Paulo Henrique Ganso já assinou contrato com o São Paulo, fez tratamentos intensivos e até estreou pelo time do Morumbi, mas, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o meia ainda dá dores de cabeça ao Santos. Não conformada com a absolvição do Peixe por não tomar providencias para conter a torcida em protesto contra Ganso, jogando moedas em campo, a Procuradoria do STJD recorreu da decisão e trouxe o assunto novamente a pauta, agora do Pleno. Por unanimidade de votos, o Santos acabou multado em R$ 5 mil pela atitude antidesportiva dos torcedores, por unanimidade de votos.

Na partida entre Santos e Bahia, no dia 29 de agosto, o Santos buscava a recuperação no Brasileiro, tentando se afastar da zona de rebaixamento. Após sair na frente do placar com gol de André, o Peixe sofreu a virada e acabou perdendo em casa por 3 a 1. Ganso, que pouco ajudou o time, foi muito vaiado pela torcida, que atirou moedas no gramado.

Através de prova de vídeo, a Procuradoria do STJD denunciou o Santos por “deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir o lançamento de objetos no campo”, com base no artigo 213, inciso III, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), sob risco de multa de até R$ 100 mil e perda de até dez mandos de campo.

Em defesa ao clube, na sessão do dia 3 de outubro, o advogado João Gazolla apresentou prova de vídeo e destacou: “O Santos não merece qualquer tipo de punição. Nós não só prevenimos como, no circuito de câmeras, nada foi constatado. Temos câmeras em vários pontos do estádio. Por onde o Ganso estava seria muito fácil acertar o atleta, mas fica claro nas imagens mostradas que não houve nada”, ressaltou o defensor.

Após ouvirem a defesa, os auditores da Terceira Comissão entenderam que o fato não foi grave e, por unanimidade de votos, decidiram absolver o Santos. Inconformada, a Procuradoria do STJD recorreu da decisão, e ainda pediu a condenação do Santos, nos mesmos termos da denúncia original, com base no artigo 213, inciso III, parágrafo primeiro. Para o Procurador-geral, Paulo Schmitt, independente do tamanho do objeto lançado, o ato teria que ser punido.

Nesta quinta-feira, dia 22 de novembro, depois de lido pelo relator o processo, foi mostrado novamente as imagens da partida. No vídeo foram mostradas imagens de moedas arremessadas pela torcida do Santos no gramado da Vila Belmiro, em protesto contra o meia Paulo Henrique Ganso, na época jogador santista e hoje atleta do São Paulo. Uma entrevista com o jogador também foi exibida.

Na defesa do Santos, o advogado João Gazolla sustentou que a decisão da comissão disciplinar não merece reparo, destacando que ela foi unânime. "Isso (a absolvição) decorreu da inexistência de qualquer prova contundente de que moedas foram arremessadas no gramado". O defensor também chamou a atenção para a entrevista de Ganso na saída do gramado, em que a torcida o hostiliza. "Toda manifestação da torcida foi verbal, não há qualquer imagem desses arremessos".

O advogado afirmou ainda que as moedas teriam sido colocadas no gramado para prejudicar o Santos, e não que tenham sido arremessadas. "Por isso é que não há identificação de infrator". Assim, João Gazolla pediu a manutenção da absolvição do clube alvinegro.

O relator do caso afirmou que não há como chegar a outra conclusão como a de que os torcedores tiveram atitudes antidesportivas, e, por isso, votou por dar parcial provimento ao recurso da Procuradoria, para multar o Santos em R$ 5 mil, por infração ao artigo 213-III do CBJD, excluindo a aplicação do parágrafo primeiro do mesmo artigo, que prevê a perda de mando de campo. O Santos tem sete dias para pagamento. Os demais auditores acompanharam o relator.