Um iceberg (montanha de gelo na tradução ao pé da letra) pode ter 2,5 mil quilômetros quadrados e até mesmo o tamanho de um país.
Enorme. Mas Hernanes, camisa 10 do São Paulo que começa neste domingo a disputar uma vaga na decisão do Campeonato Paulista, garante que os dois gols e a assistência dados nos últimos jogos são só a ponta do seu iceberg. O resto, o volante espera revelar a partir do duelo diante do Santos, às 16h, no Morumbi (em tempo real pelo LANCENET!).
Filosófico e cercado de metáforas, Hernanes esbanjou otimismo com o momento do Tricolor e aposta no fim do estigma de ter sido eliminado na semifinal nas últimas três edições do torneio estadual.
Segundo o atleta, a principal diferença entre o grupo atual e aqueles que fracassaram em 2007, 08 e 09 se encontra na preparação e no
interesse destinados ao Paulistão.
– Nesses três anos, caímos com erros pequenos, detalhes. A gente se lembra da preparação e havia o sentimento de que o Paulista não era tão interessante. Este ano está diferente, chegamos fortes nessa reta final – assegura o camisa 10.
Até se fortalecer, o São Paulo passou por maus bocados, como as derrotas nos clássicos e a indefinição da equipe titular. Hernanes foi escalado como meia, volante, aberto pela direita, centralizado, adiantado... Nas últimas duas rodadas, voltou a ser volante, sua posição de origem, e cresceu. Embora sinta falta de estar mais perto da área, o polivalente reconhece a evolução e jura: ainda pode melhorar muito.
– Apareceu só a pontinha do iceberg, mas ainda tem muita coisa embaixo que vai ser mostrada. Eu estou confiante nisso – garantiu em entrevista ao LANCE! deste domingo.
Entre as “coisas a serem mostradas† estão o poder de decisão e a capacidade de ser protagonista na conquista dos sonhados troféus do Paulistão e da Libertadores. Resta saber se sobrará ao Santos o papel de Titanic no iceberg de Hernanes.
Bate-Bola com Hernanes
LANCENET!: Que erros o São Paulo cometeu nos últimos três anos e não deve repetir agora contra o Santos?
HERNANES: Acho que nossa preparação foi boa. Nos outros anos, diziam que a Libertadores é que interessava, mas na reta final queriam ganhar o Paulistão. Não adianta querer ganhar em cima da hora, tem de se preparar bem. Quem acha que vai vencer ou resolver na hora em que quiser sempre se dá mal.
LNET!: Qual o ponto forte, o trunfo deste grupo atual na sua opinião?
H: São muitos jogadores de qualidade, se há substituições, o nível continua o mesmo. E o grupo está num ambiente muito bom. São jogadores maduros, além da qualidade técnica, é um diferencial.
LNET!:Você acha que o título paulista pode levá-lo à Copa do Mundo?
H: Acredito que ainda é possível e o caminho a ser trilhado é esse. Penso assim: hoje estou fora e se não fizer nada diferente daqui para frente, nada vai mudar, não tem lógica eu ser convocado. Então algo tem de ser feito, acredito nisso e esse é o melhor caminho.
LNET!:A sua evolução nos últimos jogos tem a ver com a mudança no posicionamento em campo?
H: Também. Eu estava até gostando de atuar mais à frente, mas foi interessante porque quando voltei a jogar mais atrás, como volante, as coisas começaram a acontecer. Eu me surpreendi porque as chances de gol estavam pintando, em todos os jogos eu finalizava de dentro da área, achei que aquele seria o caminho. Mas recuei e as coisas têm acontecido, é interessante.
LNET!:Nos últimos anos, a equipe era a atual campeã brasileira, tinha um certo favoritismo, que agora está com o Santos. Não ser o favorito dessa vez pode ser positivo?
H: Não sei se ajuda, mas é diferente. A gente estava acostumado a voltar de férias com confiança, o moral lá em cima, e esse ano foi diferente. E não começamos tão bem, foi uma fase de experiências, houve várias mudanças até se encontrar. Trazemos exemplos, mas não acho que isso possa nos dar vantagem porque quanto mais a gente ganha, mais quer ganhar.
LNET!:O clássico terá muitos atletas de qualidade. Em quem você aposta para decidir a semifinal?
H: É imprevisível, estão todos no ponto para aproveitar um vacilo, num nível alto. Um momento de inspiração vai fazer diferença. Aposto em mim (risos). Que estarei inspirado e vou conseguir fazer algo diferente.
LNET!: Está cansado de ouvir que o São Paulo fraqueja nos mata-matas?
H: Às vezes, temos de bater o pé e provar que não funciona assim. Acho que está na hora de acabar com essa história e provar para nós mesmos que, nos pontos corridos ou no mata-mata, somos um time de chegada que quer ser campeão.