Quem olha um rapaz alto, de avental e viseira verdes vendendo iogurte congelado em um shopping de São Bernardo do Campo, na região do ABC Paulista, não imagina que há oito anos ele estava do outro lado do mundo, no Japão, erguendo o troféu mais importante para um clube de futebol, o do Mundial de Clubes.
Em 2005, Alex Bruno era o reserva imediato do trio defensivo do São Paulo, formado por Fabão, Lugano e Edcarlos. Não chegou a jogar nem contra o Al-Ittihad (da Arábia Saudita), nem na decisão contra o Liverpool, mas teve papel fundamental para o time estar ali, após ser titular nas fases finais da Taça Libertadores.
Agora de férias após defender o Paraná Clube em 2013, a rotina de Alex é diferente da maioria dos jogadores. Nada de peladas de fim de ano ou longas viagens. Enquanto procura um clube em São Paulo (foi sondado pelo Santo André), ele aproveita para acompanhar de perto o andamento da sua franquia de iogurtes, negócio que foi aberto há cinco anos e que faz parte do seu plano de carreira pós-futebol.
- Eu morava em Belo Horizonte e adorava o produto. Aí comecei a me interessar, procurei os responsáveis pela franquia, estudei o funcionamento, achei um ponto legal e fiz o investimento. Estou neste ramo há cinco anos e, como em todo investimento, temos altos e baixos. Hoje, conto com a ajuda de um dos meus irmãos, porque há muitos anos não moro em São Paulo e alguém de confiança precisa estar aqui sempre - contou.
Aos 31 anos, Alex sabe que o fim da carreira nos gramados está próximo, por isso já estuda novas possibilidades de investimento. A ideia no futuro é abrir uma franquia de roupas ao lado da esposa, em Balneário Camboriú, Santa Catarina, onde os dois possuem residência fixa - ele vai passar as festas de fim de ano lá.
Depois de passar por inúmeros problemas dentro de campo - cirurgia no São Paulo e no Paraná, lesões e doping no Sport em 2011, o objetivo do ex-camisa 25 do São Paulo é jogar por mais quatro temporadas - até os 35 -, antes de vestir apenas a camisa do time dos empresários.
- Não tem jeito. Carreira de jogador de futebol é curta e oscila bastante. Minha ideia agora é disputar o Campeonato Paulista da A-1 por um clube de médio porte, porque sei que estou fora do mercado daqui há algum tempo, e depois pensar em alguma coisa maior. Uma nova franquia só vou abrir quando eu parar de jogar futebol, porque é importante o dono estar perto, acompanhar o dia a dia dos funcionários e atender bem seus clientes. Essas coisas fazem a diferença - finalizou.
Mesmo sem saber onde vai jogar em 2014, Alex relembra da sua trajetória no futebol. Do título da Copa do Brasil em 2004 com o Santo André, que o projetou para o São Paulo, até o Mundial de Clubes em 2005 com o Tricolor, além da Taça Rio com o Botafogo, em 2007.
- Uma coisa que o Rogério Ceni falava e é verdade: você precisa defender um clube e deixar um quadro na parede. Se tem um quadro lá, é porque você conquistou alguma coisa. Eu sou muito abençoado nesse sentido. Ganhei o Brasileirão, Libertadores, Mundial, Copa do Brasil... Por isso, tenho as portas abertas nesses lugares. E essas coisas ficam na nossa memória para sempre. Contra o Liverpool não joguei, mas perdi uns três anos de vida no banco de reservas, torcendo e sofrendo para acabar o jogo logo - completou.