LANCENET!: Hoje, quem tira mais seu sono, Giuliano Bertolucci ou Jérôme Valcke?
JUVENAL JUVÊNCIO: Ah, o Giuliano é uma coisa passageira. Não tira o sono. Temos um corpo jurÃdico competente e a verdade. Ela pode até demorar para ser cristalizada, mas é um episódio que vou vencer, se não hoje, será amanhã. Como você forma um jogador e depois não o tem? A moda está pegando, teve um no Sul (Walter, do Internacional), uma briga do Perrella. Temos 170 moleques em Cotia e cinco ou seis com participação de empresários nos direitos. Tenho informações seguras que muitos clubes têm 100% da base corroÃda. Há clubes de menor expressão com jogadores trazidos por empresários na condição de jogar. Ele paga uma parte do salário, mas o técnico é obrigado a escalar. Isso está corroendo a base do futebol. Quando o São Paulo luta bravamente, defende o futebol brasileiro. Os outros clubes, que criticam, deviam aplaudir. O Presidente da República me disse que precisamos de uma legislação para coibir o êxodo dos garotos. É difÃcil porque há o direito constitucional de ir e vir. Mas isso está se avolumando de tal sorte que o Perrella fala em parar de formar jogadores. É muito grave. Estamos lutando com dois, três casos, os clubes certamente irão ao fórum copiar o que fizemos, e fazem muito bem. Queremos segurar nossos atletas, fazer um contrato, mas o empresário tira o jogador, leva não sei aonde. Isso vai se expandir e uma hora tem de haver um basta.
L!: O senhor vai continuar esperando pelos três (Oscar, Diogo e Lucas Piazon)?
J.J.: Vou, tranquilamente. Já fiz meu exercÃcio de paciência, se demorar um ano está bom. Vigio juridicamente o processo e o resto eu deixo.
L!: Não acha que depois de um ano a carreira deles pode ter acabado?
J.J.: Pode ser. Mas não tenho para onde correr. O garoto levanta de manhã e tem um hábito, vai para o campo. E agora, vai para onde? Não pode treinar em outro clube porque tem contrato conosco, como faz o exercÃcio, como é o dia-a-dia? Como vê na televisão os colegas jogando? É um martÃrio, um problema de escravatura. Mas essa posição firme do São Paulo levará a uma nova tomada de posição. O São Paulo resistiu, lutou, está higienizando o processo. Não só na consciência das pessoas, dos dirigentes, mas também na do próprio legislador, da Fifa. Porque a cada notÃcia de que um jogador meu está não sei onde, notifico o clube e a Fifa.
L!: Quantas notificações já fez neste processo? E foram clubes grandes?
J.J.: Já fiz sete ou oito só nesses três casos. O cara é notificado, a Fifa é avisada, as punições são severas. E até abril do próximo ano a Fifa vai acabar com esses empresários. É uma figura que a Fifa criou e vai acabar. Já notifiquei Siena, Chelsea, Manchester City, Porto, Benfica... E respondem fortemente, dizem que não é verdade, não procede. Estão se resguardando, dizem que jamais pensaram nisso. Na verdade, significa que jamais pensarão nisso (risos).
L!: Acha que esses garotos ainda vingarão? E os que seguem no São Paulo, são bons?
J.J.: Esses três que estão em litÃgio vingarão, mas precisam jogar. E os moleques que ficaram vão crescer muito, estão amadurecendo rapidamente. Daqui a pouco entrarão no time e, oxalá, vão ficar.
L!: O senhor vê talentos especiais em alguns jovens da equipe?
J.J.: Até vejo, mas não nomino para não fazer comparações que ficam negativas internamente. Mas vejo com clareza em mais de um.
L!: Desde 2005, quando o CT de Cotia foi inaugurado, só o Breno se firmou entre os titulares. Não é pouco?
J.J.: A formação de jogadores é sazonal, não é programada. Os talentos surgem aqui, acolá, começam cedo. Outros são mais lentos, é um exercÃcio complicado. Mas nossa base de 13 a 15 anos é uma excelência e esse time vai aflorar com muita força. Além do pessoal que ganhou a Copinha, ali temos pelo menos três ou quatro talentos.
