Raí Souza Vieira de Oliveira, ou somente Raí, veio do Botafogo de Ribeirão Preto sua cidade natal. Demorou para engrenar no tricolor, que no final da década de 90 passava por um período tenebroso.
Mas com a chegada do Mestre Telê Santana começou a brilhar a estrela do nosso camisa 10. “O estilo rigoroso do Telê foi muito importante para aperfeiçoar meu jogo. Ele me cobrava o tempo todo, exigia dedicação nos treinos e acabei ficando com os pés e a cabeça mais no chão”, comenta Raí em seu site oficial.
Para ilustrar o casamento perfeito entre o Mestre e o Terror do Morumbi, em 3 anos de São Paulo, desde a sua chegada em 1987 Raí fez apenas 26 gols. Após a chegada de Telê em outubro de 1990, Raí fez 28 gols em 1991 sendo o artilheiro do Paulistão balançando as redes por 20 vezes.
Falando em Paulistão de 1991 vamos ao motivo desse texto. No dia 8 de dezembro de 1991 o Morumbi ficou lotado para ver o embate entre os dois últimos campeões Brasileiros. O tricolor chegou com a melhor campanha e por isso no primeiro jogo era o “visitante”. Entrou em campo de camisas listradas e simplesmente atropelou seu adversário. Quem não se lembra daquele lance na intermediária, onde o nosso camisa 10 ergueu a cabeça e após algumas passadas largas chutou no ângulo do goleiro Ronaldo.
Veio o segundo tempo e com ele a consagração de Raí. Com mais dois gols, um de cabeça e outro de pênalti, Raí se tornava ali o maior pesadelo da torcida sem estádio. Detalhe que mesmo em desvantagem, o goleiro deles provocou Raí antes dele bater a penalidade máxima. Dizia que ia pegar. Pegou mesmo, no fundo das redes enquanto Raí corria e fazia sua comemoração característica saltando e socando o ar como um “gancho” de um pugilista.
Fomos campeões com um empate em 0×0 no segundo jogo.
E Raí ali começava a escrever sua história com o manto sagrado Tricolor. Duas Libertadores, um mundial com dois gols sendo o segundo em uma cobrança de falta memorável. E mais memorável ainda foi ver Raí correndo em direção a Telê Santana, meio incrédulo, naquela cobrança de falta a lá Zico.
Ele se foi para a França, jogar no Paris Saint-Germain. Mas a sensação era que a história dele no São Paulo não tinha acabado.
Realmente não acabou… Em 1998, novamente final do paulista, contra o mesmo time de 1991. No dia 3 de maio, perdemos o primeiro jogo por 2×1.
Ele desembarcou diretamente de Paris e foi para o jogo. A torcida adversária, já prevendo o final, chorava que Raí não poderia ser escalado. Mas os trabalhos de bastidores já tinham sido feito e ele foi a campo. Parecia já ter jogado várias vezes com Denílson e França.
Logo no primeiro tempo de cabeça fez 1×0. Didi, atacante adversário empatou o jogo no início da segunda etapa. Mas Raí chamou a responsabilidade e em tabelas rápidas com Denílson e França, foi o maestro responsável por mais 2 gols que nos deram mais um título. Aquilo parecia enredo de um filme, o cara sair do avião, ir para o estádio e se transformar no herói.
A torcida adversária insiste em lembrar dos dois pênaltis perdidos na semifinal do Brasileirão de 1999, mas só que é tricolor para saber que as alegrias que Raí nos proporcionou são muito maiores que aquele revés.
Obrigado Raí por ser um guerreiro no batalhão formado pelo Mestre. Obrigado por honrar as cores do São Paulo e até hoje se orgulhar disso.