Qual é o balanço de 2014 nas Seleções de base do Brasil?
GALLO: O trabalho foi a contento. Fizemos 24 jogos este ano. Ganhamos os torneios de que participamos, principalmente com a sub-20 e a olímpica. A sub-17 também ganhou dois torneios, como o Nike Friendlies e outro no Chile. Estamos montando grupos específicos em cada uma das seleções para o ano que vem, que é ano de competições oficiais.
Como você encara a disputa do Sul-Americano?
GALLO: Essa é a competição mais difícil. Mais difícil até que o Mundial, em função daquilo que acontece fora de campo. Tivemos uma experiência no Sub-17 na Argentina, ano passado, que foi complicada. Mas temos que passar por isso, porque o objetivo primeiro, o foco, é a classificação para o Mundial, que será em maio, na Nova Zelândia. Vamos chegar preparados. Nossa equipe é boa e estará muito concentrada para evoluirmos nos treinos e jogarmos bem.
O Brasil pegou uma chave que é dureza, o sorteio não ajudou. Uruguai, Chile, Colômbia...
GALLO: São times complicados, principalmente a Colômbia. Todos os que jogam contra o Brasil vêm no limite físico, técnico e psicológico. Sabemos que teremos que trabalhar mais do que eles para chegar ao topo.
O que esse grupo que foi convocado pode apresentar de bom na competição?
GALLO: Temos bons jogadores. Estão todos no Brasileiro ou até fora do Brasil, como o Lucas Evangelista (Udinese-ITA) e o Otávio (Porto-POR). São vários jogadores titulares nos clubes, como o Carlos (Atlético-MG). Viemos com alguns deles há algum tempo. Poucos não estiveram em algumas oportunidades, como o Marcos Guilherme e o João Pedro, por problemas de liberação dos clubes. O importante é ter a consciência de que o time é bom, mas com pés no chão.
Que tipo de erro o Brasil não pode cometer no Sul-Americano?
GALLO:O Sul-Americano de 2013 foi uma das piores experiências da base do Brasil, e não fomos ao Mundial. Você sabe o que ocorreu lá? Está pronto para não repetir aquilo?
GALLO: Foi antes da minha chegada. Eu sei, mas não posso falar. Estamos preparados para fazer uma boa competição. Os atletas são comprometidos, eles são cúmplices do trabalho, respeitam tudo, e temos certeza de que vamos bem.
A maioria dos jogadores entrou de férias no começo do mês e terá menos descanso e pré-temporada do que nos clubes. Vai haver uma preparação especial?
GALLO: Vão ser 20 dias de férias. Tá ótimo. Na verdade, vamos ter uma pré-temporada de 16 a 18 dias, que é até o início da competição. É um tempo hábil, até porque os atletas são jovens e tivemos 20 dias de férias. É um tempo legal para que eles se recomponham, e 18 dias dá para chegar em boas condições. Não adianta chegar no primeiro jogo no limite. Tem que chegar com 70% para ter um crescimento na competição.
Você não poderá contar com o Danilo, volante que esteve em todas as convocações antes. Qual é o tamanho da sua lamentação?
GALLO: A lamentação é grande. É o jogador com mais convocações nas seleções de base. É um líder técnico importante. Mas temos os nossos limites. Estive em Braga, conversei com o presidente e o treinador. “Infelizmente”, ele é um ponto de equilíbrio da equipe. E por isso o clube não quis ceder. Eles têm seus interesses também e temos que respeitar.
Como está a relação com Dunga?
GALLO: Continua igual. Fico muito contente que ele tenha levado quatro atletas nossos: o Marquinhos, o Fabinho, o Talisca e o Fred. Quanto mais servimos jogadores para a equipe principal, é sinal de que o trabalho está bem feito.
Você está a um mês de fazer dois anos na base do Brasil. O que você identifica como principal problema do futebol de base ao redor do país atualmente?
GALLO: O que temos visto é a questão estrutural. Vários clubes precisam melhorar a estrutura, dar melhores condições aos profissionais. Criar uma cultura de revelação, não de cobrança de títulos. Acho que é importante trabalhar mais com tranquilidade. Aqui no Brasil, muda a diretoria, muda toda a categoria de base, os projetos, os direcionamentos. Isso acaba sendo ruim para o Brasil. Espero que aos poucos isso mude. Na Seleção, há uma política, e temos ido bem. Mas temos nossos limites. Vemos uma necessidade grande de melhorar a estrutura e dar continuidade ao trabalho.
Sobre os jogos da Olímpica em 2015, vamos mesmo enfrentar Argentina e Chile em março?
GALLO: Essa questão de datas fica com o marketing para resolver. Fizemos o convite para os dois. O local, quem escolhe é o presidente, aí é uma questão dele. Vamos para o Sul-Americano e vamos encontrar as duas seleções lá e fortalecer essa questão. Mas vai acontecer. Também vamos tentar jogar contra Portugal, Alemanha... Todos os campeões e vice-campeões continentais.
Um jogador de que você gosta, o Lucas Silva, esteve negociando com o Real Madrid. Acha que sair do Brasil é uma boa?
GALLO: Acho ele um ótimo atleta, de alto nível, foi bicampeão brasileiro jogando. Sempre nos serviu bem na Seleção, repetindo o bom trabalho dele no Cruzeiro. Isso que é importante para gente. Não adianta ele ir bem no Cruzeiro e chegar aqui e sentir. Então, ele é um atleta de personalidade. Ir para a Europa não atrapalha em nada, mas o que pedimos é que os jogadores possam jogar. Se não for no time principal, que seja no time B, sub-23... É muito importante para mim isso.
Para a Rio-2016, você chegou a pensar em levar, como jogadores acima de 23 anos, Neymar e mais duas peças de ataque. Mas, como as suas opções não jogam como titulares, você já mudou e fala em levar um goleiro experiente...
GALLO: É uma posição diferente. Tenho que ter algum deles jogando como titular. É complicado levar para uma Olimpíada se não tiver jogando, porque é competição de tiro curto. Não podemos errar. Ainda não tenho a escolha, tenho que esperar chegar 2016. Acho que é um caminho natural usar o titular da principal. Não sei se vai acontecer, e a resposta só posso dar mais próximo à Olimpíada.
E sobre o Pan? Se o Brasil jogar, não vai dar para convocar a sub-20 nem a olímpica. Acha que não valeria levar a sub-17?
GALLO: Acho que a definição vai ser do presidente Marin e do Marco Polo. Mas levar com qual intuito? Num ano pré-olímpico, não teríamos ganho com a sub-17, especificamente. Esse grupo é importante para nós, fez boas campanhas e tá com calendário recheado. E como vamos explicaar para a torcida que estamos com a sub-17 contra times sub-23? É difícil...
Tem viagem à Europa marcada para visitar jogadores e clubes?
GALLO: Está pronto para a segunda quinzena de fevereiro. Vamos sair no dia 23 para Portugal, Espanha, Holanda e Bélgica. São nove jogadores. Alguns novatos e outros que estiveram com a gente na China. Tem gente que não visitamos ainda, mas não podemos falar porque senão o cara pode mudar o comportamento.