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No Palmeiras, um velho problema são-paulino

O time desandou e, como sempre, o futebol exige os “culpados”.

Já é possível identificar alguns eleitos do torcedor e parte da mídia: Vagner Love e Diego Souza.

Claro que a frustração é projetada neles porque são melhores, mais capazes que os colegas do elenco.

Diego realmente caiu de produção. Love não está em boa fase.

Tanto é que J. Hawilla, presidente da Traffic, declarou durante a semana:

- Acho que está devendo, né? Todo mundo sabe disso. Não está jogando nada, não está jogando bem não.
- O Vagner Love ganha R$ 500 mil por mês e fez cinco gols (na verdade, o atacante marcou quatro gols no Campeonato Brasileiro). Para a nossa tristeza. O Ronaldo, além de encher o estádio, decide os jogos. Ele não leva uma vida de atleta, vai na churrascaria e está totalmente fora de forma. Mas tem tanto talento, que consegue decidir os jogos mesmo assim, falou Hawilla.

O tal velho problema

A razão da queda de rendimento de um e da baixa produtividade doutro é a mesma que fez, por exemplo, Washington não engrenar no São Paulo.

A bola não chega!

Repito a mesma pergunta que fazia nos tempos de Muricy no São Paulo.

Quantas vezes Love recebeu a gorduchinha na área, de frente para o zagueiro, mano a mano, ou ao menos em condições de dominá-la, mesmo de costas, para fazer o giro?

E Diego Souza, se matando na marcação e obrigado a tirar coelhos da cartola todos os jogos para o time conseguir os 3 pontos?

Na entrevista coletiva depois do empate contra o Sport, o treinador usou o velho argumento: falou que sente a ausência de um meia.

Mas…

Diego Souza quebra o galho ali, num híbrido de meia e atacante. Deivid Sacony merecia oportunidades quando Cleiton Xavier se machucou.

Mas elas foram dadas ao Marcão, Jumar, Jefferson, Sandro Silva…

Diego Souza volta para marcar, participa bastante dos jogos, e raramente recebe a gorduchina em condições de criar.

A válvula de escape tem sido o bom Figueroa na direita. Os adversários sabem disso e tentam anular os 2.

O entrave tático

Como a equipe vive de chutões para a área e os volantes não têm bom passe (ao contrário dos tempos de São Paulo), é preciso que alguém, lá na frente, consiga matar a bola e prendê-la até a aproximação dos companheiros. O famoso pivô.

Love faz isso bem, contudo pelo chão, não de costas e trombando com a zaga. Tem facilidade para tocar de primeira e tabelar, todavia não pode fazer tabelas sozinho.

Obina não sofre tanto com o choque, entrentanto sua dificuldade para dominar a bola e distribuir o jogo é grande.

E as cena se repete

Love vai quase no meio para receber a bola de costas no lançamento longo. Obina fica na área. Eles não se completam.

Por isso, quando Ortigoza entra, acaba fazendo alguma assistência. O paraguaio é guerreiro e sabe fazer o segundo atacante, não sofre para jogar aberto. Num time com gravíssimo problema de assistência, Ortigoza é luz.

Sem comparações

Vagner Love é melhor que Obina. Ele deveria ser o centroavante de área. Ao menos enquanto Cleiton Xavier não volta, Love e Ortigoza foram a dupla mais coerente para o time tentar ganhar volume ofensivo.

Consequências

Muita gente está insatisfeita com Muricy dentro do Palmeiras.

Um amigo bem próximo aos cartolas me disse que se o Palmeiras perder o título, dependendo de como for o fracasso, ele não prosseguirá em 2010 no Palestra Itália.

Na hora retruquei: – Ele tem contrato até o final do ano que vem, o Beluzzo não deixará isso acontecer. Seria incoerência. O Muricy demora mesmo para arrumar a casa…

Antes de eu conseguir acabar a frase meu amigo interrompeu – Deixa! Você está enganado.

Hoje o Painel do caderno de esportes da Folha de São Paulo publicou

Racha na cúpula

A performance de Muricy Ramalho à frente do Palmeiras colocou em rota de colisão alguns dos principais dirigentes do clube. O vice Gilberto Cipullo, que controla o futebol, não anda satisfeito com o técnico e tem sofrido toda a pressão pela queda do time. Ao lado de Cipullo está o dono da Traffic, J. Hawilla. Do outro lado, estão integrantes do “Muda Palmeiras”, que fizeram força para a queda de Vanderlei Luxemburgo e a chegada de Muricy. Há quem aposte que Cipullo e Muricy não chegam juntos ao final do Brasileiro.

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