L!: O Marcelinho é um deles? O Wagner Ribeiro está dando trabalho com ele?
J.J.: É um deles, mas comigo não dá trabalho porque aqui não tem conversa e ele sabe disso. Ele fala lá na outra esquina, aqui não. O Marcelinho é um jogador que promete, mas tem de evoluir. Acreditamos que temos um bom trabalho, mas é preciso paciência.
L!: De onde vem disposição para cuidar da base, do time principal, do Morumbi?
J.J.: Vou falar uma coisa que você não acredita. Fiz Cotia em 11 meses e fui lá todos os dias. Sábado, domingo, feriado, Natal e primeiro de ano. Em 11 meses, coloquei gente lá. As obras continuam, há o hotel, um mini estádio, um Reffis fantástico. Estava vendo o programa da grama sintética. Se não cuidar, não sai. Por isso é uma obra formidável. O presidente do Once Caldas disse que precisa passar um dia em Cotia. É bem pensado, administrado, há um programa escolar, de assistência dentária, médica, social, psicológica.
L!: E o senhor acompanha o programa escolar?
J.J.: Sei porque são premiados. E os que vão mal têm aula de reposição. Quando inauguramos Cotia, no segundo dia me ligaram porque fulano não queria ir à escola. Disse que estava lá para jogar. Rua! Vai embora! Nunca mais outro disse isso. O Rincón, rapaz que mandamos embora e não virou nada, era fortão e na fila da comida colocava o pé na parede. A nutricionista dizia que não podia, ele colocava. A primeira pena foram 30 dias sem comer lá. Treina e come na rua. Disciplina é importante. Esses jovens têm telefone, muita energia, se você não controla... Aquilo é um quartel. Um quartel-generoso.
L!: E o senhor é o coronel? Sei que muita gente o chama assim.
J.J.: Coronel no sentido do interior, que gosta de mandar. Só uma meia dúzia fala isso. É raro.
L!: Quem são os melhores jogador, técnico e dirigente do paÃs?
J.J.: Não vou falar nenhum. Não posso falar o que me compromete (risos). No Código Penal há um dispositivo que te permite não se acusar.
JUVENAL JUVÊNCIO: Ah, o Giuliano é uma coisa passageira. Não tira o sono. Temos um corpo jurÃdico competente e a verdade. Ela pode até demorar para ser cristalizada, mas é um episódio que vou vencer, se não hoje, será amanhã. Como você forma um jogador e depois não o tem? A moda está pegando, teve um no Sul (Walter, do Internacional), uma briga do Perrella. Temos 170 moleques em Cotia e cinco ou seis com participação de empresários nos direitos. Tenho informações seguras que muitos clubes têm 100% da base corroÃda. Há clubes de menor expressão com jogadores trazidos por empresários na condição de jogar. Ele paga uma parte do salário, mas o técnico é obrigado a escalar. Isso está corroendo a base do futebol. Quando o São Paulo luta bravamente, defende o futebol brasileiro. Os outros clubes, que criticam, deviam aplaudir. O Presidente da República me disse que precisamos de uma legislação para coibir o êxodo dos garotos. É difÃcil porque há o direito constitucional de ir e vir. Mas isso está se avolumando de tal sorte que o Perrella fala em parar de formar jogadores. É muito grave. Estamos lutando com dois, três casos, os clubes certamente irão ao fórum copiar o que fizemos, e fazem muito bem. Queremos segurar nossos atletas, fazer um contrato, mas o empresário tira o jogador, leva não sei aonde. Isso vai se expandir e uma hora tem de haver um basta.
L!: O senhor vai continuar esperando pelos três (Oscar, Diogo e Lucas Piazon)?
J.J.: Vou, tranquilamente. Já fiz meu exercÃcio de paciência, se demorar um ano está bom. Vigio juridicamente o processo e o resto eu deixo.
L!: Não acha que depois de um ano a carreira deles pode ter acabado?
