Não é costume do blog criticar este ou aquele veículo de imprensa. Mas o jornalista Rafael Reis, da Folha SP, em apenas 3 dias, fez duas matérias repletas de equívocos a respeito do São Paulo, cujas informações merecem correção.
A primeira delas foi intitulada “Após desavenças, Morumbi fica esvaziado no Majestoso“. Nela, Rafael Reis sustenta que, desde que o clube passou a limitar ingressos para a torcida do Corinthians no Morumbi, o estádio jamais teve bom público em clássicos.
Sempre deixei claro minha discordância com a decisão da Diretoria em limitar ingressos para os adversários. Mas concluir, a partir disso, que o Morumbi ficou ‘esvaziado’ não procede. No clássico de anteontem, por exemplo, tivemos um público de 44.631 pagantes (segundo maior público do Brasileirão em 2011), e uma (bela) renda de R$ 1.282.520. Nada mal pra um estádio ‘esvaziado’, não é mesmo?
Sobre o assunto, o historiador do clube, Michael Serra, fez uma observação extremamente pertinente: desde a limitação de ingressos, o Majestoso não teve público inferior a 30 mil pessoas. Na verdade, houve um ligeiro aumento na média de público do clássico contra o SCCP em relação ao período anterior à limitação da torcida adversária, o que prova que a relação de causalidade mencionada pelo jornalista é descabida.
Hoje, Rafael Reis fez outra matéria infundada, sob o título “Em um ano, São Paulo ‘perde dois Hernanes“, apontando o prejuízo que o clube teve ao não vender Richarlysson, Miranda e Hernanes quando pode, e acabou perdendo-os de graça, e que o mesmo aconteceria com Dagoberto.
Contudo, o jornalista comete dois graves equívocos. O primeiro deles é desprezar o ganho que o clube teve mantendo esses jogadores por um longo período.
Com Richarlysson, Hernanes e até mesmo Dagoberto no elenco, o São Paulo conseguiu nada mais, nada menos, que o tricampeonato brasileiro consecutivo. Trata-se de um ganho de valor inestimável – e que gera, indiretamente, ganhos financeiros ao clube, mediante valorização das cotas de patrocínio, aumento da visibilidade, crescimento da torcida, dentre outros.
O segundo erro contido na matéria consiste no fato de Richarlysson, Miranda e Dagoberto não terem sido vendidos por que eles mesmos não quiseram e não por decisão da Diretoria. Richarlysson não quis ir para a Roma e sim continuar no São Paulo. Posteriormente, o jogador caiu de rendimento, se desvalorizou, e acabou não surgindo mais oportunidades de negociá-lo.
Miranda também não quis ir para o Wolfsburg, em 2010, de olho na possibilidade de atuar na Copa do Mundo da África do Sul.
Pelo twitter, Rafael Reis (@rafaelreis14) rebateu essa crítica informando que Miranda teria reclamado da decisão do Juvenal de não negociá-lo com o clube alemão.
Contudo, isso ocorreu em fevereiro de 2009, quando o Wolfsburg ofereceu 12 milhões de euros pelo zagueiro. Em 2010, o clube alemão mais uma vez investiu no Miranda, oferecendo 20 milhões de dólares (valor da multa rescisória). Mas nessa ocasião quem brecou a negociação foi o próprio jogador – o clube nem poderia impedi-lo, já que a proposta cobria a multa rescisória.
Por fim, temos o caso do Dagoberto. O atacante não foi negociado porque não surgiram ofertas que o agradaram. Ele sempre quis se transferir para grandes centros do futebol europeu, o que o levou a recusar propostas de clubes como o Metalist, da Ucrânia, proposta essa inclusive que teria sido aceita pela Diretoria em 2010.
Assim, ficam evidentes os equívocos incorridos pelo jornalista nas duas matérias mencionadas. Não gosto de generalizações e tenho aversão a conspiracionismos. E também não acredito que se possa condenar a Folha de SP, o maior jornal impresso do país, por causa de apenas um jornalista. Mas o fato é que essas reportagens estão aquém do que se espera de uma publicação desse porte.