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Fabrício 'apaga' 2012 e manda recado: 'Vou voltar ainda mais forte'

Volante pede desculpas a Juvenal, espera atuar com Ceni em 2013 e diz que, se Tricolor conquistar a Sul-Americana, não se sentirá campeão

Quando o São Paulo começou a dar vexames no segundo turno do Campeonato Brasileiro de 2011, a diretoria logo encontrou o principal problema: falta de ambição. Com grande parte do elenco acomodado, os dirigentes tomaram uma atitude radical e promoveram uma reformulação no grupo. Treze atletas saíram, outros 11 foram contratados, entre eles o volante Fabrício.
O volante que veio do Cruzeiro tinha o perfil desejado: experiente, líder em campo, daqueles jogadores que, além de mostrar qualidade com a bola nos pés, têm personalidade para comandar a equipe e dar broncas quando necessário. Tanto que, quando o então técnico Emerson Leão esboçou o time, Fabrício era titular absoluto, ao lado de Wellington no setor de marcação do meio-campo. Mas a alegria logo virou uma enorme decepção para o jogador de 30 anos.
Fabrício chegou ao São Paulo com uma tendinite no pé esquerdo. Perdeu a pré-temporada e só ficou à disposição no fim de fevereiro. A estreia foi contra o Bragantino. Atuou por apenas 22 minutos e saiu com uma lesão na coxa esquerda. Ficou um mês em tratamento e retornou contra o Ituano, no dia 1º de abril. Jogou 45 minutos e não teve nenhum problema. Na partida seguinte, nova contusão, desta vez na panturrilha direita, contra o Mogi Mirim, em Barueri. Quando voltou, em 17 de junho, contra o Atlético-MG, no Morumbi, sofreu ruptura do ligamento cruzado do joelho esquerdo. Terminava assim, de maneira melancólica, a temporada 2012 para o jogador.

O baque foi forte. O Fabrício falante deu lugar a um atleta acuado, que em muitos momentos precisou segurar o choro. Apesar do apoio dos companheiros e dos torcedores, a sensação de débito consumia o atleta. A ponto de, em encontro com o presidente Juvenal Juvêncio, pedir desculpas ao dirigente.

Sem ajuda especializada, encontrou na família o carinho suficiente para se reerguer. Quatro meses e meio após se machucar, o atleta, agora, sorri e já pensa no futuro.
- O guerreiro está caído, mas vai levantar. Tudo que aconteceu só serviu para me deixar mais forte - diz o jogador, que iniciará os trabalhos físicos no campo dentro de no máximo dez dias. Jogos oficiais, no entanto, só em 2013.


Fabrício vai começar os treinos físicos no campo em dez dias (Foto: Marcelo Prado/ GLOBOESPORTE.COM)

Ao GLOBOESPORTE.COM, Fabrício abriu seu coração: falou sobre a lesão, sobre como foi difícil enfrentar a sensação de incapacidade, sobre a força de vontade que precisou ter durante a recuperação, entre outras coisas. Disse ainda que não se sentirá campeão caso o Tricolor conquiste a Copa Sul-Americana e que ficará com uma enorme frustração se não puder jogar ao lado de Rogério Ceni, que voltou de lesão em julho e ainda pensa se vai esticar sua carreira por mais uma temporada.

GLOBOESPORTE.COM - Como tem sido a rotina de tratamento?
Nós, jogadores, estamos acostumados a treinar, jogar bola e fazer apenas coisas gostosas. Ter de vir ao CT para fazer fisioterapia é chato demais, cansa. Mas é necessário para que possa me recuperar, voltar e ajudar o São Paulo. São seis horas por dia. Começo às oito e meia, nove da manhã, vou até o meio-dia, recomeço às duas e paro às quatro e meia, cinco horas. Já estou nessa pegada há quatro meses. O que me anima agora é que o pior já passou. Dentro de poucos dias vou começar a treinar no gramado.

Qual foi o pior momento?
O dia seguinte da lesão. Você só pensa que terá cinco, seis meses de muito sofrimento pela frente. A primeira semana é complicada demais, você está debilitado, depende de muletas para andar. Agora pelo menos já saí da fase da maca, faço exercícios de musculação e trabalhos aeróbicos. Isso se aproxima mais da rotina de qualquer atleta. Tudo agora é mais pesado, mais cansativo, mas, sem dúvida, os dias passam mais rápido.

