Um dos destaques da equipe do Botafogo, o meio-campista Tchê Tchê fez importantes revelações sobre uma grave depressão sofrida na época que defendeu o São Paulo, entre 2019 e 2021, quando voltou ao Brasil após período de empréstimo concedido pelo Dínamo de Kiev.
Em depoimento ao The Players Tribune, Tchê Tchê contou que tinha dificuldades para sair da cama e ir treinar com o time do Morumbi, que passava boa parte do dia chorando sem parar e que tinha dificuldade até mesmo em tomar banho.
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Tchê Tchê fez questão de explicar que o período no qual sofreu com depressão não teve relação com o histórico conflito com o técnico Fernando Diniz na derrota por 4 a 2 para o Red Bull Bragantino, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro de 2020.
“Fui ficando sem ânimo para fazer as coisas, não queria sair de casa. O sofá e o colchão da cama me sugavam como se fossem areia movediça. Eu só afundava e chorava. Chorava o tempo todo. Mas, a minha vida estava toda certinha, eu tinha tudo que precisava. De onde vinha aquele sofrimento? Meu Deus do céu!”.
“A tristeza tinha se apoderado e esmagado as minhas outras emoções. Parecia uma ferrugem corroendo um pedaço de ferro. Não existia mais sol me aquecendo. Só existia noite e chuva. Uma chuvinha incessante que me enfraquecia todos os dias, me desfazia aos poucos. Cada minuto do dia me feria. Até tomar banho exigia um esforço descomunal”, contou o atleta.
Tchê Tchê relatou que na época não procurou ajuda no São Paulo por vergonha de seu estado mental e revelou que buscava forças em boas memórias da infância, quando assistia o próprio pai disputando partidas como meia em times de várzea da capital paulista.
“Eu vivi cinco meses nessa amargura, nesses extremos opostos: eu era um ser humano triste se obrigando a parecer um profissional feliz e sendo julgado por milhões de pessoas a cada três dias. E não é que eu estivesse passando a noite na farra, bebendo e tal. Não era isso. Eu estava deprimido. E me sentia culpado por estar”.
“Ficava com o pessoal no vestiário, na resenha e tudo mais, fingindo estar tudo normal. Só eu tinha noção do tamanho do vazio na minha alma. Quando terminava a partida, eu voltava para casa chorando, sozinho, dirigindo meu carro, tentando entender o que estava acontecendo”.
Tchê Tchê relatou ainda que acredita que os gatilhos para o início de uma depressão tenham se iniciado ainda no período no qual esteve na Ucrânia. O frio em excesso, a saudade de casa e as poucas oportunidades em casa podem ter sido decisivos para o início da doença.
“O São Paulo me trouxe de volta, e eu passei a me cobrar demais. Me obrigava a ser um jogador que correspondesse às expectativas que eu acreditava que o clube tinha”.
“ELES APOSTARAM ALTO EM MIM, NÃO POSSO DECEPCIONÁ-LOS, eu me pressionava internamente”.
“Acho que isso foi sobrecarregando a minha mente e o meu espírito. E nada na vida precisa ser assim. O negócio é viver um dia de cada vez, fazendo o melhor possível para acertar e sabendo que é impossível acertar o tempo todo. De boa. No dia que você errar, precisa se perdoar e ir dormir pensando: Beleza, hoje não foi bom, mas amanhã eu vou me esforçar ao máximo para tentar fazer melhor”, revelou.
“Foi assim que, com a ajuda da minha esposa, do meu filho e dos meus pais, eu agarrei a corda e aos poucos fui voltando do abismo”.
O atleta revelou que, aos poucos, com ajuda da família, conseguiu voltar a sorrir e que, após uma ida ao cinema, passou a sentir que estava sendo o ‘antigo Danilo’ de novo.
“Só depois que o pior passou eu procurei a psicóloga do São Paulo. Ela disse que eu tinha sido muito forte de ter conseguido atravessar uma depressão sem ajuda especializada. Mas não foi porque eu quis, foi porque eu não consegui gritar socorro”.
“Finalmente eu melhorei. Me firmei como titular no São Paulo, fui para o Atlético, ganhei cinco títulos em Minas e nunca mais me senti daquele jeito”, finalizou.
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