Futebol é um grande negócio e precisa gerar lucros para que um clube consiga manter sua receita ao longo do ano. Neste cenário, as rendas são parte fundamental para que não aconteçam atrasos salariais e estruturais. No Campeonato Brasileiro, o time que mais arrecadou até agora foi o Flamengo, que, em 18 partidas no Maracanã, recebeu R$ 12.524.609,00 graças à sua torcida, cerca de R$ 695.811,61 por partida.
Uma particularidade, no entanto, mostra que o clube rubro-negro poderia lucrar mais ainda se seguisse os exemplos de Corinthians e Palmeiras, segundo e terceiro colocados no ranking de arrecadação na competição. Se dividirmos o total de renda pelo público acumulado, a média de preço de ingressos do Fla é de R$ 17,14, enquanto a do Verdão é de R$ 36,28 e a do Timão de R$ 32,89. Confira a tabela completa abaixo:
Média de preço de ingressos Palmeiras R$ 36,28
Corinthians R$ 32,89
Santo André R$ 26,18
São Paulo R$ 24,17
Vitória R$ 21,34
Atlético-PR R$ 19,91
Grêmio R$ 19,09
Barueri R$ 17,55
Cruzeiro R$ 17,17
Flamengo R$ 17,14
Santos R$ 16,74
Internacional R$ 16,71
Coritiba R$ 16,26
Goiás R$ 15,96
Atlético-MG R$ 14,30
Botafogo R$ 13,41
Fluminense R$ 11,77
Náutico R$ 11,47
Sport R$ 11,09
Avaà R$ 7,65
O coordenador de arrecadação e fiscalização do Flamengo, Flávio Pereira, acredita que, de fato, o clube deveria pensar em lucrar mais com a renda nos estádios, desde que tenha responsabilidade.
- Acho que o preço praticado no Rio não chega a ser baratinho, mas hoje está defasado e precisa ser revisto. Se você levar em conta o custo do estádio, as gratuidades praticadas aqui para menores de 12 e maiores de 60 anos, que, em outros lugares, pagam meia-entrada, há uma série de complicações. O ingresso mais barato para o show da Madonna custou R$ 200, uma ópera no Teatro Municipal é R$ 300 e o cinema, que não tem ninguém ao vivo no local, está em média R$ 30. Mas, quando você aumenta um pouco o ingresso, a imprensa faz um estardalhaço, e depois o Ministério Público vem pedir explicações - lamentou Flávio Pereira.
No Rio, Botafogo e Fluminense têm médias de ingressos ainda mais baixas de R$ 13,41 e R$ 11,77, respectivamente. Para Pereira, o fato de mandar seus jogos no Engenhão, estádio arrendado junto à prefeitura do Rio, permite ao Botafogo baratear as entradas. Pelos lados do Tricolor das Laranjeiras, o dirigente do Fla acredita que a má campanha da equipe no Brasileirão pode ter sido um fator decisivo. Para não jogar no Maracanã vazio na luta contra a degola, o clube decidiu diminuir o preço dos bilhetes para ter mais apoio dos torcedores em detrimento de uma boa renda.
Em São Paulo, Fábio Raiol, diretor financeiro do Palmeiras, explicou o porquê dos ingressos serem mais caros em média no Palestra Itália do que em todas as outras praças esportivas utilizadas na Série A do Brasileirão.
- A decisão de cobrar mais caro pelos ingressos foi tomada por causa do baixo número de assentos disponÃveis no Palestra Itália. São entre 23 e 24 mil lugares. Como tÃnhamos uma necessidade de fazer caixa para manter um time competitivo, subimos o preço. Poderemos resolver isso com a construção da Arena Palmeiras com diversificação de setores, alguns mais caros como camarotes, outros mais baratos - contou Fábio.
O diretor palmeirense acredita que o Corinthians no Pacaembu siga o mesmo raciocÃnio com um agravante, já que o campo é municipal e há taxas obrigatórias que o Verdão não paga, por exemplo, por utilizar um estádio próprio. Para Raiol, a venda de ingressos vem aumentando a sua fatia de participação na receita a cada temporada.
- A renda é muito importante. Até pouco tempo atrás, os valores arrecadados eram irrisórios. No Brasil, um ingresso custava em média U$ 6 (R$ 10,35), enquanto na Europa e nos Estados Unidos girava em torno de U$ 40 (R$ 69,02). Hoje em dia, 14% da nossa receita no futebol vêm da renda no estádio - complementou. Vale ressaltar que a média geral de preço no Brasileirão é de R$ 18,35.
