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RELEMBRAR É VIVER: O dia em que a moeda caiu em pé!

Em 1943, após uma reunião na FPF em que se decidiu a tabela e o regulamento do Campeonato Paulista daquele ano, dirigentes ainda encontravam-se reunidos na sede da mesma. Ia começar o grande campeonato paulista, o maior da história, segundo se apregoava. A imprensa foi convidada a entrar no salão nobre. Ali os dirigentes passaram a conceder intermináveis entrevistas. Os representantes de Palmeiras e de Corinthians não bastavam para tantos microfones e para tantas perguntas.

Quem entrasse hoje pelo túnel do tempo na solene sala de reuniões da FPF naquela noite festiva e inesquecível iria ver sentado impassivelmente em um canto, esquecido pelas luzes, um homem longilíneo, um senhor de olhos fundos, de ares fidalgos e de gestos nobres e discretos. Esse homem tinha mais de cinqüenta anos, tinha cinqüenta e um, para ser preciso. Fora aquele homem o primeiro paulistano a associar-se ao recém-fundado São Paulo FC, subscrevera a ata de criação do Clube da Fé, em 16/12/35. Além de sócio nº 1, nosso personagem fora presidente do clube, em 1936 e em 1937. O São Paulo o designara como seu representante para aquele ato.

Os repórteres pediram ao homem que se juntasse aos representantes de Corinthians e de Palmeiras para as entrevistas, ele se levantou e postou-se sem fazer alarde ao lado dos coirmãos.

Mais de quarenta minutos se passaram e as perguntas eram dirigidas apenas ao diretor palmeirense e ao enviado corintiano. Ambos trocaram todas as farpas possíveis e se desafiaram até não mais poder diante dos microfones. A questão era a de saber quem seria o campeão paulista de 1943. Corinthians ou Palmeiras?

O debate era renhido, encarniçado, o tempo passou e se esqueceram do nosso personagem são-paulino, a ele nenhuma pergunta era dirigida.

Os programas radiofônicos, transmitidos ao vivo, como se falou, estavam terminando, estava empatada a batalha entre os grandes, cada um alinhando motivos suficientes para concluir que o seu time seria o campeão.

Então, um repórter espirituoso, para terminar as hostilidades, sacramentou: -“Bem, senhores, não há como saber quem, entre Palmeiras e Corinthians, será o campeão paulista. Sugiro que resolvamos o impasse no jogo da moeda. Jogarei a moeda ao alto, se der cara, é porque ganhará o Corinthians, se der coroa é porque ganhará o Palmeiras”. Todos riram e saudaram aquela forma educada e sutil de acabar com a briga estabelecida. Mas antes de jogar a moeda e, lembrando-se do representante do São Paulo que ali estava e assistia a tudo com grande paciência, o repórter, para dar ensejo a que ele falasse pelo menos duas palavras perguntou-lhe: -“E o representante do São Paulo o que acha que vai acontecer? A moeda cairá com a face voltada para a cara ou para a coroa?”

E o nosso homem, com sua indefectível educação e com uma serenidade que fez corar os rivais briguentos respondeu sorridente: -“A moeda não cairá voltada para a face cara e tampouco cairá voltada para a face coroa, a moeda cairá pela primeira vez em pé e o campeão será o São Paulo FC!”
O homem a quem o ajuntador dessas modestas palavras se refere seria ainda o Presidente do Conselho Deliberativo Tricolor de 1946 a 1949, seria o Vice- Presidente do clube em 1954, em 1958 integraria a Comissão Pró-Estádio, criada para planejar a construção do Morumbi. De 1962 a 1972, ele seria eleito sucessivamente membro do Conselho Deliberativo. Até a sua morte, nosso personagem permaneceu a serviço do São Paulo FC, sua maior paixão.
Figura absolutamente inesquecível na vida do Tricolor ele recebeu o título honorífico de Presidente Benemérito do São Paulo FC.

Seu nome: Frederico Antonio Germano Menzen, mais conhecido apenas como Frederico Menzen, o homem que trouxe o goleiro King e o eterno treinador Vicente Feola para enriquecer nossas glórias.

Não é preciso dizer que no ano santo de 1943 o São Paulo conquistou o seu primeiro título paulista. A torcida então, em frenesi jamais visto, atravessou a cidade em imenso corso, que tinha como abre-alas uma descomunal moeda em pé, simbolizando a façanha.
Frederico Menzen se imortalizara. Havia protagonizado uma das mais místicas histórias do mundo da bola.

Ave, eterno são-paulino, Frederico Menzen!

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Trecho retirado do texto "Quando a moeda caiu em pé" de autoria do Dr. Catta-Preta
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