Rogério Ceni ergue a taça do hexacampeonato brasileiro em 2008 (Crédito: Tom Dib)
A frase acima foi dita por um membro da diretoria do São Paulo, dias depois da inusitada visita de integrantes de facções organizadas ao CT da Barra Funda, em 23 de agosto deste ano.
Mais do que uma crítica e o reflexo da crise interna que vive o clube, atesta um momento delicado do Tricolor. Estaria o clube perdendo sua soberania, conquistada nos últimos anos com títulos e modelo de planejamento, pilares do filme “Soberano", cuja pré-estreia aconteceu ontem na capital paulista?
– Tudo é muito cíclico. Você consegue um grande período e depois vive momentos de restabelecimento. Para isso, tem de ser organizar, contratar diferente, essas coisas – ponderou o superintendente de futebol, Marco Aurélio Cunha.
Apesar de tratar o assunto com extrema cautela, a diretoria sabe que ficar fora da Libertadores, após sete participações consecutivas, pode gerar o cenário político mais complicado vivido pela gestão atual.
Além de abrir precedentes para o crescimento de uma oposição ainda tímida, mexeria diretamente com a torcida, obcecada pela competição. A nove pontos da zona de classificação para o torneio, há o reconhecimento de que o pior pode acontecer.
– Acho que dessa vez está muito próximo de disputarmos a Copa do Brasil, os times da frente estão muito bem – admitiu Marco Aurélio.
Enquanto aguarda outra arrancada salvadora, o presidente Juvenal Juvêncio se mexe para recolocar o clube no trilho das conquistas, como o tricampeonato brasileiro de 2006-07-08, mostrado no “Soberano”.
As obras de ampliação do CT de Cotia, bem como a construção de um prédio para alojar os atletas profissionais e um Reffis ainda mais moderno do que o da Barra Funda estão aceleradas. A atitude visa fazer frente ao novo CT do Corinthians, a ser inaugurado na próxima sexta-feira.
Vale lembrar que 2011 será de eleição no clube e, enquanto prepara seu sucessor, Juvenal Juvêncio apressa-se para provar que o clube deu apenas um tempo nas conquistas. Cartas na manga? O tempo dirá.
SEIS PONTOS QUE PODEM LEVAR AO FIM DA SOBERANIA EM 2010
Política
O presidente Juvenal Juvêncio é rompido com a FPF desde o caso Madonna, em 2008. Já a desavença com a CBF é recente. Adversários nas eleições do Clube dos 13, ele e Ricardo Teixeira não falam a mesma língua. O resultado foi o Morumbi fora da Copa de 2014. Após cair na Libertadores, Marco Aurélio Cunha deixou o cargo à disposição, mas segue no clube. A eleição presidencial é em 2011.
Torcedores
O clube sempre se vangloriava de ter relação exemplar com a torcida. Porém, com os maus resultados recentes, a torcida organizada teve acesso liberado ao CT da Barra Funda para fazer pressão nos jogadores, coisa antes impensável no Sampa.
Contratações
A fase de contratações pontuais e certeiras ficou para trás. Em 2010, foram 15 jogadores contratados, sendo que Léo Lima, Marcelinho Paraíba, Andre Luis e Cicinho nem estão mais no clube. A diretoria admite que a maioria não rendeu o esperado. Por isso, a solução encontrada foi a aposta na base. Casemiro e Marcelinho são titulares.
Técnico
A fama de bom patrão também já não é a mesma. Embora mantenha a postura de bom pagador, o Sampa já não garante contratos longos com treinadores. Após a saída do tricampeão Muricy Ramalho, Ricardo Gomes caiu com duas eliminações em semifinais: no Paulistão e na Libertadores. Para se ter uma ideia da pressão em seu cargo, o contrato de Gomes acabava com o término da participação tricolor no torneio. Eliminado, não teve renovação. Da base, Sérgio Baresi assumiu.
Esquema
Com Muricy, o tricampeonato veio com a equipe no esquema 3-5-2, com um sistema defensivo quase impenetrável. Em 2010, os melhores momentos foram com Ricky, Miranda e Alex Silva atrás. Porém, o 4-4-2 foi mais usado. No Brasileiro, sofreu nove gols a mais do que o Cruzeiro.
Clássicos
Um único clássico vencido no ano, por 1 a 0, contra o Palmeiras, pelo Brasileirão. Os rivais já não temem tanto o confronto contra o Tricolor. Do Corinthians, principal rival, não vence há dez jogos, desde 2007. Do Santos, perdeu as quatro partidas que disputou.
Bate-Bola
Marco Aurélio Cunha - Superintendente, ao LANCENET!
Teme que o São Paulo entre em jejum de títulos?
Não acho, pois a estrutura é muito forte, o modelo de gestão é bom. O que se oferece ao jogador é o melhor, não tem atraso de pagamento. Tudo isso contribui para um crédito estrutural. Somos um clube que consegue passar por crises.
Por que o clube se igualou aos demais no Brasil?
Todos os adversários viram o modelo de sucesso. Eles vão dificultar cada vez mais para nós, o que é saudável. Longe de criticar o São Paulo, é melhor enaltecer os que nos copiaram.
A demissão de Ricardo Gomes foi um erro?
A demissão, não, mas sim a maneira como foi. Vacilamos na decisão, porque não tínhamos um projeto. O São Paulo agora já está se restabelecendo, mesmo com a mudança do comando. Baresi está trabalhando bem, passamos confiança a ele. Já as contratações não trouxeram o resultado positivo que nós esperávamos.
A soberania do São Paulo está ameaçada?
Clube exibiu filme ressaltando suas glórias. Freou?
Fonte Lance!
13 de Setembro de 2010
Avalie esta notícia:
14
9
VEJA TAMBÉM
- GOLPE? Reunião sobre SAF no Morumbi gera desconfiança entre conselheiros! Quem estava nessa reunião?- SPFC AFUNDANDO: Após temporal, vazamentos no Morumbi viram novo símbolo da crise
- SEM CHANCES: São Paulo nega interesse em Brenner e descarta retorno ao Morumbi
- Adeus do ídolo? Empresário admite risco de saída de Luciano do São Paulo na próxima janela
- São Paulo day? Empresário que tenta ajudar o Tricolor virar SAF cria projeto para investimentos no São Paulo