No dia seguinte à denúncia sobre a venda clandestina de camarotes no Estádio do Morumbi, a tensão é palpável dentro do São Paulo. A avaliação interna é de que o impacto político do caso foi profundo, exigindo uma reação rápida por parte da presidência. Em resposta, Júlio Casares decidiu se reunir com os seis grupos que compõem sua base de apoio ainda na tarde de hoje.
A principal meta desta movimentação é esclarecer os fatos e mitigar o desgaste gerado pelo episódio. Pessoas próximas ao presidente relatam um clima de preocupação, mas também de esforço para controlar a narrativa em relação à crise. A prioridade é evitar fissuras que possam ser irreversíveis na coalizão que sustenta a atual gestão. Entre os grupos convocados está o Movimento São Paulo (MSP), que é considerado um dos pilares da diretoria. Liderado por Antonio Donizete, conhecido como Dedé, o MSP acabou ganhando um papel de destaque involuntário na crise, já que Douglas Schwartzmann, o diretor afastado e figura central nos áudios, integra essa ala política.
Nos bastidores, a pressão tem aumentado. Além do MSP, Casares também se reúne com os grupos Legião, Força São Paulo, Vanguarda e Sempre Tricolor. Cada um desses grupos possui um peso específico no Conselho Deliberativo e uma interpretação própria sobre o momento político enfrentado pelo clube. A presença de Olten Ayres e Harry Massis, líderes de grupos estratégicos, torna as reuniões ainda mais sensíveis.
Embora ainda seja cedo para medir o impacto real da crise, já existem sinais claros de inquietação interna. Alguns conselheiros admitem, em conversas reservadas, que o episódio teve uma repercussão maior do que o esperado, gerando um constrangimento significativo dentro do Morumbi. O tema tem dominado as discussões e articulações desde a detecção do problema.
A oposição, representada pelo movimento "Salve o Tricolor Paulista", está se aproveitando da situação e protocolou uma carta solicitando o afastamento de Júlio Casares, intensificando a pressão institucional. Porém, neste momento, a possibilidade de que esse pedido avance é considerada remota. Os aliados do presidente acreditam que a sustentação política ainda é forte, mas reconhecem que o desgaste não pode ser ignorado. A maneira como o clube lidará com os desdobramentos da denúncia será crucial para manter o apoio dos diferentes grupos alinhados à gestão.
A leitura predominante é de que a crise ainda está em um estágio inicial. Dependendo do avanço das investigações internas e externas, o impacto pode se intensificar. Por isso, o encontro agendado para hoje é visto como um movimento crucial para evitar que o problema evolua para uma ruptura política mais significativa. Assim, as expectativas são de dias intensos nos bastidores do São Paulo, com a presidência priorizando a busca por tempo, redução de danos e a preservação da governabilidade, enquanto a oposição observa atentamente cada passo dado pela diretoria.