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  • 29/12/2013 - 11:40 | Visualizada 2419 vezes |

    Comunidade: A Historia do São Paulo FC

    Historia do SPFC: 56 anos da Tarde das Garrafadas

    Postado por: asiatico.

    "A animosidade entre os jogadores era ainda maior. Num São Paulo e Corinthians - já valendo pelo Campeonato Paulista de 1957 -, o médio Alfredo, que acabara de trocar o tricolor pelo alvinegro, teve a perna fraturada numa dividida com o ponta Maurinho. Depois desse lance, o são-paulino Gino e o corinthiano Luisinho passaram o jogo inteiro se provocando, quase se estapeando em alguns momentos.

    No dia seguinte, Gino, ao lado de outros jogadores do São Paulo, foram visitar o antigo companheiro Alfredo no hospital. Na saída, Lusinho, que se escondera sorrateiramente atrás de uma árvore, atirou um tijolo na testa de Gino, e saiu correndo, fugidio. Foi com esse espírito que são Paulo e Corinthians disputaram o Campeonato Paulista de 1957".

    ... Chegávamos à última rodada com chances de sermos campeões, pois o líder Corinthians, na penúltima rodada, viu sua invencibilidade de 35 jogos ruir diante do Santos na Vila Belmiro. E qual seria o jogo da última rodada? Sim, São Paulo x Corinthians. Quem vencesse seria o campeão; se houvesse empate, os dois, juntamente com o Santos, disputariam um triangular, na época chamado de supercampeonato.

    Como a atmosfera entre as duas agremiações estava bastante carregada, a Federação Paulista optou por trazer a melhor e mais cara arbitragem do futebol sul-americano. O juíz seria o carioca Alberto da Gama Melcher, e os auxiliares, os britânicos Cross e Lynch, que trabalhavam na Argentina. O São Paulo teria um desfalque importante para o jogo, o médio Dino Sani, contundido. Para piorar, seu reserva imediato, Ademar, também estava machucado, e o terceiro reserva, Sarará, não só não havia sequer jogado uma partida do campeonato, como estava afastado do elenco em virtude de um desentendimento com o técnico Bella Guttman. Foi preciso muito jogo de cintura para convencer o húngaro a aceitar sua escalação. Mas não houve outro jeito. Sarará sairia jogando.

    A partida começou e logo aos 5 minutos o primeiro entrevero: uma dividida mais ríspida entre Gino e Luizinho, justamente os maiores protagonistas da animosidade entre os times. Aos 17 minutos, o primeiro gol da partida: Amauri recebe passe de Gino, avança pela extrema esquerda e fulmina o goleiro Gilmar, 1 x 0. O Corinthians sente o golpe e parte desesperadamente para o abafa. Dois minutos depois, Amauri passa a Canhoteiro, que livre na extrema esquerda e com um chute rasteiro, no canto direito, amplia a vantagem, 2 x 0. Na seqüência Rafael diminuiu para os alvinegros, 2 x 1, três gols em seis minutos! No segundo tempo, os alvinegros não saem da área tricolor; os são-paulino se defendem como podem, dando chutões muitas vezes.

    Num desses chutes para cima, aos 34 do segunto tempo, Zizinho passa a Gino que, de primeira, toca a Maurinho. Em posição legal, ele ganha na corrida de Olavo, avança pela ponta-direita, pára diante de Gilmar e arremata, 3 x 1. Na comemoração, Maurinho olha para Gilmar e aponta onde está a bola, no fundo das redes. É a senha para a maior confusão já vista no estádio do Pacaembu. Gilmar parte em direção a Maurinho. A torcida corinthiana, inconformada com o suposto impedimento de Maurinho no terceiro gol, começa a jogar paus, pedras e, principalmente, garrafas em direção do bandeirinha Lynch, que validara o gol. A briga é generalizada, socos e pontapés são desferidos dentro do gramado e nas arquibancadas. O jogo fica paralisado por alguns minutos mas termina logo em seguida.

    O São Paulo é campeão paulista de 1957. O Corinthians, que duas rodadas atrás queria o título invicto, nem o vice consegue, perdendo-o para o Santos. A crise provocada no alvinegro em virtude da vitória tricolor é tamanha que Cláudio, o ponta-direita do Corinthians, ainda hoje o maior artilheiro da história do clube, decide encerrar a carreira; Oswaldo Brandão é destituído do cargo de treinador, e o presidente Alfredo Ignácio Trindade não consegue se reeleger. É, nisso ele tinha razão: perder para o São Paulo é mesmo insuportável.

    trechos do livro: São Paulo: Dentre os Grandes, És o Primeiro, de Conrado Giacomini.

    Curiosamente existem outros relatos com detalhes tão curiosos quanto estes apresentados. Pedro Luiz Boscato, telespectador da época, relata no Fórum da Jovem Pan:

    Curioso esse episódio envolvendo Maurinho e Gilmar, naquela decisão de 57. Ouví várias versões sobre isso. Lembro bem, assistí o jogo também pela TV, quando o Maurinho marcou o terceiro gol, o que provocou a chuva de garrafas no gramado, ele deu um tapinha na cara do Gilmar e apontou para o gol. Ainda no gramado, jogo já encerrado, tanqüilamente, vi o Maurinho dar entrevista, ao ser indagado sobre o lance, ele disse que, ainda no primeiro tempo o Gilmar dizia para o Oréco: "Oréco, dentro da área não porque é penalti, mas, forá da área, pode dar para quebrar as duas pernas que falta eu garanto". Então, ao marcar o terceiro gol, o Maurinho, de leve, no sentido gozação, deu um tapinha no rosto do Gilmar e disse: "Pega lá".

    Eu, confesso, não vi o Maurinho correr coisa nenhuma e nem o Gilmar sair atrás dele. Só se foi antes disso, da entrevista do Maurinho e o canal que eu estava assistindo então não pegou. Vi, sim, o Olavo, zagueiro central corinthiano, se dirigir ao bandeirinha e dar um pontapé, também não foi aquele pontapé, deu, mas também nada como comentam, na perna do bandeirinha, após o jogo terminado. Isso a TV pegou, eu vi e lembro bem.

    Uma vez, também, lembro, Corinthians x São Paulo, um ligeiro desentendimento, terminada a partida, Gilmar e Gino. Gilmar dava entrevista, Gino falou qualquer coisa, Gilmar disse: "Se você quiser brigar também eu brigo". Ficou nisso.

    Por fim, quem presenciou o jogo ao vivo ainda relata que Maurinho, ao parar de frente de Gilmar para fazer o gol, teria dito: "Em que canto voce quer?"

    Em suma, a tradição de picuinhas e brigas completa hoje 50 anos.

    29 de dezembro de 1957
    Campeonato Paulista
    São Paulo (SP) - Pacaembu
    Público: 39.670 pagantes.
    Renda: CR$ 2.409.040,00.
    Árbitro: Alberto da Gama Malcher.

    São Paulo FC 3 X 1 SC Corinthians P
    SPFC: Poy; De Sordi e Mauro; Sarará, Vítor e Riberto; Maurinho, Amauri, Gino, Zizinho e Canhoteiro.

    Tec.: Bella Guttman.

    Gols do tricolor: Amauri, 17'; Canhoteiro, 19' do primeiro tempo; e Maurinho, 34' do segunto tempo.

    Crédito: Michael Serra e Jovem Pan.





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