publicidade

Ney Franco explica por que trocou a CBF pelo São Paulo

Em entrevista exclusiva, técnico deixa clara a vontade de construir uma longa e vitoriosa trajetória no clube


Em menos de uma semana no São Paulo, Ney Franco já começa a dar sua cara à equipe e a mostrar que tem coragem - ele não hesita em pedir que a torcida lhe cobre títulos ainda neste ano. Em entrevista exclusiva ao JT, o treinador mineiro, que está morando no CT da Barra Funda, conta o que espera da equipe tricolor sob seu comando, fala sobre o aproveitamento de jogadores das categorias de base, uma de suas especialidades, e deixa claro que sonha com uma trajetória longa e vitoriosa no Morumbi, com direito a ganhar a Libertadores da América e o Mundial de Clubes.


Quando você chega a um ambiente e percebe que existe a aceitação, isso te dá mais tranquilidade para desenvolver o seu trabalho, mas sei que isso acaba na hora em que se começa a jogar. Espero iniciar meu trabalho em cima do ambiente que tem sido legal por parte da torcida, da imprensa e, especialmente, dos jogadores, que estão aceitando e se entregando para fazer o trabalho que propomos, isso para mim é o principal. Sabemos que para continuar assim é preciso entrar em campo e ganhar. Fico muito feliz também pela aceitação da crônica especializada, que está enxergando nosso trabalho nos últimos anos. Eu acredito que temos tudo para repetir isso aqui no São Paulo.



Como tem sido a receptividade dos torcedores? E sua adaptação à cidade?

Ainda não tive tempo para curtir a cidade. Cheguei sozinho, estou morando no CT e trabalhando quase sempre em dois períodos. E quando não estou em campo estou assistindo a vídeos, conversando com profissionais do futebol ou do clube. Acho que nos próximos meses será difícil porque começaremos a ter jogos às quartas e aos domingos. Mas tenho certeza de que não terei problemas para me adaptar e espero ter um longo período à frente do time.

Você tinha um projeto de longo prazo com as equipes de base da CBF. Por que trocar isso pela rotina instável de um clube?

Precisamos nos adequar a essa instabilidade, o que me segurava na CBF era o projeto que tínhamos e isso me motivava, mas de repente chegou um grande clube, com uma proposta interessante, uma estrutura que me permite desenvolver meu trabalho e que enriquece meu currículo, afinal posso ganhar muitos títulos aqui. Tudo isso, aliado à forma com que o clube chegou à CBF e conseguiu minha liberação, fez com que eu saísse de lá pela porta da frente. Não poderia perder a chance de treinar um clube dessa envergadura.

Já existe um planejamento pronto com a diretoria para a temporada?

Falamos o tempo todo em torno de conquista, fica claro que a ideia principal é montar times fortes para ganhar títulos. Logicamente, conquistar uma vaga na Libertadores, pelo nível de dificuldade do Campeonato Brasileiro, é algo importante, mas o título está sempre acima de tudo.

Como analisa o elenco? Existe a necessidade de reforços?

É um elenco forte, mas como qualquer outra equipe você precisa ficar atento a possíveis contratações, afinal em algum momento você pode precisar suprir uma carência. Mas você não precisa necessariamente sair contratando. De repente você tem um trabalho bom nas categorias de base, como é o caso do São Paulo, e busca lá algum jogador que possa atender a essas necessidades de imediato. Nós temos um caso aqui dentro para o meio, que é o João Felipe, um jogador que será difícil achar algo parecido no mercado se eu precisar de alguém para a sua função. Mas existe o caso da lateral direita, por exemplo, em que só temos o Douglas. Precisamos ver se alguém da base pode atender à nossa demanda ou se precisaremos ir ao mercado.

Qual padrão de jogo você pretende adotar para a equipe? Há algum modelo a seguir?

Sempre priorizei a montagem de equipes que soubessem se posicionar para marcar sem a bola e, quando estivéssemos com a posse, que soubesse como atacar sem deixar a defesa exposta. Tem muita gente que confunde isso com sistema de jogo. Não tenho uma forma definida de jogar ou preferência por 4-4-2 ou 3-5-2, eu adapto de acordo com as características dos meus jogadores. E modelos eu tomo os da minha vida profissional, por isso penso naquele Cruzeiro de 2003 do (Vanderlei) Luxemburgo, a forma de posicionar a equipe em campo é a que tento implementar aqui. Era uma equipe que fazia muitos gols e levava poucos, ganhou três títulos. Essa é uma referência boa e acompanhei muito de perto o trabalho do Vanderlei na época porque eu comandava a base.

