Arredondei para dar sonoridade ao título, pois, na verdade, serão somente 490 milhões de reais que serão destinados ao estádio do Sport Club Corinthians Paulista. Desse total, 420 não entrarão nos cofres da prefeitura paulistana, via incentivos, e 70 milhões sairão dos cofres do governo estadual. Naturalmente, nada impede que os dez milhões que faltam para atingir o número de meio bilhão de reais, não somente sejam gastos, como até multiplicados.
Curiosamente, os dois administradores gastaram horas, dias, meses, dizendo, jurando e prometendo que não haveria injeção de dinheiro público em estádio na cidade de São Paulo. Mentiram para a população, mentiram para os eleitores, mas tudo ficará por isso mesmo, e tanto um quanto outro serão eleitos outras vezes no futuro.
Antes da escolha do Brasil e logo depois, o presidente da CBF dizia a quem queria ouvir e a quem não queria também, que a Copa 2014 seria feita sem dinheiro público. Mentiu, também.
Essa lista inclui o ex-presidente da república, hoje palestrante bem remunerado e campeão de milhagem em jatinhos.
Nada acontecerá com eles, exceto serem eleitos e reeleitos quantas vezes quiserem, quantas vezes se reapresentarem, para os cargos que bem entenderem.
No Brasil, a mentira tem pernas longas, muito longas, e não recordo de alguém ter sido punido por isso. Ao contrário de outros países, onde homens públicos têm que honrar o que dizem e, se pegos em mentira, não é difícil a destituição. Foi o que ocorreu com um presidente dos Estados Unidos.
Apesar da festa, há muitos pontos controversos no estádio de Itaquera, envolvendo, principalmente, clube e construtora. Não ficarei surpreso se o valor final da fatura passar do bilhão de reais, mesmo porque o valor anunciado considerou os preços de 2011 e não incluiu os juros e taxas diversos.
E assim, pelo andar da carruagem, o Brasil está montando a Copa mais cara da história.
Pontos importantes
O Sport Club Corinthians Paulista tinha um projeto para construir seu estádio para 48.000 pessoas, com recursos próprios. Ao fazer do estado palco dos jogos da Copa, provavelmente também da abertura, novas exigências surgiram e os custos subiram. Apesar disso, e de acordo com as palavras dos políticos, dinheiro público não deveria ser usado para a obra. E, naturalmente, embora muitos ignorem, dinheiro do BNDES não é o que se chama de “dinheiro público”, que vai e não volta. É um empréstimo, cercado de garantias, com razoáveis taxas de juros. A questão toda, portanto, resume-se ao uso de dinheiro que seria melhor empregado em outras áreas, notadamente em cidade tão carente como é São Paulo.
Contratar Tevez e fazer estádio são coisas distintas, assim permitidas pelo mercado atual e pelos mecanismos de geração de receitas. Portanto, criticar a tentativa de contratação do atleta sob a alegação que o dinheiro deveria ser usado no estádio, não tem razão de ser.