Outro caso que merece destaque é o do Santo André. Em sua primeira temporada na Série A, a diretoria seguiu a lógica de "estádio pequeno, ingresso caro". A maior parte dos jogos no Bruno José Daniel tiveram o ingresso de R$ 30 como o mais barato, sem contar a meia-entrada. Com isso, o Ramalhão tem a terceira maior média de preço do Brasileirâo: R$ 26,18, maior até que a do São Paulo. O gerente administrativo Alessandro Gonçalves explicou os motivos desta decisão da diretoria andreense.
- Temos a dificuldade do próprio estádio com poucos lugares. São cerca de 15 mil. Na média, adotamos um valor para buscar o equilÃbrio, e que já vinha sendo praticado no Campeonato Paulista: R$ 30. Quando baixamos para R$ 20, não tivemos o retorno esperado, porque o time já estava numa situação complicada. Os jogos contra Corinthians (em São José do Rio Preto) e São Paulo (em Ribeirão Preto) foram administrados por uma empresa de fora, que definiu até preços mais altos - explicou o dirigente do clube do ABC paulista.
Já o Atlético-MG, que foi o clube que mais levou torcedores ao estádio no Brasileirão 2009, cobra em média R$ 14,30 pelas entradas. Cerca de 730 mil atleticanos prestigiaram o clube do coração no Mineirão neste ano, mas o clube deixou de lucrar com estas rendas. Mesmo assim, o Galo é o quinto que mais arrecadou na competição.
CLUBE TOTAL ARRECADADO MÉDIA DE RENDA
Flamengo R$ 12.524.609,00 R$ 695.811,61
Corinthians R$ 11.785.348,00 R$ 654.741,56
Palmeiras R$ 11.777.855,34 R$ 654.325,30
São Paulo R$ 11.334.435,50 R$ 629.690,86
Atlético-MG R$ 10.450.917,00 R$ 580.606,50
Cruzeiro R$ 6.701.918,16 R$ 372.328,79
Grêmio R$ 6.181.067,00 R$ 343.392,61
Atlético-PR R$ 5.729.375,00 R$ 318.298,61
Internacional R$ 5.268.831,00 R$ 292.712,83
Vitória R$ 5.259.910,00 R$ 292.217,22
Coritiba R$ 4.700.370,00 R$ 261.131,67
Fluminense R$ 4.313.880,50 R$ 239.660,03
Sport R$ 3.705.246,00 R$ 205.847,00
Goiás R$ 3.165.507,50 R$ 175.861,53
Botafogo R$ 3.142.065,00 R$ 174.559,17
Náutico R$ 2.896.435,00 R$ 160.913,06
Santos R$ 2.831.286,00 R$ 157.293,67
Santo André R$ 2.354.747,00 R$ 130.819,28
Avaà R$ 1.390.925,00 R$ 77.273,61
Barueri R$ 1.200.230,00 R$ 66.679,44
Dinheiro das rendas nem sempre retorna ao futebol
Mas para onde vai esse dinheiro todo? Historicamente, clubes sociais criaram departamentos de futebol, que são vinculados ao todo e não independentes como poderiam ser para gerir a sua própria receita. Isso faz com que o Palmeiras, por exemplo, tenha que cobrir eventuais despesas do clube que nada tenham a ver com futebol com os lucros de rendas ou patrocÃnios.
- O ideal era reverter todo esse dinheiro para o futebol, melhorando o CT e pagando os salários dos profissionais. Mas a realidade dos clubes sociais é diferente. O Palmeiras até tem uma boa receita social, que, infelizmente, não é o suficiente para cobrir o déficit do clube. E, ao contrário do que muitos falam sem saber, o futebol alviverde é superavitário e acaba tendo que ajudar outros setores - disse Fábio Raiol.
No Flamengo, a situação não é muito diferente tanto que apenas um setor financeiro cuida tanto do clube social quanto do futebol rubro-negro.
- Esse dinheiro vai para o nosso departamento de finanças, que decide as prioridades no clube para distribuir a renda. Não necessariamente essa arrecadação vai para o futebol - afirmou Flávio Pereira.