Você procura entender a razão de tantas lesões ou trata tudo como fatalidade?
Nada acontece por acaso. Tudo tem algum motivo. Entendi o que ocorreu como uma mensagem de que precisava rever algumas coisas. Fiz uma análise completa e passei a trabalhar mais a minha espiritualidade. Antes, isso ficava de lado, pensava apenas nas coisas materiais. Mudei meus hábitos e evoluí como pessoa. Vou voltar ainda mais forte.
Chegou a procurar ajuda especializada? Quem o apoiou nesse momento?
Não vou esconder que fiquei baqueado demais. Já sofri uma lesão de joelho como essa no passado, mas acho que o complica agora é a situação como um todo. Joguei muito pouco. Vim para o São Paulo cheio de esperanças e nada se concretizou. Eu me apeguei aos meus filhos, à minha família. Passei a pensar só neles para o dia passar mais rápido. No dia em que me machuquei, chorei muito. Mas depois você se convence de que precisa ser forte para reagir. Passei a fazer coisas que não estava acostumado, como levar e buscar meus filhos na escola, a passar o fim de semana com eles. Isso me deu muita força. Criança é algo impressionante, ela não tem noção da situação e só passa carinho.
Desde que se machucou, quantos jogos você viu do São Paulo?
Agora estou vendo mais. No começo, assistia a alguns dos outros times, menos os do São Paulo. Era muito difícil, você quer jogar, quer ajudar os companheiros, mas é incapaz de fazer isso. A sensação de impotência machuca.

Teve algum contato com o presidente Juvenal Juvêncio?
Falei com ele uma vez no CT. Não só com ele, mas com outros que foram fundamentais para a minha contratação. Fiz questão de pedir desculpa a eles. Não podia imaginar que tudo daria tão errado no começo. Sei o quanto é ruim para um clube ter um atleta machucado. Mas eles são pessoas muito vividas e evoluídas, me deram muito apoio. Agora preciso ficar bem e retribuir esse carinho nos próximos anos de contrato.

Imagino que você deva ter escutado algumas vezes torcedores rivais ou críticos o chamando de "bichado"....
Não tem como ficar surdo. Escutei muito. Fico triste porque essas pessoas estão falando de um ser humano, ninguém sabe tudo que tenho sofrido. Acho que elas nunca tiveram problemas na vida. Não estou colocando praga em ninguém, torço para que elas nunca tenham dificuldades, mas uma hora elas vão pagar. Tenho de ignorar, trabalhar forte e voltar para ajudar.


Rotina de fisioterapia no Reffis: seis horas de trabalho, todos os dias (Foto: Site oficial do São Paulo FC)

Como você define 2012 na sua carreira?
Não tem 2012, apaguei da minha memória. Vim para o clube que sempre quis jogar e não consegui. Vou falar o quê deste ano?
Como vê o crescimento do time?
Fico muito feliz. Só estou chateado pelos volantes estarem tão bem (risos). Causa preocupação porque sei que a concorrência será forte lá na frente. Mas, falando sério, o que mais anima é que o São Paulo voltou a ser o São Paulo que todos estão acostumados a ver. Sem dúvida, temos um time competitivo. A defesa se acertou, Wellington e Denilson estão muito bem. É manter esse foco que dá para conquistar o título da Sul-Americana.

Se o Tricolor ganhar esse torneio, vai se sentir campeão?
Ah, cara, não tem como. Minha convivência com o grupo é muito restrita. Tem muito bom dia, boa tarde e algum contato nas refeições. Não tem aquilo de estar ajudando, participando. Fico feliz se eles ganharem porque sem dúvida vai acrescentar muito na carreira de todos os atletas.

Vai ficar uma frustração se não conseguir atuar ao lado do Rogério?
Sem dúvida. Não tem como pensar no São Paulo sem pensar nele. Quando surgiu a chance de vir, uma das primeiras coisas que você pensa é que vai jogar com ele. Impressiona o jeito que ele encara a profissão. Eu acredito que o Rogério está muito bem e todos aqui torcem para ele continuar. Se depender de mim, a renovação já está assinada (risos).

Para fechar, gostaria de deixar algum recado para o torcedor?
Quero agradecer o apoio. Quando ando na rua, todos me dão palavras de incentivo, falam que querem me ver jogando logo. No ano que vem, vou retribuir esse carinho.


Fabrício agradece aos torcedores pelo apoio (Foto: Marcelo Prado/ GLOBOESPORTE.COM)

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