Ricardinho não se sente à vontade para comentar assuntos polêmicos. “Olha, antes de falar com você, eu já havia avisado a minha assessoria de imprensa: não tenho nada para dizer sobre o Ganso”, enfatizou o ex-jogador, que trabalhou pela primeira vez como técnico no Paraná, de janeiro a setembro deste ano. Assim como Paulo Henrique Ganso, ele vivenciou a experiência de deixar um clube rival de forma conturbada para defender o São Paulo quando também era meio-campista.

A trajetória de Ricardinho pelo Morumbi, no entanto, não foi tão destacada como esperavam os dirigentes que pagaram R$ 4 milhões (na ocasião, um recorde no mercado nacional) para tirá-lo do Corinthians. Após enfrentar boatos sobre problemas de relacionamento com um enciumado elenco do São Paulo, o jogador passou pelo Santos e novamente pelo clube do Parque São Jorge, onde recuperou a imagem de ídolo para parte da torcida.
Gazeta Press

Assim como Ganso, Ricardinho também era meia e deixou um clube rival para se transferir para o São Paulo
“O Ganso também pode conquistar novamente os torcedores do Santos. Esse sentimento contra ele é momentâneo. Pode ter certeza de que, se um dia o Ganso tiver que voltar para o Santos, a torcida vai abraçá-lo outra vez. Ninguém esqueceu o que ele fez pelo clube. O que o torcedor quer é ver o seu time bem”, analisou Ricardinho, quando se soltou um pouco mais para comentar o caso, em conversa com a GE.net. Revelado pelo Santos, Ganso custou quase R$ 24 milhões ao São Paulo e saiu da Vila Belmiro sob protestos e com a imagem de vilão.

Apesar de apostar no sucesso de Ganso no caso de um improvável retorno ao Santos no futuro, Ricardinho relutou e não analisou o presente do reforço do São Paulo. “Não tenho o que falar”, repetiu, sem disposição para rememorar polêmicas de sua passagem por um rival do Corinthians. “Eu falava que pensava em fazer as coisas bem na época, mas gostaria de não opinar em relação ao Ganso. Cada transferência tem a sua história. Não sei o que aconteceu na dele. E a minha, então... Já faz uns dez anos”, sorriu.

Ricardinho aceitou somente uma comparação com Ganso – com algumas ressalvas. “É... Pode ser que o nosso estilo de jogo seja parecido, sim”, disse. “O Ganso é um meia, um armador, e não um atacante. É um jogador com uma característica que poucos têm no Brasil. Estamos carentes de bons armadores, como ele, enquanto contamos com muitos volantes marcadores. Embora eu jogasse um pouco mais na esquerda, enquanto ele atua centralizado, distribuindo o jogo”, ponderou.

Após os elogios para Ganso, Ricardinho recobrou a prudência característica ao vislumbrar o futuro do meia em outra equipe, aquela comandada por seu colega Mano Menezes. “É claro que o Ganso pode voltar à Seleção Brasileira, mas isso vai muito da característica, do que o treinador quer para o seu time. Como sou técnico hoje, não vou comentar nada sobre as convocações do Mano. Só ele pode responder se sente falta de determinado jogador ou não. Desculpe-me, mas, por ética, é melhor não falar nada sobre isso”, esquivou-se o politicamente correto ex-jogador do São Paulo.