São Paulo: de gigante a alvo de críticas, torcedores analisam queda de desempenho em 20 anos

Fonte SPFC.net

Há duas décadas, o São Paulo comemorava sua terceira conquista no cenário mundial do futebol. Em Yokohama, no Japão, o Tricolor se destacou ao vencer o Liverpool por 1 a 0, solidificando sua imagem como um clube soberano, admirado e temido em todo o planeta. Contudo, passados 20 anos, a realidade é bem diferente. O time em campo não possui o mesmo brilho, a sequência de títulos importantes, tanto a nível continental quanto mundial, se fez escassa, e os debates nos bastidores refletem crises políticas e instabilidades administrativas. Nesse contexto, a percepção dos torcedores sobre o São Paulo também se transformou.

Para investigar essa mudança de visão ao longo do tempo, o Lance! conversou com torcedores de três gerações diferentes. Alexandre Bisbrecht, historiador do São Paulo e idealizador do projeto Anotações Tricolores, viveu intensamente o tricampeonato mundial e acompanhou todas as fases do clube desde então. Aos 49 anos e autor de quatro livros sobre a história do futebol, ele é parte de uma linhagem de são-paulinos, sendo pai, filho, neto e bisneto de torcedores. Sua visão conjuntural une memória, contexto histórico e comparações entre o São Paulo vibrante do passado e o clube que hoje busca seu caminho de volta à estabilidade.

Pedro Augusto da Silva, de 28 anos, também guarda memórias do Mundial de 2005 como um marco em sua vida, mesmo que tenha vivenciado esse momento na infância. Para ele, a lembrança daquele título moldou sua relação com o clube e serviu como um referencial de grandeza, mesmo em anos posteriores marcados por menos conquistas. Já Tiago, um jovem de apenas 21 anos que nunca presenciou os dias de glória do clube, vê o São Paulo vencedor por meio de relatos e vídeos históricos, enquanto sua experiência atual é de um clube distante do protagonismo internacional.

Esses depoimentos evidenciam como o tempo, os resultados e o contexto institucional moldaram a percepção dos torcedores. Para Alexandre, suas memórias são de um período onde vencer era um hábito consolidado. Ele iniciou sua jornada como torcedor em 1986, quando o São Paulo já havia conquistado o campeonato paulista e ainda teria triunfos em outros torneios naquele mesmo ano.

“Quando comecei a acompanhar o São Paulo, ficava sempre a sensação de que o clube poderia passar um tempo sem vencer, mas nunca mais do que dois ou três anos”, conta. A realidade era de conquistas quase constantes até a metade da década de 1990. Mesmo diante das transições, a percepção era de normalidade num clube que se reorganizava rapidamente.

“Antes de 1994, ganhar títulos era relativamente frequente. Após um período difícil, ainda assim o clube parecia sempre encontrar um caminho”, lembra. Entretanto, segundo Alexandre, essa dinâmica começou a mudar de forma drástica. “De repente, tudo parou. Para quem estava acostumado a ver o São Paulo campeão com regularidade, foi um choque”. Para ele, as causas desse declínio estão interligadas às políticas internas do clube, decisões equivocadas e um modelo de gestão que não acompanhou a evolução do futebol moderno.

“O São Paulo costumava errar, mas não acumulava dívidas enormes e tinha uma gestão pioneira”, critica. Ele também ressalta problemas no sistema político do clube, citando o envelhecimento de dirigentes e a concentração de poder, que criaram uma sensação de que os cargos eram direitos adquiridos. “Isso impactou a identidade do São Paulo e a forma como os torcedores se relacionam com o clube hoje”, destaca.

Por outro lado, Pedro Augusto, que estava na infância durante o tricampeonato, relembrava que, naqueles dias, o São Paulo parecia imbatível, mesmo enfrentando grandes desafios desconhecidos. “A percepção do Mundial mudou com o tempo. Antigamente, a gente tinha menos acesso a informações sobre os clubes europeus, o que aumentava a grandiosidade do desafio. Hoje, com tanto conteúdo disponível, o peso da conquista parece ter diminuído”, observa.

Tiago, com seus 21 anos, não presenciou o auge do São Paulo, mas a história do clube é parte da sua formação como torcedor. Ele reconhece a solidez e a eficiência do time de 2005, mesmo sem ter vivenciado diretamente aquele período. "Cresci vendo má gestão e um clube que se distanciou da grandeza que sempre ouvi falar. Isso dói, pois a história do São Paulo é rica, e os desafios atuais são apenas parte de uma jornada maior”, pondera.

A fé e o orgulho vestindo o manto tricolor permanecem vivos, mesmo que o contexto atual seja desafiador. Tiago expressa que o São Paulo não é apenas um clube de troféus, mas uma instituição com uma rica história, seu estádio, seu público e uma grande tradição. “A história do São Paulo não pode se perder nos desafios de hoje”, finaliza.

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