A fórmula dos pontos corridos no Campeonato Brasileiro completa dez anos em 2012. Estabilidade inédita no regulamento da competição que já teve torneios da morte para definir os rebaixados (1989), decisão por pênaltis em caso de empate (1988), três fases de grupos antes do mata-mata (1983) e chegou a ter 94 participantes (1979). “Enfim, perceberam que é a maneira mais justa de definir qual é a melhor equipe. Não se deve mudar isso, na minha opinião”, diz o técnico Muricy Ramalho.

Ele é o grande vencedor do período. Ganhou o título três vezes com o São Paulo (2006, 2007 e 2008) e outra com o Fluminense (2010).
Foi nas últimas nove temporadas que se intensificou o fenômeno da importação de jogadores pelos grandes do país. Desde 2003, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Fred, Roberto Carlos, Robinho (embora não tenha disputado o torneio) e Luís Fabiano são exemplos de repatriados. Se o torneio premia o time mais regular, o maior artilheiro dos pontos corridos é quem disputou o torneio sempre. Paulo Baier nem atacante é, mas fez 89 gols desde 2003.

Há alguns nomes que chamam a atenção na lista dos dez principais goleadores. Prova de que Tuta, Souza, Marcel e Kléber Pereira já tiveram seus dias de glória...

São nove campeonatos, nos quais 49 milhões de torcedores passaram pelos estádios para assistir a 10.778 gols.

Existe o outro lado da moeda. Os pontos corridos promoveram certa elitização do Brasileiro. Desde 2003, apenas o Cruzeiro conseguiu furar o predomínio do eixo Rio-São Paulo. No ranking dos pontos corridos, o líder é o São Paulo, graças ao tricampeonato conquista no período (veja na arte ao lado).

Neste formato, tornou-se quase impossível a repetição de surpresas, como a conquista do Atlético-PR em 2001. Isso sem falar em 1985, quando Bangu e Coritiba fizeram a decisão e o modesto Brasil de Pelotas (RS) chegou às semifinais.

Atualmente, resultados assim são praticamente inimagináveis. Nos pontos corridos, há justiça, mas não surpresas.