O meio-campista Tchê Tchê foi atleta do São Paulo entre 2019 e 2022, entretanto, saiu por empréstimo em 2021, quando foi jogador no Atlético-MG. Atualmente, o jogador está no Botafogo, entretanto, um fato marcou sua jornada pelo Morumbi e nesta terça-feira (31), em entrevista para o Players Tribune, Tchê Tchê abriu o jogo sobre os dias difíceis vividos no Soberano.
Assim quando chegou no Clube, teve uma forte depressão. Engana-se que o problema ocorreu quando o jogador discutiu com o então técnico do São Paulo, Fernando Diniz. A depressão aconteceu bem antes: "No começo da minha passagem pelo São Paulo eu levantava de manhã para ir treinar, mas não tinha vontade. Nem de treinar, nem de jogar, tá ligado? Fui ficando sem ânimo pra fazer as coisas, não queria sair de casa. O sofá e o colchão da cama me sugavam como se fossem areia movediça. Eu só afundava e chorava. Chorava o tempo todo", declarou o meio-campista.
Na sequência, Tchê Tchê desabafou sobre o auge da situação e detalhou: "Mas a minha vida estava toda certinha, eu tinha tudo que precisava. De onde vinha aquele sofrimento? Meu Deus do céu! Uma hora comecei a sentir saudade da pessoa que eu era de verdade. Aquele Danilo não era eu, era menos que eu. Meus pais passaram a ir diariamente ficar comigo na minha casa. Eles deixavam de fazer as coisas dele para estar lá. Minha esposa também, o tempo todo do meu lado tentando me ajudar. Mas eu não conseguia mais sentir o amor deles. Nada do que eles falavam parecia ter significado para mim".
Como a maioria das pessoas que se deparam com a depressão, Tchê Tchê seguiu sua rotina. Treinava no CT da Barra Funda e disputando partidas, muitas veze, o problema não refletia dentro de campo, no entanto, chama atenção o fato do volante ter encarado o drama de maneira silenciosa, pois o São Paulo não sabia do problema: "Eu vivi cinco meses nessa amargura, nesses extremos opostos: eu era um ser-humano triste se obrigando a parecer um profissional feliz e sendo julgado por milhões de pessoas a cada três dias. E não é que eu estivesse passando a noite na farra, bebendo e tal. Não era isso. Eu estava deprimido. E me sentia culpado por estar", afirmou o jogador.
Na difícil vontade de esconder sua situação, Tchê Tchê revela que tinha boas apresentações e que só acionou a psicóloga do São Paulo, quando o problema havia sido dissipado: "Muitas vezes, mesmo nesse estado psicológico miserável, eu conseguia jogar bem, ajudava o time a vencer. Não queria que ninguém percebesse a minha situação. Ficava com o pessoal no vestiário, na resenha e tudo mais, fingindo estar tudo normal. Só eu tinha noção do tamanho do vazio na minha alma. Quando terminava a partida, eu voltava para casa chorando, sozinho, dirigindo meu carro, tentando entender o que estava acontecendo. Só depois que o pior passou eu procurei a psicóloga do São Paulo. Ela disse que eu tinha sido muito forte de ter conseguido atravessar uma depressão sem ajuda especializada. Mas, não foi porque eu quis, foi porque eu não consegui gritar socorro", concluiu.
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