Corinthians e São Paulo vivem seus dias à espera de seus craques Adriano e Luis Fabiano. Fingem levar a vida sem eles, mas no fundo suas respirações são entrecortadas pela angústia de ainda não poder usá-los. O cotidiano, mesmo que não admitam, está paralisado. Enquanto não jogarem, o amanhã será sempre o hoje. As voltas esboçam proximidade, o que acelera ainda mais os batimentos alvinegros e tricolores. A taquicardia corre solta! Vive-se, assim, uma dupla vida: a real e a imaginária. A real, sem seus camisas 9 dourados, a imaginária, com eles. A cada treino em que aparecem acende a fagulha da salvação. Vão transformando-se cada vez mais em Messias, portadores da bova nova. Ele está no meio de nós! Quando em campo estiverem tudo será diferente. Acreditam os corintianos que com Adriano a arrancada rumo ao título será imperial. Certos estão os são-paulinos de que o futuro com seu filho pródigo de volta será fabuloso.

Projeções! Ter o craque sem poder usá-lo congela a vida. Congela porque o bem precioso é seu mas dele não pode tirar proveito. Mas ele é seu, está passando por reparos para ser utilizado. Não é possível ignorar que você tem uma Mercedes no quintal. Até com ela poder andar a ansiedade será tua guia e dá certo enfado conduzir uma máquina menos potente. A cada novo movimento pré-retorno o entusiasmo aumenta. Luis Fabiano faz dois gols em um mísero jogo-treino e os corações tricolores palpitam. Adriano corre a driblar cones e varetas, os jornais registram, as TVs exibem e os olhos da massa salivam. O dia está chegando…
Na última quarta, os rivais fizeram um jogo bem abaixo do seu apelido: Majestoso. E a explicação pode ser essa. Suas vida estão estancadas. O sangue só voltará a circular com Adriano e Luis Fabiano em campo. Natural que seja assim. Não é fácil ter dois craques e não poder usá-lo. É, em resumo, como diz a canção: Te ter e não te querer, é improvável, é impossível!