Após viver um sonho de pouco mais de dois meses, o técnico Sérgio Baresi vem enfrentando uma grande dificuldade para voltar à realidade. Seu corpo sabe que ele deve ir trabalhar com as categorias de base, em Cotia, mas a sua cabeça o leva para o CT da Barra Funda, local onde, há 11 dias, ele se despediu do cargo de treinador interino do Tricolor para dar lugar ao rodado Paulo César Carpegiani.
"Às vezes estou indo para Cotia, mas me vejo fazendo o caminho para a Barra Funda", contou Baresi ao DIÁRIO.
Se acordado, Sérgio deixa-se confundir por seus pensamentos, quando ele está dormindo, a situação, caracterizada por um misto de saudade e desejo reprimido, fica mais evidente.
"Eu sonho que ainda estou comandando o time profissional. O inconsciente é impressionante. Vivenciei aqueles dois meses com tanta intensidade que é difícil tirar da cabeça."
Tamanho ainda é o vínculo emocional de Sérgio com a equipe treinada por ele em 14 partidas (cinco vitórias, quatro empates e cinco derrotas), que Baresi ainda não conseguiu, de fato comandar o time sub-20 do Tricolor no Campeonato Paulista da categoria.
"Fiquei só fazendo o planejamento e outros técnicos dirigiram a equipe nos três últimos jogos. Segunda-feira eu reassumo", comentou o "professor".
Entrevista
Sérgio Baresi_ Ex-técnico interino do São Paulo
Treinador rejeita ofertas para sair e exalta trabalho
DIÁRIO_ Você sente que o elenco tem um respeito maior pelo Carpegiani por ele ser mais experiente?
SÉRGIO BARESI_ Sim, mas isso é uma questão cultural no nosso país. Entrei num momento de transição e isso foi muito difícil para os jogadores.
Te jogaram na fogueira e você saiu queimado?
Me jogaram na fogueira, mas eu não saí queimado. O Baresi entrou forte e saiu fortalecido. Eu sempre tive 100% de confiança da diretoria. O presidente Juvenal Juvêncio foi até almoçar em Cotia comigo, um dia depois de eu sair do time principal. Tive um aumento e me receberam de braços abertos em Cotia.
Você teve ofertas de outros clubes após deixar de ser interino? Pensou em sair?
Recebi propostas de um clube da Série B do Brasileirão e de três times que vão disputar o Paulistão no ano que vem. Mas eu não aceitei, pois realmente quero da continuidade ao meu trabalho nas categorias de base do São Paulo.
Como você está vendo o time sob o comando de Carpegiani? Há influência sua?
O Paulo conseguiu colocar a metodologia dele, que é muito boa e vencedora. Nos meus dois meses de trabalho, eu procurei dar força e velocidade ao time e sinto que isso está ajudando muito neste início de trabalho do Carpegiani.
O Lucas é mérito seu?
Sim. Ninguém olhava para ele e o coloquei para jogar. Agora ele é peça principal do time. Com o Casemiro também foi assim.