Parece já ter se tornado uma tradição. Com as atenções totalmente voltadas para a Copa Libertadores no primeiro semestre, o São Paulo começa patinando no Campeonato Brasileiro e depois precisa se recuperar com grandes sequências de vitórias. Em 2010, a situação é a pior dos últimos anos. Mas, inspirados nas campanhas anteriores, os são-paulinos já falam em vaga na Libertadores e até sonham com o heptacampeonato nacional.
Em 2008, na mesma época do campeonato, após a primeira rodada do segundo turno, o São Paulo ocupava a quinta posição na tabela. Mas o mais complicado ao analisar a tabela era imaginar que fosse possível descontar os onze pontos de vantagem do então líder Grêmio.
A façanha, no entanto, veio até mais rápido do que se esperava. Na 33ª rodada, o São Paulo fez 3 a 0 no Internacional e já assumiu a liderança, que não largaria mais. Para isso, depois de ser derrotado pelo próprio Grêmio na abertura do segundo turno, o time engatou uma sequência de 18 jogos sem perder, sendo doze vitórias e seis empates.
Os jogadores, contudo, sabem da dificuldade de repetirem o desempenho histórico que garantiu o tricampeonato. “Esse campeonato é totalmente diferente. Seria um sonho, vencer 18 jogos em um returno de campeonato, ainda mais com a qualidade de todas as outras equipes”, afirmou durante a semana o meia Jorge Wagner.
E mais. Este ano, além de fazer sua parte com extrema competência, o São Paulo precisaria contar com ainda mais tropeços de Fluminense e Corinthians, atuais líder e vice, do que aqueles cometidos pelo Grêmio. Isso porque a diferença atual para a equipe carioca é de 13 pontos, e para os rivais paulistas, de dez.
Richarlyson, um dos jogadores presentes na campanha de 2009, é mais uma a falar na possibilidade de título como algo ainda distante. “É exagerado, com certeza. Claro que o futebol que estamos apresentando dá esse ânimo para eles [torcedores] gritarem que o campeão voltou, mas é um certo exagero. Ainda tem muita coisa pra ser melhorada”.
Mas se o título ainda parece um sonho muito distante, a possibilidade de briga por vaga na Libertadores já é uma realidade. Com 28 pontos, o São Paulo está a seis do G4. E encara no domingo um dos adversários diretos pela vaga, o Botafogo, em uma partida daquelas que se convencionou chamar de “jogo de seis pontos”.
Para a conquista ao menos da vaga na competição continental, a inspiração é na última temporada. Em 2009, o São Paulo chegou a ocupar o 16º lugar na tabela, ainda sob o comando de Muricy Ramalho (a pior posição em 2010 foi a 15ª), mas se recuperou, brigou pelo título até a rodada final e acabou ficando com o terceiro lugar e uma das vagas.
A situação após a 20ª rodada, no entanto, já era bem mais confortável do que a atual. Com sete vitórias consecutivas, o time saiu do 14º lugar para a vice-liderança no início do segundo turno.
Atualmente com três vitórias seguidas, o São Paulo tem pelo menos um motivo para acreditar que pode igualar a sequência do ano passado: depois do confronto com o Botafogo no Rio de Janeiro, serão quatro jogos em São Paulo, contra Internacional (no Morumbi), Palmeiras (no Pacaembu), Guarani e Goiás (ambos no Morumbi).
“A probabilidade de o São Paulo conseguir bons resultados nesses jogos em casa, em São Paulo, é grande. Mas esse é o momento de pensar no Botafogo, que vem muito bem, motivado depois de vencer o Santos e minha preocupação é só com o jogo de domingo”, diz o técnico Sérgio Baresi.
O confronto com a equipe carioca acontece no domingo, às 16h, no estádio do Engenhão. Com uma vitória, o São Paulo fica em condição de chegar ao grupo de classificados para a Libertadores já na rodada do meio da próxima semana, quando enfrenta o Internacional no Morumbi.