Bosco colecionou títulos por onde passou em sua carreira. Conquistou seis vezes o Campeonato Pernambucano pelo Sport, venceu a Copa Nordeste pelo mesmo clube, além do Cearense pelo Fortaleza e da Copa Sul-Minas pelo Cruzeiro. Agora, aos 34 anos, ele se vê diante do seu maior desafio: substituir Rogério Ceni por até seis meses.

Leia abaixo a entrevista exclusiva que o camisa 22 do São Paulo concedeu ao LANCENET!, de Medellín, após o almoço desta segunda-feira.

Caiu a ficha do que ocorreu?
Nós chegamos aqui de madrugada. Aí fomos direto pra cama descansar. Quando acordamos o doutor (José) Sanchez nos deu notícias sobre o Rogério. Mas só fiquei mais calmo depois que eu falei com ele no telefone.

E como foi a conversa?
Foi boa. Eu senti que o Rogério estava com uma voz boa após a operação. Conversamos e ele me disse que Deus é justo e que a pessoa que merecia ter essa chance era eu. Fiquei feliz pela confiança e fiquei bem em saber que ele está se recuperando já.

Você estava no campo na hora. Lembra de como foi o lance?
Quando ele caiu e começou a gritar, eu percebi que era sério, mas não sabia da gravidade. Depois o Felipe (Espindola, assessor de imprensa) veio e me disse o período que ele poderia ficar fora e eu fiquei muito chocado, porque eu já me machuquei.

Ficou muito tempo parado? Quando foi que isso aconteceu?
Em 1999, quando eu jogava no Sport, eu tive um problema grave no ombro e fiquei oito meses sem jogar. Foi horrível, principalmente os primeiros meses na fisioterapia. Você fica vendo todo mundo treinar e não pode Não desejo o que eu passei pra ninguém. Vamos continuar ao lado do Rogério Ceni todos os dias, sempre procurando saber como está a recuperação dele.


Você e o Rogério Ceni, após as partidas, sempre trabalham normalmente no CT, não é mesmo?
O Rogério Ceni sempre me disse que o melhor dia de trabalho para ele é o seguinte aos jogos. Nós temos uma rotina muito boa de treinos. Infelizmente, aconteceu isso em um trabalho após um jogo importante.


Aos 34 anos, você tem a chance agora de conquistar seu primeiro Paulistão e sua primeira Copa Libertadores. Como analisa esta chance?
Estou super empolgado com este momento do São Paulo. O time tem condições de reverter a vantagem do Corinthians e na Libertadores temos uma partida contra o Independiente que pode nos colocar em uma posição melhor na próxima fase. O São Paulo quando começa a temporada ele não forma um time. Ele monta um elenco. Você olha hoje e existem dois ou três jogadores em cada posição. Isso deixa todo mundo empolgado. E agora nós vamos dar um pouquinho a mais, para dedicar estes títulos ao Rogério Ceni.

Quando estava fora, todo mundo elogiava muito a sua postura de sempre abraçar os seus companheiros após o gol. Quem vai fazer isso no seu lugar, já que você estará em campo?
Espero que o pessoal venha até mim agora no gol (risos). O André Lima tem feito isso e acho que ele pode assumir a minha condição. Mas sabe que muita gente comenta sobre isso, mas não é uma coisa forçada. Quando o São Paulo marca um gol, pra gente que está ali fora, é uma coisa muito especial. E mostra para o cara que está em campo que os atletas que estão fora estão torcendo por ele. Não existe aquele negócio de secar.


Pretende mudar alguma coisa nos treinos a partir de agora?
Acho que não. Nem tem motivo, já que eu sempre vinha trabalhando forte. Acho que temos de tomar um pouquinho só de precaução a mais agora, já que só temos dois goleiros na Libertadores. (O reserva é o Denis).


Está preparado para as cobranças? Você pode ser mais criticado a partir de agora e terá de conviver com as comparações...
A crítica e o elogio fazem parte do futebol. Espero crescer com isso. O importante é você trabalhar para que os erros ocorram poucas vezes. A regularidade para o goleiro é uma coisa muito importante e desde que eu cheguei no São Paulo eu sabia que teria de conviver com isso, quando tivesse de substituir o Rogério Ceni. Vou ficar bem treinado e preparado para tudo.