J.J.: Pode ser. Mas não tenho para onde correr. O garoto levanta de manhã e tem um hábito, vai para o campo. E agora, vai para onde? Não pode treinar em outro clube porque tem contrato conosco, como faz o exercÃcio, como é o dia-a-dia? Como vê na televisão os colegas jogando? É um martÃrio, um problema de escravatura. Mas essa posição firme do São Paulo levará a uma nova tomada de posição. O São Paulo resistiu, lutou, está higienizando o processo. Não só na consciência das pessoas, dos dirigentes, mas também na do próprio legislador, da Fifa. Porque a cada notÃcia de que um jogador meu está não sei onde, notifico o clube e a Fifa.
L!: Quantas notificações já fez neste processo? E foram clubes grandes?
J.J.: Já fiz sete ou oito só nesses três casos. O cara é notificado, a Fifa é avisada, as punições são severas. E até abril do próximo ano a Fifa vai acabar com esses empresários. É uma figura que a Fifa criou e vai acabar. Já notifiquei Siena, Chelsea, Manchester City, Porto, Benfica... E respondem fortemente, dizem que não é verdade, não procede. Estão se resguardando, dizem que jamais pensaram nisso. Na verdade, significa que jamais pensarão nisso (risos).
L!: Acha que esses garotos ainda vingarão? E os que seguem no São Paulo, são bons?
J.J.: Esses três que estão em litÃgio vingarão, mas precisam jogar. E os moleques que ficaram vão crescer muito, estão amadurecendo rapidamente. Daqui a pouco entrarão no time e, oxalá, vão ficar.
L!: O senhor vê talentos especiais em alguns jovens da equipe?
J.J.: Até vejo, mas não nomino para não fazer comparações que ficam negativas internamente. Mas vejo com clareza em mais de um.
L!: Desde 2005, quando o CT de Cotia foi inaugurado, só o Breno se firmou entre os titulares. Não é pouco?
J.J.: A formação de jogadores é sazonal, não é programada. Os talentos surgem aqui, acolá, começam cedo. Outros são mais lentos, é um exercÃcio complicado. Mas nossa base de 13 a 15 anos é uma excelência e esse time vai aflorar com muita força. Além do pessoal que ganhou a Copinha, ali temos pelo menos três ou quatro talentos.
L!: O Marcelinho é um deles? O Wagner Ribeiro está dando trabalho com ele?
J.J.: É um deles, mas comigo não dá trabalho porque aqui não tem conversa e ele sabe disso. Ele fala lá na outra esquina, aqui não. O Marcelinho é um jogador que promete, mas tem de evoluir. Acreditamos que temos um bom trabalho, mas é preciso paciência.
L!: De onde vem disposição para cuidar da base, do time principal, do Morumbi?
J.J.: Vou falar uma coisa que você não acredita. Fiz Cotia em 11 meses e fui lá todos os dias. Sábado, domingo, feriado, Natal e primeiro de ano. Em 11 meses, coloquei gente lá. As obras continuam, há o hotel, um mini estádio, um Reffis fantástico. Estava vendo o programa da grama sintética. Se não cuidar, não sai. Por isso é uma obra formidável. O presidente do Once Caldas disse que precisa passar um dia em Cotia. É bem pensado, administrado, há um programa escolar, de assistência dentária, médica, social, psicológica.
L!: E o senhor acompanha o programa escolar?
J.J.: Sei porque são premiados. E os que vão mal têm aula de reposição. Quando inauguramos Cotia, no segundo dia me ligaram porque fulano não queria ir à escola. Disse que estava lá para jogar. Rua! Vai embora! Nunca mais outro disse isso. O Rincón, rapaz que mandamos embora e não virou nada, era fortão e na fila da comida colocava o pé na parede. A nutricionista dizia que não podia, ele colocava. A primeira pena foram 30 dias sem comer lá. Treina e come na rua. Disciplina é importante. Esses jovens têm telefone, muita energia, se você não controla... Aquilo é um quartel. Um quartel-generoso.
L!: E o senhor é o coronel? Sei que muita gente o chama assim.
J.J.: Coronel no sentido do interior, que gosta de mandar. Só uma meia dúzia fala isso. É raro.
L!: Quem são os melhores jogador, técnico e dirigente do paÃs?
J.J.: Não vou falar nenhum. Não posso falar o que me compromete (risos). No Código Penal há um dispositivo que te permite não se acusar.
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