Foto no Pacaembu, mas não no jogo de ontem

Parecia brincadeira de mal-gosto. Sair cedo de casa sob sol escaldante, pressão baixa, sem comer direito por conta da ansiedade, atravessar fila nas catracas do pacaembú, entrar no estádio e assistir o time reserva entrando em campo. Que palhaçada é essa, Ney Franco? Esse time empatou com a Ponte Preta! Nem Rogério Ceni? No 5 x 0 ano passado tínhamos Mito no gol, imagine sem! O desespero e a indignação tomou conta dos torcedores. A situação piorou quando o time titular do Corinthians entrou em campo. Sim, o mesmo elenco que disputará o mundial e embarca essa semana para o Japão. Vixi, e agora?

Por todos os lados eu conseguia escutar suposições fantásticas "Passou a escalação errada no telão, essa é do banco, pô". Tomara que seja isso, pensava eu. Mas não era. Ney Franco, jogadores e dirigentes se reuniram no sábado a tarde e para preservar a decisão da Sul-Americana decidiram poupar todos os titulares. Decisão sábia, porém, arriscada quando o último jogo do brasileirão é contra o Corinthians ( ninguém quer perder um clássico desses, não importa se é "amistoso" ).

A reação da torcida quando percebeu Henrique Miranda, Lucas Farias, Willian José e alguns outros nomes inesperados em campo, foi uma só: apoiar e cantar com força. João Filipe iniciou o jogo com erros e levou chamada de atenção por Casemiro e Edson Silva. Na sua segunda falha, o mais temido aconteceu, o Corinthians marcou o primeiro gol da partida com Guerrero. A torcida rival foi à loucura e os São Paulinos trataram de calá-los com fervor rapidamente. O grito de "D-a-lhe, dá-lhe, dá-lhe, ô! Avante, meu tricolor!" e "Arerê, São Paulo, eu acredito em você!" tomou conta de todas as arquibancadas com força ensurdecedora. Um show, não parecia que estava 1 x 0 contra nós.

Todos os pelos do corpo se arrepiavam com a agitação da torcida e tenho certeza que os jogadores também sentiram essa vibração positiva que estava sendo enviada, pois apenas 120 segundos depois de tomar o gol corinthiano, Douglas marcou para o São Paulo com passe do Ganso. Explosão! Quem acreditava naquilo? O time reserva empatou e reagiu! Nem o Douglas sabia como comemorar, correu para um lado, depois para o outro, ajoelhou-se e beijou o manto sagrado. Semblante eufórico.

Não que nós não confiássemos no nosso banco, mas o São Paulo está saindo de uma estiagem de 4 anos terríveis e ainda pisamos em ovos, principalmente, em clássicos. Afinal, no meu time, eu sempre confio.

Não houve voz que ficasse em silêncio, não houve torcedor que ficasse parado. Cantamos e apoiamos o tempo todo, fechamos o brasileirão com chave de ouro dando todo impulso que o São Paulo necessitava para a final da Sul-Americana. Aos 23 minutos, o melhor jogador em campo na partida (minha opinião), marcou um golaço. Passe do Ganso também. Golaço do Maicon que merece o parabéns de todos nós. Frio, de esquerda, ajeitou a bola, o zagueiro chegando, lançou uma bomba perfeita e bonita de se ver. Golaço! Viramos a partida com categoria.

Aquele gol anulado em situação legal poderia mudar a situação do jogo? Posso ser lógica ao dizer que se vencemos de 3x1, seria 3x2. Mas é obvio que sair do primeiro tempo empatado mudaria todo o clima do jogo. Porém, com empate ou sem empate, o Corinthians veio para cima a todo vapor quando retornou do intervalo e apelou em alguns momentos. Marcaram? Não e ainda levaram mais um. Ontem era dia de São Paulo, o clima, a técnica, a tática, o entrosamento, a garra/vontade/animação, a o futebol feliz e bonito que foi apresentado pelos reservas tricolores demonstram e transparecem um grupo de (mais ou menos) 25 jogadores fechados com o técnico e a diretoria em sintonia. Não há espaço para frustração, apenas para a luta. Não vi o nenhum jogador novo abalado porque perdeu do Santos na final sub-20 sábado, pelo contrário, o título deles foi ganhar do Corinthians que vai para o Mundial. Ninguém se abalou e acredito que não seriam abalados pelo empate no primeiro tempo.

Essa partida na véspera da abertura da janela, foi uma segunda chance e uma vitrine. Quem quer ficar no São Paulo, correu atrás e quem quer sair "posou bem pra foto". Todos mostraram do que eram capazes.

O segundo tempo chegou e o aperto também, Denis fez ótimas defesas e segurou o placar muito bem. João Felipe melhorou, a bronca do intervalo funcionou. Cañete entrou e atuou ao lado de Ganso. O time foi para o ataque com a entrada de Ademilson. O terceiro gol chegou com Maicon. O meio-campista/volante que oscila entre opiniões - ora aclamado, ora vaiado - forçou o silêncio de seus críticos e elogios de seus novos fãs.

Daí por diante, só alegria e gritos que trazem lágrimas aos olhos. "Tri-Mundial, é coisa que o Corinthians não consegue nem a pau!", "Nosso freguês voltou, ôÔ". Acompanhe no vídeo algumas partes emocionantes.



Todo são paulino saiu feliz do Pacaembu. Com o clima certo para a final de uma decisão internacional, um título inédito. O São Paulo transmite toda confiança que deve e vai para cima com garra e respeito aos argentinos.

Finalizo meu texto com o parabéns especial ao técnico Ney Franco, figura elementar à reação do São Paulo nos últimos meses. E conto os dias para o glorioso dia 12/12/12. Faltam 9 longos dias.

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