Assim que viu o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza lhe mostrar o cartão vermelho, Rodrigo Caio pensou nas críticas que receberia. Ele deixava o São Paulo com dez jogadores contra o Santos, no Morumbi. Mas o Tricolor não apenas venceu por 3 a 2, pela primeira fase do estadual, como o volante foi elogiado pela maneira como vigiou Neymar. O único questionamento foi direcionado a Leão, por não ter revezado a marcação quando o cabeça de área recebeu o primeiro amarelo.

Ele ainda não sabe se será escalado no domingo. Se isso acontecer, avisa: tem a receita para parar o craque santista. “Eu estou preparado para marcar o Neymar. Vou fazer exatamente o que fiz no primeiro jogo, sem ser expulso”, afirma, confiante, o jogador de 18 anos.

Rodrigo consegue ser ainda mais jovem do que o astro alvinegro, que tem 19. Mas mostra personalidade para ter sucesso em tarefa que todos os outros falharam: diminuir o estrago provocado pelo camisa 11.

“É preciso usar a inteligência, reduzir o espaço dele. Não adianta querer bater, destruir...”, analisa Leão.

Sem dúvidas/ O técnico também gostou do desempenho do garoto. Apenas não diz se ele estará escalado na semifinal. “Eu não tenho dúvidas, já defini (o time). Só não estou dizendo”, se diverte com o suspense.

Leão gosta de trabalhar com jovens atletas, gente disposta a aprender. Resquícios ainda da fama adquirida com a geração Meninos da Vila, de 2002.

Em Rodrigo Caio, encontrou alguém disposto a seguir cegamente as determinações táticas. “O treinador teve uma conversa com a gente e já falou sobre a atenção que precisamos ter contra o Santos. Antes disso, ainda tem a Ponte Preta (pela Copa do Brasil). E ressaltou a necessidade de não relaxar em momento algum. São duas decisões para nós.”

Contra Neymar, então, é que não se pode ter um segundo de desatenção. Se o defensor piscar, o santista vai parar com a bola dentro do gol. O primeiro passo para alcançar sucesso no desafio de marcá-lo é ter essa consciência. O garoto nascido no interior, conterrâneo do adversário Edu Dracena, quer ter a chance de provar que pode repetir a dose. Há quem acredite: parar Neymar é impossível. Rodrigo Caio discorda.



Entrevista
Rodrigo Caio_ Volante do São Paulo

‘Há jogador que dá espaço demais na hora de marcá-lo’

DIÁRIO_ Há uma fórmula para marcar um jogador como o Neymar? Muita gente já teve essa tarefa e não conseguiu.
RODRIGO CAIO_ Não sei se é possível anulá-lo, mas dá para, pelo menos, reduzir o perigo. Porém, é preciso ter atenção o tempo inteiro. Se ele pegar a bola com liberdade, pode fazer muito estrago. Ele exige muito de qualquer marcador.

E como fazer?
Eu vejo que, muitas vezes, o jogador que o está marcando dá espaço demais. Porque ele é o tipo de atacante que se movimenta, recua e vai buscar a bola aonde ela estiver. Tem de diminuir os espaços, marcar em cima. Não deixar que ele fique de frente para o gol e parta para cima com a bola dominada. Aí, complica. Na primeira partida, procurei acompanhá-lo para onde fosse. Deu certo, acredito.

A não ser pela expulsão...
Sim, a não ser pela expulsão, que poderia ter sido evitada. Se tiver nova chance, pretendo repetir a marcação, mas sem receber o vermelho.

O Leão é o tipo de treinador que gosta muito de atletas jo vens que atuam em diferentes posições. E você também já foi utilizado na lateral.
Creio que isso acrescenta muito para mim. Por ser jovem, é importante e quero estar sempre jogando. Acho que já mostrei ter condições de colaborar com o time. Independentemente da posição, é isso que o atleta precisa fazer. Ele (Leão) valoriza quem faz diferentes funções.

Mas não há aquela visão de que o atleta curinga não é titular de nenhuma posição?
Pode haver isso. Mas, hoje em dia, o mercado do futebol valoriza esse tipo de jogador. Veja o caso do Jean (ex-São Paulo), por exemplo. Ele tem espaço em qualquer equipe do país, porque as pessoas sabem que joga bem em qualquer lugar do campo.

Você nasceu em Dracena, terra do Edu Dracena. Já se encontrou com ele na cidade?
Sim, nós nos conhecemos e já tive contato com a família dele. No fim do ano, nos encontramos e conversamos muito. É um cara que me dá apoio e passa sua experiência. Sou jovem e estou aparecendo agora. Preciso um pouco da experiência.