Após dois anos brigando na Justiça, o comerciante Denis Ormrod, conselheiro do São Paulo, conseguiu acesso a diversos contratos firmados pelo ex-presidente do clube, Carlos Augusto de Barros e Silva (Leco), durante sua gestão (2015 a 2020).
Segundo informado à reportagem por Ormrod, entre os documentos aparecem vínculos firmados com atletas (com elevados pagamentos de comissões para agentes ou empresas), compras de materiais eletrônicos e obras executadas no clube social do Tricolor. Na "caixa preta", também estão as atas das reuniões do Conselho Deliberativo em que as ações de Leco foram aprovadas.
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Agora, porém, Ormrod acusa os bastidores são-paulinos de estarem tramando sua expulsão da agremiação, o que tiraria sua legitimidade da posse dos documentos.
O conselheiro pode ser suspenso e expulso nesta quarta-feira, em uma reunião virtual marcada para 18h30 (de Brasília), que terá votação para definir seu destino.
Em entrevista ao ESPN.com.br, Ormrod afirmou que os contratos mostram que foram pagos mais de R$ 110 milhões em comissões na contratação de jogadores como Diego Souza, Cueva, Petros, Jucilei, Hernanes, Maicon, Kieza e Daniel Alves, todos feitos na gestão Leco.
Além disso, também teriam sido feitos repasses milionários a agentes e/ou empresas na venda de jovens da base, como o meia Antony, negociado ao Ajax, da Holanda, também segundo informações dos documentos obtidos por Denis.
"Será que ninguém no São Paulo tem curiosidade em saber para onde foram mais de R$ 110 milhões em comissionamentos?", questionou o conselheiro.
Se for expulso do Conselho Deliberativo são-paulino, porém, Ormrod perderá legitimidade e não poderá usar os contratos obtidos para qualquer tipo de ação dentro do clube, já que não fará mais parte do quadro da agremiação.
Suspensões e agora votação para expulsão
O processo que pode resultar na expulsão de Denis Ormrod começou em 28 de novembro de 2020, quando foi realizada a eleição do Conselho Deliberativo do São Paulo (na qual Ormrod foi eleito pela chapa "Social Tricolor", da oposição).
Na ocasião, Denis foi acusado por Antônio Luiz Belardo (diretor de futebol feminino tricolor e aliado do atual presidente, Júlio Casares) e sua esposa, Edna Dutra Belardo (então candidata ao Conselho e também apoiadora de Casares), de ter cometido "ofensa verbal" e "agressão física" contra o casal durante a votação no Morumbi.
O caso foi parar na Comissão de Ética do Conselho Deliberativo do clube, e Ormrod foi suspenso em 29 de março deste ano por 17 dias em uma decisão unânime, assinada por três conselheiros (Antônio Maria Patiño Zorz, Marcelo Felipe Neli Soares e Leandro Alveranga Miranda) - o parecer completo do caso pode ser lido aqui.
Uma das principais provas contra Ormrod citadas no relatório são as imagens da câmera de segurança do portão 7 do Morumbi (onde o entrevero ocorreu), como pode ser visto abaixo:
Denis, por sua vez, alega inocência, diz que está sendo vítima de "ilações" e garante que as imagens das câmeras comprovam sua versão. No entanto, Ormrod afirma que os vídeos "sumiram" enquanto ele montava sua defesa no caso e só foram reportados pelo Conselho no relatório final da Comissão de Ética.
A questão seguiu pelos bastidores do clube e, nesta quarta-feira, haverá uma nova votação, que pode determinar uma nova suspensão de 70 dias a Ormrod.
Se isso de fato acontecer, ela se somará à outra suspensão (aplicada em 29 de março) e resultará em sua expulsão, o que fará com que os documentos obtidos por ele na Justiça sejam deslegitimados, já que ele não seria mais associado à agremiação.
Na visão do conselheiro, sua possível expulsão é clara retaliação por sua ação nos bastidores para tentar trazer à luz os contratos de jogadores, obras e compras, que lhe foram negados quando ele fez requerimentos por meio do Conselho Deliberativo.
"Os conselheiros que deveriam me proteger de qualquer calúnia e difamação são os mesmos que estão me condenando. Será que querem jogar tudo para baixo do tapete?", questionou.
Outro lado
O ESPN.com.br procurou o São Paulo por meio de sua assessoria de imprensa.
O time do Morumbi ressaltou que cabe aos 260 membros do Conselho Deliberativo resolverem em votação o que acontecerá com Denis Ormrod, e que só competirá ao presidente e aos membros do Conselho comentarem o caso depois que uma decisão for tomada.
A equipe salientou que, se for votado "sim" para uma nova suspensão de 70 dias, Ormrod será expulso do clube, como aconteceria com qualquer conselheiro que levasse dois ganchos seguidos.
O São Paulo ainda negou que as imagens das câmeras de segurança do portão 7 tenham sumido, assegurou que todo o conteúdo está em posse da instituição e foi inclusive exibido ao Conselho.
Sobre os contratos da gestão Leco, a equipe ressaltou que tudo foi e segue sendo analisado pelo Conselho Fiscal tricolor.
Também procurada, a assessoria do presidente do São Paulo, Júlio Casares, informou que, como o assunto é da alçada do Conselho Deliberativo, não cabe ao mandatário comentar.
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