Como agiria caso a diretoria interferisse no seu trabalho, como fez com Leão no caso do afastamento do Paulo Miranda?

Acho que aquilo não vai mais acontecer e nem conversei com a diretoria sobre o assunto, minha preocupação foi falar com o atleta, que não vinha jogando e não começará a partida contra o Palmeiras. Disse que ele faz parte dos planos e será usado tanto no Brasileiro quanto na Copa Sul-Americana. Quero que ele esteja bem de cabeça, afinal é um bom jogador tecnicamente e que tem clubes interessados no seu futebol. Tenho certeza que ele ficará aqui de corpo e alma e vai representar muito bem quando for solicitado.

Você é conhecido por trabalhar bem com a base e a diretoria reclama do pouco aproveitamento dos garotos. Faltam jogadores ou a base vinha sendo mal explorada?

É difícil falar. Se um clube tem uma estrutura como aquela e não utiliza nenhum jogador pode haver algum problema, seja na captação, na preparação ou na maturidade. Mas existe um fator que prejudicou todos os clubes que investem na base, não só o São Paulo, que foi a redução da idade da Copa São Paulo, do Campeonato Brasileiro e da Copa BH de 20 para 18 anos. Sabemos que o jogador nessa idade, com raras exceções, precisa de mais alguns componentes na sua formação, seja física, tática ou tecnicamente. Felizmente as competições vão voltar a ser sub-20, porque existia uma espécie de limbo onde os meninos de 19 e 20 anos ficavam. Eles não jogavam com os profissionais e não tinham espaço na base.

Quem são os próximos garotos que podem aparecer no time principal?

Ainda não conheço. Fui a Cotia conhecer a estrutura e em conversa com o René (Simões, diretor técnico da base) e o Sergio (Baresi, treinador da equipe sub-20) já colhi informações de alguns jogadores, na próxima quinta devemos ter um trabalho com alguns meninos dos juniores e vou poder observar mais de perto quando eles recomeçarem a disputar os campeonatos no segundo semestre. Se eu não estiver nos jogos, algum membro da comissão vai acompanhar e pretendo trazer os que se destacarem para um período entre os profissionais e ver se eles já estão preparados.

Você sempre armou bons times, mas não conquistou muitos títulos na carreira. Acha que com um grupo mais forte essa história pode mudar?

Acho que sim, tive bons momentos também no Flamengo (conquistou a Copa do Brasil de 2006), mas acredito que aqui podemos fazer disso algo mais duradouro porque temos jogadores de muita qualidade e muitas peças de reposição. Tenho a ciência de que estou no clube que vai melhorar muito meu currículo e me habilitar a ganhar Campeonatos Brasileiros, Libertadores e quem sabe até ter a competência de ser campeão mundial.

Você disse que quer ser cobrado por títulos desde o início. Não teme que a pressão seja grande muito cedo?

Independentemente de eu falar ou não, a torcida está sonhando com um treinador que conquiste títulos e essa pressão começa já no jogo contra o Palmeiras. Eu não posso me esconder e ou colocar uma armadura pedindo um ou dois meses para me adaptar. Eu estou ciente das responsabilidades, já estou fazendo algumas mudanças de posicionamento na equipe e não posso me esconder atrás de uma data ou tempo porque na prática o futebol sabe que isso não existe.

De repente você, que é compositor, pode escrever uma música para comemorar uma conquista...

Quem sabe? Quando você ganha vale tudo, até se atrever a fazer a letra de uma música (risos). Mas vamos tentar ganhar primeiro para ver se vem essa inspiração.



VEJA TAMBÉM
- São Paulo vence Águia de Marabá e se aproxima das oitavas na Copa do Brasil.
- Veja a provável escalação do Tricolor para o jogo de hoje
- Veja como assistir Águia de Marabá vs São Paulo ao vivo


Receba em primeira mão as notícias do Tricolor, entre no nosso canal do Whatsapp


Avalie esta notícia: 9 0

Comentários (9)

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui.