O Bragantino foi o campeão do Campeonato Paulista de 1990, mas o torneio atualmente é mais lembrado por outro motivo: afinal, o São Paulo caiu, foi rebaixado para a segunda divisão estadual naquele ano?

A pergunta segue rendendo polêmicas até hoje, mas a resposta é não. O campeonato daquele ano não previa rebaixamento, como revelou PVC em seu blog. O jornalista teve acesso à documentação da época.

"De acordo com decisão unânime do Conselho Arbitral da Primeira Divisão de Futebol Profissional, a partir do Campeonato de 1991, a Primeira Divisão será integrada por 28 associações, sendo obrigatoriamente divididas em dois grupos de 14 associações cada, respeitado o acesso de 4 associações da Divisão Especial de Futebol Profissional do Campeonato de 1990", dizia o regulamento do Paulistão de 1990, que contou com 24 times.

Para entender melhor o caso, é preciso dissecar o regulamento do Campeonato Paulista de 1990, considerado um dos mais confusos da história do estadual.

Em 1990, 24 clubes participaram do Paulistão. A primeira fase foi dividida em dois grupos.

No Grupo I, estavam os 12 times que haviam jogado a segunda fase do Paulistão de 1989, ou seja, que tiveram melhor campanha no ano anterior. A chave tinha: Bragantino, Corinthians, Guarani, Inter de Limeira, Mogi Mirim, Novorizontino, Palmeiras, Portuguesa, Santos, São Paulo, São José e União São João.

No Grupo II, os dois clubes que tinham sido promovidos da Divisão Especial (nome da segunda divisão da época) se juntaram às 10 equipes de pior resultado no ano anterior. A chave era composta por: América, Botafogo, Catanduvense, Ferroviária, Ituano, Juventus, Noroeste, Ponte Preta, Santo André, São Bento, XV de Jaú e XV de Piracicaba.

De acordo com o regulamento, os times jogaram dois turnos. Um contra times do outro grupo, outro com as equipes da mesma chave. Passaram para a fase seguinte os três melhores de cada chave, mais as seis outras melhores campanhas, totalizando 12 classificados.

Os outros 12 clubes que não avançaram de fase, foram para a repescagem. Ela foi disputada em dois grupos, com turno e returno dentro da própria chave. O Botafogo-SP e o Guarani avançaram como líderes de cada um dos grupos.

Desta forma, São Paulo, Santo André, Inter de Limeira, Noroeste e Ponte Preta, pelo grupo um da repescagem, e São Bento, União São João, São José, Juventus e Catanduvense, na outra chave da repescagem, foram para o Grupo Amarelo do Paulistão de 1991.

Esse bloco nada mais era do que o Grupo II do Paulistão de 1990, destinado aos times de pior campanha em 1989. Além dos 10 times citados acima, formaram Grupo Amarelo de 91 os quatro melhores da Divisão Especial de 1990. Ou seja, formou-se um Paulistão com 28 clubes, como previa o regulamento da instituição.

Portanto, não houve rebaixamento na edição do Paulistão de 1990 e Eduardo José Farah, então presidente da Federação Paulista, ampliou o torneio de 1991 com mais quatro equipes visando uma reeleição no cargo.

Um elemento prova que o assunto é dado como resolvido pela Federação Paulista de Futebol, responsável pela organização do Paulistão. O Tricolor do Morumbi seguiu na elite estadual, participou da chave ‘mais fácil’ em 1991 e foi o campeão estadual no ano seguinte à polêmica em 90.

Vale destacar que o Tricolor fez a melhor campanha na primeira fase de 91, fato que o deu vantagem no mata-mata. Primeiro, o São Paulo eliminou o Palmeiras e, em seguida, venceu o Corinthians na decisão. Raí fez três gols no primeiro jogo da final e caiu na graça da torcida são-paulina.

Além disso, em janeiro de 2021, a FPF fez um jogo de perguntas e respostas nas redes sociais e confirmou que o São Paulo não caiu.

Mentira [que o São Paulo caiu]. O Regulamento do Paulista de 1990 não previa rebaixamento para a chamada Divisão Especial - FPF, nas redes sociais.