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Tostão: O futebol trocou de dono

ANTES DE 1994, fiquei longos anos ausente dos estádios.

Assistia só aos jogos importantes pela TV. Dedicava-me à medicina. Em um domingo, fui ao Mineirão ver o jovem e franzino Ronaldo atuar pelo Cruzeiro.

Fiquei encantado.

Dias depois, um repórter levou Ronaldo ao meu apartamento para fazer uma matéria. O motivo era uma declaração que tinha dado de que Ronaldo, com 17 anos, só não seria titular na Copa de 1994 porque o Brasil já tinha dois excepcionais atacantes, Bebeto e Romário.

Ronaldo me perguntou se eu comprara o apartamento com o dinheiro que ganhara no futebol.

Ele já demonstrava ser um jovem sonhador e ambicioso, como são os grandes campeões.

Certamente, ele não imaginava que anos depois ia faturar em um mês o preço do apartamento.

Ronaldo foi embora e esqueceu a carteira. Freud diria que foi um ato falho. Um desejo inconsciente de retornar. Ele voltou e conversamos mais um pouco, sem os repórteres.

Nesse dia, tinha saído uma foto no jornal de Ronaldo deitado em sua cama. Disse a ele que deveria preservar sua intimidade. Não deve ter escutado. Os jovens, com razão, estão preocupados com coisas mais alegres e imediatas. Ronaldo nunca soube separar a vida pública da privada. Não estava também preparado para a fama. Ninguém está.

Ronaldo transformou-se, junto com Romário, no mais fascinante centroavante de todos os tempos.

Jogadores como ele, Romário e Ronaldinho (no auge) reinventam o futebol. São transgressores. Subvertem a ordem e as pranchetas.

Ronaldo tenta agora recuperar parte de seu magistral futebol. A sua apresentação no Corinthians foi digna de um superastro.

Parece até que ele está em forma e é ainda o melhor do mundo. Para o torcedor, Ronaldo vai fazer muitos gols e conquistar vários títulos.

Enquanto treinava no Flamengo e fazia declarações de amor ao clube, Ronaldo conversava com o Corinthians. Não é surpresa.

Muitos outros jogadores fizeram o mesmo. Dizem que isso é profissionalismo. Temos também o hábito de exigir que as pessoas famosas sejam especiais. Não são. São especiais pelas suas obras. São iguais às outras, com fraquezas e virtudes.

A fama costuma também empobrecer o ser humano.

A contratação de Ronaldo foi uma grande jogada dos investidores e marqueteiros. O problema é que para dar certo Ronaldo terá de jogar bem. Ou isso é hoje um detalhe? Imagino até que vão adiar ao máximo sua estréia. Antes de jogar, o lucro é certo.

Escrevi mil vezes que os treinadores se tornaram as estrelas do futebol. Não são mais. As estrelas são agora os investidores.

Cada vez mais, eles influenciam as decisões técnicas. Brevemente, as escalações vão ser decididas na sala dos investidores. Ou isso já acontece em alguns clubes?

Como o time precisa ganhar para dar lucro, os técnicos terão de escalar os melhores e os mais rentáveis. Nem sempre será possível.

Muitos acham que esse é o único caminho do profissionalismo. É também o da promiscuidade.

O São Paulo tem outro modelo e é hoje o clube mais organizado e o que ganha mais títulos.

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