Diante da bola levantada por Abel, volto a ouvir vozes que pareciam adormecidas. As vozes dos querem a extinção dos campeonatos estaduais. Os fantasmas de sempre. Vozes roucas, cavernosas, que amanhã já silenciam ao primeiro aceno de um razoável patrocínio. A pergunta é simples: a extinção dos certames estaduais dará mesmo ao calendário nacional a folga necessária? Acho difícil. Concordo com o comentarista, Wilton Bezerra. Segundo ele, no dia em que extinguirem os campeonatos estaduais, no mesmo dia surgirá outra competição. Basta um aceno com dólares. Pelo visto, a voz de Abel será apenas mais uma a pregar no deserto.
Contradição
Enquanto não forem extintos, os campeonatos estaduais continuarão sendo destruídos pela inanição. Interessante é que citam os certames estadias como algo ultrapassado e sem graça. Sim, mas quando um time é eliminado do “estadual” pelo maior rival, aí é um Deus nos acuda. E quase sempre o treinador perde o cargo.
Ladainha
O desejo de extinguir os campeonatos estaduais não é de hoje. É uma pregação antiga, muito defendida por alguns dirigentes, jogadores e treinadores. Se assim é, por que não conseguem tal extinção? Resposta simples: porque ainda há quem fature com esse tipo de competição. Enquanto isso ocorrer, os campeonatos estaduais sobreviverão, a despeito de todas as críticas.
Flexibilização
Fui um defensor intransigente dos campeonatos estaduais. Havia em mim um apego afetivo porque os campeonatos estaduais foram a origem de tudo. Berço de tantas histórias e tradições. Hoje, já não sou tão intransigente. Estou vendo coisas que muito me aborrecem no futebol. Continuo contra a extinção. Mas, se acontecer, aceitarei como tenho aceitado tantas outras aberrações no futebol.
publicado por Tom Barros no Diário do Nordeste
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