Passo a maior parte do dia, quando não me arrumam reuniões, em frente do computador. Televisão e rádios ligados em programas esportivos, algum material de pesquisa ao lado, celular e um monte de papéis também compõem o cenário de busca das informações.

Preciso ficar de olho, pois o Juca esconde a pauta do programa. Entro no ar sem saber quais assuntos serão tratados.

Na segunda-feira, Muricy Ramalho foi, de longe, o mais elogiado na vitória palestrina.

Não compreendo como Diego Souza foi menos citado. Inclusive porque a entrada de Robert no lugar de Obina não pode ser considerada exatamente uma troca tática. Há maior diferença entre eles é técnica. Já escrevi isso aqui no blog, falei na CBN… Robert é melhor que Obina e deveria ser titular faz algum tempo.

As 13 rodadas de Muricy na liderança, já assumiu o time em primeiro lugar, e o tricampeonato pelo ex-clube foram os argumentos para elogiá-lo como o melhor da partida na Vila.

Muricy é competente, mestre em fazer sistemas defensivos fortes. Ainda necessita de algum tempo para fazer mais acertos no líder. O trabalho dele no Palestra merece elogios.

Mas a liderança com folga no brasileirão não se deve ao que ele faz no Palmeiras. Ela é consequência da má campanha de Muricy no São Paulo (usou o time reserva na maioria das vezes por causa da Libertadores). Os números mostram isso.

Quando falamos de desempenho numa competição por pontos corridos, os números são a referência do que funciona ou não. Muito simples: Quem soma mais termina com o título.

Depois de Muricy deixar o Morumbi, os retrospectos de Palmeiras e São Paulo são quase idênticos. Somaram 41 pontos cada após 12 vitórias 5 empates e 3 derrotas.

O Palestra, se a disputa tivesse começado ali, seria campeão por causa do saldo de gols. Fez 31 e sofreu 17 desde então, contra 30 marcados e 19 sofridos pelo atual tricampeão nacional.

E detalhe: o saldo de gols superior foi conseguido nas 7 rodadas sob o comando de Jorginho (15 feitos e 5 sofridos). Com Muricy, mesmo após atuar 13 vezes, o time fez 18 gols e levou 12.

Para comparar, Ricardo Gomes que pegou o São Paulo destruído, nos primeiros 13 jogos (mesmo número de Muricy) conseguiu 29 pontos.

Desde quando Muricy chegou no Palestra, nas 13 últimas rodadas do campeonato, o Alviverde somou 25 pontos, enquanto Gomes e seus comandados conseguiram 30.

A vantagem palmeirense de 5 pontos na classificação foi adquirida nas 6 rodadas em que Muricy defendeu o São Paulo. Naquele período, seu time fez 7 pontos contra 12 do Palmeiras de Luxa.

Antes de pegaram no meu pé, deixo claro que Muricy Ramalho está num patamar acima de Ricardo Gomes. O currículo deles tira qualquer dúvida. Nas últimas rodadas também acho que o Palmeiras tem apresentado futebol mais seguro que o são-paulino. Não será estranho se aumentar a diferença. O treinador merece elogios.

Também considero a participação de Luxa na campanha palestrina muito pequena.

Apenas quero mostrar este outro clichê discutido aqui no blog faz algum tempo. Há treinadores que na primeira oportunidade viram gênios. Por outro lado, se Celso Roth, dono do melhor trabalho no brasileirão tropeçar algumas vezes, volta todo aquele blablablá sobre a incapacidade dele.

Abaixo, separei as campanhas de Palmeiras e São Paulo com os treinadores neste brasileirão.

Palmeiras

Com Luxemburgo – 7 jogos – 12 pontos ( 11 gols marcados e 9 sofridos) -
Com Jorginho – 7 jogos – 16 pontos ( 15 gols marcados e 5 sofridos)
Com Muricy – 13 jogos – 25 pontos ( 18 gols marcados e 12 sofridos) – 60,1%
Total – 27 jogos – 53 pontos ( 44 gols marcados e 26 sofridos)

São Paulo

Com Muricy – 6 jogos – 7 pontos – ( 6 gols marcados e 4 sofridos)
Com Milton Cruz – 1 jogo – nenhum ponto – ( 1 gol marcado e 3 sofridos)
Com Ricardo Gomes – 20 jogos – 41 pontos – (30 gols marcados e 19 sofridos) – 68,3%
Total – 27 jogos – 48 pontos ( 37 gols marcados e 26 sofridos)