Só que ele tem contrato até dezembro de 2016 no Parque São Jorge. Custou R$ 43 milhões que o ex-presidente Mario Gobbi pagou com orgulho ao Milan. Depois de fracassar por todo 2013 e início de 2014, foi emprestado ao São Paulo até o final de 2015. Em janeiro de 2016, teria de retornar e cumprir um último ano de contrato no Parque São Jorge.
Só que a relação é péssima. Como o Itaquerão é responsável por uma dívida de R$ 1,3 bilhão o Corinthians paga o que é prioridade. Está devendo a seus jogadores que disputam a Libertadores. Lógico que deveria também ao que está emprestado ao rival que disputa a mesma competição. São oito meses da metade do salário que divide com os dirigentes do Morumbi. Nada menos do que R$ 3,2 milhões e mais R$ 320 mil de auxílio-moradia. Quando assinou contrato, Pato fechou acordo de R$ 800 mil mensais, o que hoje é repartido entre os dois clubes. Com os corintianos ainda bancando R$ 40 mil de auxílio-moradia.
Andrés Sanchez e Roberto de Andrade, homens que hoje mandam no Corinthians admitem ter sido uma loucura o que Gobbi combinou com Pato. E desde Andrade ganhou a presidência do clube, ele tenta negociar o atacante. Pediu a empresários a oferecê-lo ao futebol árabe, japonês, chinês, ucraniano, russo.

O sonho é pelo menor recuperar 10 milhões de euros, cerca de R$ 32 milhões. E mais: se livrar dos R$ 17,06 milhões em salários que terá de pagar ao atacante, somando todos os débitos até dezembro de 2016. Lembrando que no próximo ano, o dinheiro sairá apenas do Corinthians. Portanto, se o clube se livrar dele na próxima janela, em julho e agosto, os dirigentes agradeceriam aos céus.
Só que Alexandre Pato também tem suas vontades. Ele já avisou seu empresário Gilmar Veloz. Não quer saber de mercados emergentes. E nem clubes menores da Europa. Deseja uma equipe do tamanho do Milan, de onde saiu. Ou então ficar no São Paulo.
Motivos para dor de cabeça de Andrés e Roberto de Andrade. Não há um time grande e nem médio da Europa disposto a apostar no jogador. Ele foi acompanhado de perto por representantes das equipes poderosas no país. E seu desempenho, embora tenha melhorado no São Paulo, continua pífio.
Andrés e Roberto nutrem esperança que o rival resolva bancar os dez milhões de euros. Mas o São Paulo também tem graves problemas financeiros. São mais de R$ 150 milhões em dívidas. Carlos Miguel Aidar não tem a menor vontade de antecipar a compra. O clube pode exercer esse direito até dezembro. Faltam oito meses. O dirigente são paulino mandou recados à dupla que comanda o Corinthians que não tem pressa.

Alexandre Pato se mantém firme. Não vai ceder. Retribuirá na mesma moeda o que passou no Parque São Jorge. Fábio Santos tornou público o que muitos sabiam. Quando o Corinthians foi eliminado da Copa do Brasil em 2013, na decisão por pênaltis para o Grêmio. Pato quis dar uma cavadinha. E praticamente atrasou a bola nos braços de Dida.
"É. Naquele dia, ficou difícil segurar para não baterem no Pato. O (goleiro reserva) Danilo Fernandes estava bem chateado. Uns dois ou três estavam bem bravos. A gente já sabia que ele ia apanhar muito da imprensa, a torcida já queria bater nele, jogador já queria bater nele. Se não tem dois ou três para segurar a bronca ali...", disse o lateral à Fox Sports.
Pato não pôde nem dormir na concentração naquela noite. Foi para a casa do seu empresário, que o tirou do vestiário por uma porta lateral, para fugir da imprensa. Quando as organizadas invadiram o CT corintiano, em 2014, ele foi procurado. Torcedores gritavam que, se o encontrasse, quebrariam suas pernas.
Ou seja, tudo que se refira ao Corinthians costuma arrepiar o atacante. Ele não quer nem pensar em passar por perto do clube. Sua rejeição é total.

Dirigentes corintianos pensam como resolver o complicado caso. Ao final do empréstimo para o São Paulo, no final de dezembro, se não houver proposta de um clube importante do Exterior, o clube faria um acordo para dispensá-lo. A ideia primeira seria não pagá-lo até janeiro de 2016. E depois liberá-lo, mas desde que fosse atuar no Exterior. A liberação dessa maneira interessaria Pato. Gilmar Veloz pretende esperar. Ver o que acontece nesses próximos oito meses.
Pato tem sobrevivido, e bem, com a metade do salário que o São Paulo paga: R$ 400 mil. Mas a verdade é que legalmente a situação vai ficando constrangedora. Já são quase nove meses que não ganha a parte corintiana. A possibilidade de acionar a justiça existe. Mas Gilmar Veloz tem medo de uma ação que pode durar anos. E até travar a carreira do atacante.
Com 11 gols em 2015, Pato tem se mostrado mais confiante. Sonhando até com uma remota chance de ser chamado para a Copa América. Algo que pessoas ligadas à Comissão Técnica de Dunga consideram uma heresia. Suas chances são nulas atualmente.
Pelo menos o jogador de 25 anos se sente à vontade no Morumbi. Muito mais do que no Parque São Jorge. Sabe que não tem a obrigação de ser o grande ídolo do time, como era em Itaquera. Ideia de executivos da Nike e que foi comprada sem análise mais profunda, por Mario Gobbi. Por isso o Corinthians, precisando de dinheiro, se vê preso a um jogador caríssimo, com salários de R$ 800 mil e mais R$ 40 mil de auxílio moradia por mês. Até dezembro de 2016.
"Eu só posso dizer que aqui eu muito bem. Não tenho o que reclamar do São Paulo. Me sinto bem demais por aqui..."
