a entrada da área. Foi difícil.
No 4-3-1-2 com Marcelinho se aproximando de Fernandinho e o improvisado Marlos, o time centralizou demais as jogadas e, quando chegava à linha de fundo, faltava o habitual ponto de referência entre os zagueiros. Com os atacantes abrindo instintivamente pelos lados, a equipe viveu de ações individuais e…da bola aérea. Na única bem executada, Jean recebeu cobrança de escanteio pela esquerda, lado mais forte da equipe com Júnior César e Jorge Wágner, e centrou para cabeçada certeira de Xandão e seu 1,93 m de altura no gol único do primeiro tempo.
René Simões mexeu bem no intervalo. Desfez o 4-2-3-1 com as entradas de Agenor e Juninho nas vagas de Weslley e Marcão e, no 4-3-2-1 que melhorou a produção do time goiano nas últimas partidas, equilibrou a disputa no meio-campo e deu ainda mais liberdade a Elias. Na primeira boa jogada do camisa dez, que passou a flutuar às costas de laterais e volantes, passe precioso para Juninho driblar Ceni e empatar.
O pecado dos visitantes foi o clichê de sempre: recuar demais na intenção de segurar o empate e tentar a vitória num contragolpe. Com Dagoberto na vaga do contundido Fernandinho, o São Paulo ocupou o campo de ataque e tentou entrar trocando passes. Com o caminho bastante obstruído, o time voltou a buscar os dribles, mas pelo centro. Só ameaçou na bela jogada de Marcelinho que não teve conclusão à altura.
Instintivamente, o tricolor passou a forçar o “abafa” com seguidos cruzamentos. Num deles, Marlos achou Dagoberto, que se embolou com o lateral Victor Ferraz (lance duvidoso) e testou no canto de Márcio. E o time que queria ganhar tocando marcou seus gols com a prática de sempre. Contra o Flu, a equipe já tinha trabalhado melhor a bola, mas os tentos saíram na cobrança de falta de Ceni e na cabeçada de Fernandão. Uma questão de repetição de movimentos.
Difícil imaginar o futuro de Baresi no São Paulo. Questionado por métodos pouco usuais e um jeito menos “boleiro”, o técnico tem um duplo desafio: mudar o jeito de jogar de uma equipe sem direito a tropeço. Experimentar, mas vencer para calar os críticos dentro e fora do clube. Convencer os próprios comandados com vitórias.
Definitivamente, não vai ser fácil, mesmo com o reforço de Ilsinho e o retorno dos atacantes. O time ainda deve seguir suas tendências naturais por algum tempo. Mas se o treinador conseguir deixar o legado da volta de um futebol mais agradável ao Morumbi, a aposta terá valido a pena.
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