O que me chamou mais atenção na posição do goleiro foi uma certa discriminação com os jornalistas. De acordo com Ceni, a visão destes profissionais muitas vezes está errada, longe da realidade. Disse que o jogador que vive isto dentro de campo está mais próximo do real. Não posso concordar. A experiência de quem está em atividade, ou esteve, é muito importante. Esta visão de que são a última palavra é equivocada. Para saber de futebol, de automobilismo, tênis, basquete, vôlei, golfe, não precisa ter atuado. Precisa, sim, se dedicar, ser curioso, estudar, produzir, perguntar, ter olhos de contestação, o olhar critico e olhar sem preconceito.
Hoje trabalho na Band com três ex-jogadores. Edmundo, Neto e Denílson. Tenho aprendido muito com eles. E pode ter certeza, Rogério, que eles também aprendem com o meio e com a equipe de profissionais que nunca vestiu a camisa de um time de futebol. O Neto tem uma visão de bola rolando impressionante, muitas vezes não precisa de replay para saber se foi falta ou impedimento. Mas isto é dom, não aprendeu no campo, nem no microfone. Se está no ponto atual é porque teve humildade. Aliás, hoje é um dos meus melhores amigos. Na minha vida pessoal, uma das pessoas mais próximas. Um cara que tenho sempre o prazer de conversar seja de futebol, da família, da vida.
Não quero polemizar, porque a chegada de ex-jogadores (e, quem sabe, um dia até do Rogério Ceni) só veio somar as transmissões esportivas. Também de ex-pilotos, ex-atletas em geral. Hoje trabalho com dois pilotos ainda em atividade: Felipe Giaffone, na Indy, na Band e Christian Fittipaldi, na Fórmula 1, na Jovem Pan. Vejo que devido a uma postura de aprendizado, inclusive se dedicando a este novo lado, fora das pistas, com aulas de fonoaudiologia, estão em um progresso impressionante. Além de serem companheiros de trabalho, são também meus amigos. Por isso posso afirmar que eles não acham que são superiores em tudo nesta nova faceta de trabalho.
Admiro demais o Rogério Ceni. Ninguém, por acaso, se torna o maior goleiro artilheiro do mundo. Ninguém, por acaso, chega a mais de mil jogos com a camisa de um clube. Ninguém, por acaso, é capitão de uma equipe como o São Paulo. Mas, dentro da minha humilde análise, de quem jogou muitas horas de futebol na vida, mas longe de ser profissional, e de alguém que se dedica bastante a profissão de narrador no rádio e TV, e comenta os fatos na internet, acho que ele tem de baixar a bola.
Na vida profissional, o respeito pelos outros é uma das coisa mais importantes e o dia que nos achamos superiores em tudo é sinal que o sucesso subiu a cabeça e isto é um perigo danado. No dia a dia, seja pessoal ou profissional, o importante é aprender sempre. Tem muita coisa que paro, escuto e aprendo com o Rogério. Ontem, mais uma lição, na verdade uma matéria que sempre lembro, porque ele vem desde que em entendo por gente, mas é sempre bom lembrar. Precisamos ter humildade sempre. Só assim vamos crescer.
