Fechado com as gestoras de investimentos Galapagos e Outfield, o São Paulo vota nesta terça-feira a criação de um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC). O objetivo é captar R$ 240 milhões para substituir a maior parte da dívida tricolor com bancos. O ge teve acesso ao contrato entre o clube e os terceiros. Em 13 páginas, foram estabelecidas as regras de funcionamento do fundo, que funciona como uma operação de crédito mais sofisticada do que um empréstimo convencional, pois passam a existir travas na governança.
Mudanças na governança Caso a operação seja aprovada pelo Conselho Deliberativo e vá adiante, em contrapartida ao dinheiro emprestado, o São Paulo fica limitado em relação a gastos e novas dívidas. As restrições são as seguintes: (a) Limite para gasto/investimento no futebol: o menor valor entre 50% da receita bruta anual e R$ 350 milhões; (b) Limite para salários da administração do clube: o menor valor entre 4% da receita bruta anual e R$ 25 milhões; (c) Vedação para novas dívidas, empréstimos ou obrigações financeiras em valor superior a R$ 10 milhões no mesmo trimestre, sem aprovação do comitê de crédito do fundo; (d) Vedação para cessão, desconto ou oneração de recebíveis (receitas futuras) de titularidade do clube, sem autorização do fundo; (e) Obrigação de apresentar superavit (lucro) ao final de todos os exercícios a partir do ano terminado em 31 de dezembro de 2025.
Essas regras tornam o FIDC são-paulino diferente de uma operação de crédito convencional. Nelas, os clubes pegam dinheiro emprestado com terceiros, mediante taxas de juros e garantias de pagamento, porém sem nenhuma alteração na sua própria maneira de administrar a verba. Para além da governança mais arrojada, o restante funciona tal qual um empréstimo comum.
A intenção de Julio Casares ao captar os R$ 240 milhões por meio do FIDC é reperfilar a dívida do São Paulo, isto é, usar o dinheiro para pagar dívidas antigas e concentrar o novo passivo em um único credor, com mais tempo para pagar e condições que a diretoria julga mais vantajosas. Aos conselheiros, o clube mostrará um panorama dos empréstimos em aberto com instituições financeiras. A dívida bancária tricolor estava em R$ 217 milhões ao término de 2023. Desse montante, a diretoria separou os contratos de 12 operações de crédito para a análise detalhada.
O prazo curto para o pagamento e os juros que incidem sobre as obrigações, que a diretoria do clube estima em R$ 38 milhões a R$ 48 milhões por ano, a depender de fatores da economia brasileira, são alguns dos problemas relacionados a esse tipo de endividamento. O pagamento antecipado desses empréstimos possui multas e penalidades. Mesmo assim, a direção são-paulina entende que os riscos passam a ser reduzidos ao concentrar o passivo em um credor só. Outra mudança está no aval do presidente Casares. Hoje, o dirigente participa dos empréstimos bancários existentes como garantidor em pessoa física. No FIDC, o São Paulo captaria os recursos dependendo unicamente de seus direitos creditórios, ou seja, suas receitas futuras.
@rodrigocapelo
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