Trata-se de avaliar trabalho, não apenas de comentar resultado. Porque, aritmeticamente, o Tricolor ainda pode ser campeão brasileiro. Mas, por enquanto, reclama a posse de outro título, o de time que mais troca de técnico entre as potências. Tudo porque, penso eu, quando demitiu Muricy após três títulos nacionais, o projeto são-paulino foi tomado por grande dose de soberba.
A ordem era descolar o clube da imagem vencedora de Muricy e provar que o treinador só ganhara tudo porque dirigia o São Paulo. Para isso, a contratação de técnicos sem grande currículo ou que estavam em baixa passou a ser a regra.
Vieram Ricardo Gomes, Carpegiani e Adílson. Que jamais foi bancado pela direção e se apresentou sob uma chuva de críticas. Enquanto isso, Muricy tocou a vida. Ganhou mais um Brasileiro, um Paulista e uma Libertadores. E o São Paulo só fez trocar de técnico.

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Isso não quer dizer que o Brasileirão acabou para o São Paulo. Nem que a equipe não tenha qualidade. Óbvio que o desempenho de Adílson ficou aquém do esperado. Mas só o dele? Rivaldo, que a diretoria contratou por sugestão de Rogério Ceni, resolve os problemas do time? Lucas, precocemente alçado à condição de craque — que ainda não é —, tem jogado à altura do que pode? A vertiginosa queda de produção de Casemiro é culpa do técnico? O fato de não haver lateral-esquerdo reserva, nem atacante de velocidade como opção no banco diante do Atlético-GO é para ser creditado a quem?
Sim, Adílson insistiu com jogadores que jamais justificaram essa insistência, como Carlinhos Paraíba. Também relutou em ser mais ousado dentro de casa.
Mas, tirando Rogério, Rivaldo, Dagoberto e Luís Fabiano, o Tricolor tem um elenco jovem, inexperiente, formado por jogadores de muito potencial e outros cujo potencial ainda não se confirmou. Como grupo, falta a ambição que havia de 2006 a 2008. Está na média de todos os outros concorrentes ao título. Mas a direção e parte da torcida parecem pensar que há um elenco estelar, brilhante, cujos últimos comandantes jamais estiveram à altura.
Multa necessária
Demitido de forma deselegante, Adílson tomou café com os jogadores no hotel em Goiânia e voltou no mesmo voo. Com uma decisão na cabeça. Nos próximos contratos que fizer, estipulará uma multa rescisória (que não havia com o São Paulo). Ele acha que só assim um treinador pode ter tempo de realizar um trabalho no Brasil.