Também clube social, o Santo André profissionalizou o seu departamento de futebol e, mesmo sem uma renda expressiva, há, ao menos, a certeza de que o dinheiro foi usado na equipe e na estrutura por trás dos atletas e da comissão técnica.
Uma particularidade, no entanto, mostra que o clube rubro-negro poderia lucrar mais ainda se seguisse os exemplos de Corinthians e Palmeiras, segundo e terceiro colocados no ranking de arrecadação na competição. Se dividirmos o total de renda pelo público acumulado, a média de preço de ingressos do Fla é de R$ 17,14, enquanto a do Verdão é de R$ 36,28 e a do Timão de R$ 32,89. Confira a tabela completa abaixo:
Média de preço de ingressos Palmeiras R$ 36,28
Corinthians R$ 32,89
Santo André R$ 26,18
São Paulo R$ 24,17
Vitória R$ 21,34
Atlético-PR R$ 19,91
Grêmio R$ 19,09
Barueri R$ 17,55
Cruzeiro R$ 17,17
Flamengo R$ 17,14
Santos R$ 16,74
Internacional R$ 16,71
Coritiba R$ 16,26
Goiás R$ 15,96
Atlético-MG R$ 14,30
Botafogo R$ 13,41
Fluminense R$ 11,77
Náutico R$ 11,47
Sport R$ 11,09
Avaà R$ 7,65
O coordenador de arrecadação e fiscalização do Flamengo, Flávio Pereira, acredita que, de fato, o clube deveria pensar em lucrar mais com a renda nos estádios, desde que tenha responsabilidade.
- Acho que o preço praticado no Rio não chega a ser baratinho, mas hoje está defasado e precisa ser revisto. Se você levar em conta o custo do estádio, as gratuidades praticadas aqui para menores de 12 e maiores de 60 anos, que, em outros lugares, pagam meia-entrada, há uma série de complicações. O ingresso mais barato para o show da Madonna custou R$ 200, uma ópera no Teatro Municipal é R$ 300 e o cinema, que não tem ninguém ao vivo no local, está em média R$ 30. Mas, quando você aumenta um pouco o ingresso, a imprensa faz um estardalhaço, e depois o Ministério Público vem pedir explicações - lamentou Flávio Pereira.
No Rio, Botafogo e Fluminense têm médias de ingressos ainda mais baixas de R$ 13,41 e R$ 11,77, respectivamente. Para Pereira, o fato de mandar seus jogos no Engenhão, estádio arrendado junto à prefeitura do Rio, permite ao Botafogo baratear as entradas. Pelos lados do Tricolor das Laranjeiras, o dirigente do Fla acredita que a má campanha da equipe no Brasileirão pode ter sido um fator decisivo. Para não jogar no Maracanã vazio na luta contra a degola, o clube decidiu diminuir o preço dos bilhetes para ter mais apoio dos torcedores em detrimento de uma boa renda.
Em São Paulo, Fábio Raiol, diretor financeiro do Palmeiras, explicou o porquê dos ingressos serem mais caros em média no Palestra Itália do que em todas as outras praças esportivas utilizadas na Série A do Brasileirão.
- A decisão de cobrar mais caro pelos ingressos foi tomada por causa do baixo número de assentos disponÃveis no Palestra Itália. São entre 23 e 24 mil lugares. Como tÃnhamos uma necessidade de fazer caixa para manter um time competitivo, subimos o preço. Poderemos resolver isso com a construção da Arena Palmeiras com diversificação de setores, alguns mais caros como camarotes, outros mais baratos - contou Fábio.
O diretor palmeirense acredita que o Corinthians no Pacaembu siga o mesmo raciocÃnio com um agravante, já que o campo é municipal e há taxas obrigatórias que o Verdão não paga, por exemplo, por utilizar um estádio próprio. Para Raiol, a venda de ingressos vem aumentando a sua fatia de participação na receita a cada temporada.
- A renda é muito importante. Até pouco tempo atrás, os valores arrecadados eram irrisórios. No Brasil, um ingresso custava em média U$ 6 (R$ 10,35), enquanto na Europa e nos Estados Unidos girava em torno de U$ 40 (R$ 69,02). Hoje em dia, 14% da nossa receita no futebol vêm da renda no estádio - complementou. Vale ressaltar que a média geral de preço no Brasileirão é de R$ 18,35.
