De Vitor Birner

Real Madrid e Barcelona empataram ontem.

Não imagino os atletas deles deixando de participar do clássico para servir as seleções de seus países.

Os clubes não admitiriam.

Aqui, até em semifinal de Libertadores eu já vi time perdendo jogador para o selecionado nacional.

A equipe de Mano Menezes, destrutiva para o bom andamento do Brasileirão, vai fazer estragos nas próximas três importantíssimas rodadas.

A situação estapafurdia, ridícula e sem nexo pode ser evitada pelos cartolas.

Marin abriu a possibilidade de dar dispensa para quem pedir, porém os cartolas têm muito medo.

É disso que trato neste post.

Eles têm mais medo de quem?

De novo a seleção fará estragos. Desfalcará oito equipes entre as importantíssimas 29ª e 31ª rodadas do brasileirão.

Os cartolas, em tese preocupados com disputas de título e vaga na Libertadores, irão liberar gentilmente os atletas para a agradável viajem à Suécia e à Polônia, onde acontecerão os amistosos contra o Iraque e o Japão.

Esses jogos são comercializados pela empresa saudita Internacional Sports Events, sediada no paraíso fiscal das Ilhas Cayman .

A CBF vendeu para a ISE o direito de negociá-los. Ambas estão ganhando dinheiro sem pagarem nada para os jogadores e os clubes.

Traduzindo, aos astros do evento e aos seus patrões.

O mundo futebol é realmente atípico.

Nenhuma atividade profissional admite a constante cessão de funcionários para trabalharem de graça noutras empresas.

A Confederação Brasileira de Futebol é uma instituição privada.

Tanto o seu atual presidente quanto Ricardo Teixeira afirmam isso na hora de explicar algumas ações da entidade.

Os dirigentes dos times gastam fortunas na formação, contratação e pagamento de salários dos boleiros.

Eles poderiam solucionar o problema do próximo mês (desta semana) sem dificuldades

José Maria Marin, em entrevista ao Cartão Verde do dia 4, foi claro e direto ao tratar do tema:“ Isso se resolve facilmente. Cada dirigente, ou presidente, que julgar que sua equipe está sendo prejudicada pela convocação, mande um ofício à CBF, assine o ofício, e certamente eu vou atender o pedido”

Se nenhum representante de Flu, Galo, Vasco, Grêmio, São Paulo, Inter, Santos e Corinthians, os prejudicados da vez, toma a iniciativa óbvia, sou obrigado a desconfiar que sabem como ninguém com quem estão lidando e temem retaliações.

Aliás, o pavor da cartolagem vai além. Os empresários, que ajudam a reforçar as equipes, vão ficar irritados. Querem valorizar seus clientes e negociá-los.

Os atletas obedecem os agentes e amam o glamour da camisa verde e amarela. Colocam-na acima das que usam no dia-a-dia.

Infelizmente, para os milhões de torcedores deles, o título e a vaga na Libertadores serão decididos também por detalhes além dos esportivos.

Silenciosa vítima

Nenhum time sofreu mais em 2012 com a convocações do que o Santos.

Neymar parece funcionário da CBF, não do Peixe.

Os resultados da equipe com e sem ele provam a importância do craque.

LAOR deveria pedir a desconvocação do jovem santista.

O ideal seria unir os cartolas dos oito times prejudicados e fazer um ofício assinado por todos exigindo a dispensa dos jogadores.

OBS: Estes textos são a reprodução de minha coluna do sábado retrasado no Lance!

Complemento

Se algum dirigente de clube estiver mais interessado em valorizar os atletas (passagens pela seleção fazem isso) do que nos resultados da equipe por ele administrada, nós temos o direito de desconfiar dele.