Outro caso que merece destaque é o do Santo André. Em sua primeira temporada na Série A, a diretoria seguiu a lógica de "estádio pequeno, ingresso caro". A maior parte dos jogos no Bruno José Daniel tiveram o ingresso de R$ 30 como o mais barato, sem contar a meia-entrada. Com isso, o Ramalhão tem a terceira maior média de preço do Brasileirâo: R$ 26,18, maior até que a do São Paulo. O gerente administrativo Alessandro Gonçalves explicou os motivos desta decisão da diretoria andreense.
- Temos a dificuldade do próprio estádio com poucos lugares. São cerca de 15 mil. Na média, adotamos um valor para buscar o equilÃbrio, e que já vinha sendo praticado no Campeonato Paulista: R$ 30. Quando baixamos para R$ 20, não tivemos o retorno esperado, porque o time já estava numa situação complicada. Os jogos contra Corinthians (em São José do Rio Preto) e São Paulo (em Ribeirão Preto) foram administrados por uma empresa de fora, que definiu até preços mais altos - explicou o dirigente do clube do ABC paulista.
Já o Atlético-MG, que foi o clube que mais levou torcedores ao estádio no Brasileirão 2009, cobra em média R$ 14,30 pelas entradas. Cerca de 730 mil atleticanos prestigiaram o clube do coração no Mineirão neste ano, mas o clube deixou de lucrar com estas rendas. Mesmo assim, o Galo é o quinto que mais arrecadou na competição.
CLUBE TOTAL ARRECADADO MÉDIA DE RENDA
Flamengo R$ 12.524.609,00 R$ 695.811,61
Corinthians R$ 11.785.348,00 R$ 654.741,56
Palmeiras R$ 11.777.855,34 R$ 654.325,30
São Paulo R$ 11.334.435,50 R$ 629.690,86
Atlético-MG R$ 10.450.917,00 R$ 580.606,50
Cruzeiro R$ 6.701.918,16 R$ 372.328,79
Grêmio R$ 6.181.067,00 R$ 343.392,61
Atlético-PR R$ 5.729.375,00 R$ 318.298,61
Internacional R$ 5.268.831,00 R$ 292.712,83
Vitória R$ 5.259.910,00 R$ 292.217,22
Coritiba R$ 4.700.370,00 R$ 261.131,67
Fluminense R$ 4.313.880,50 R$ 239.660,03
Sport R$ 3.705.246,00 R$ 205.847,00
Goiás R$ 3.165.507,50 R$ 175.861,53
Botafogo R$ 3.142.065,00 R$ 174.559,17
Náutico R$ 2.896.435,00 R$ 160.913,06
Santos R$ 2.831.286,00 R$ 157.293,67
Santo André R$ 2.354.747,00 R$ 130.819,28
Avaà R$ 1.390.925,00 R$ 77.273,61
Barueri R$ 1.200.230,00 R$ 66.679,44
Dinheiro das rendas nem sempre retorna ao futebol
Mas para onde vai esse dinheiro todo? Historicamente, clubes sociais criaram departamentos de futebol, que são vinculados ao todo e não independentes como poderiam ser para gerir a sua própria receita. Isso faz com que o Palmeiras, por exemplo, tenha que cobrir eventuais despesas do clube que nada tenham a ver com futebol com os lucros de rendas ou patrocÃnios.
- O ideal era reverter todo esse dinheiro para o futebol, melhorando o CT e pagando os salários dos profissionais. Mas a realidade dos clubes sociais é diferente. O Palmeiras até tem uma boa receita social, que, infelizmente, não é o suficiente para cobrir o déficit do clube. E, ao contrário do que muitos falam sem saber, o futebol alviverde é superavitário e acaba tendo que ajudar outros setores - disse Fábio Raiol.
No Flamengo, a situação não é muito diferente tanto que apenas um setor financeiro cuida tanto do clube social quanto do futebol rubro-negro.
- Esse dinheiro vai para o nosso departamento de finanças, que decide as prioridades no clube para distribuir a renda. Não necessariamente essa arrecadação vai para o futebol - afirmou Flávio Pereira.
Também clube social, o Santo André profissionalizou o seu departamento de futebol e, mesmo sem uma renda expressiva, há, ao menos, a certeza de que o dinheiro foi usado na equipe e na estrutura por trás dos atletas e da comissão técnica.
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