Esta semana muito se falou sobre a briga entre as “torcidas” organizadas de Corinthians e Palmeiras que levaram a morte de mais dois torcedores. Não são os primeiros e, pela falta de medidas, provavelmente não serão os últimos.

Mas me chamou a atenção que entre a busca por culpados não ouvi ninguém comentar a respeito dos próprios clubes. O que os clubes fazem para conter essa violência? Afinal, um dos mais impactados pelos atos de vandalismo dos supostos “torcedores” é o clube e sua imagem e, com isso, seu retorno financeiro.

Dois aspectos me chamam a atenção nesta questão do retorno financeiro. O primeiro diz respeito ao impacto direto na marca do clube. Quando vemos as cenas de violência com a marca dos clubes expostas na TV e dos patrocinadores o desgaste para marca é gigantesco.

Tanto discutimos a respeito do retorno de imagem, essa epidemia que assola os departamentos de marketing dos clubes brasileiros, e vocês acreditam que os patrocinadores não estão calculando como isso prejudica sua imagem? Ninguém paga para aparecer no horário nobre no meio de uma briga, mas sim para aparecer no momento do gol, da vibração, da emoção.

Se patrocinadores perdem com isso o que dizer dos clubes. A associação direta desta facção com os clubes que elas, supostamente, dizem amar, prejudica as finanças dos clubes em dois pontos diretos: Presença em estádio e venda de produtos.

No primeiro caso a influência negativa é fácil de ser calculada. Já faz anos que nossos estádios não lotam como poderiam. Muitos culpam a TV e a quantidade gigantesca de jogos transmitidos por tal façanha, mas não acredito que a TV tenha tanta influência, mas não tenho duvida de que a violência no estádio afasta o verdadeiro torcedor, principalmente aquele que pode se transformar em consumidor esportivo.



Quando estudamos o consumidor esportivo fica claro que não basta termos torcedores no estádio, temos que ter pessoas dispostas a consumir o clube e sua marca. E aí chegamos ao segundo ponto do debate: a venda de produtos.

A falta de publico no estádio reduz a possibilidade de vendas de produtos no melhor canal de distribuição existente: o estádio. É no momento de exercer sua paixão que o torcedor/consumidor esta mais propenso em gastar dinheiro. Costuma sempre usar como exemplo os brinquedos da Disney. Não é atoa que toda vez que saímos de um brinquedo, com a adrenalina encharcando nosso sangue, aquele febre calorosa de alegria, nos deparamos dentro da loja de suvenires do Parque. O estádio é igual. Sair de um jogo onde seu time venceu, jogou bem, o atacante fez gol e o goleiro defesas maravilhosas provoca a mesma sensação. A ausência nos estádios deste modelo de torcedor/consumidor afeta, então, diretamente as receitas dos clubes.

Além disso, essa violência descabida afeta a venda direta de produtos em outros meios de distribuição. Afinal, o verdadeiro torcedor se pergunta: será seguro demostrar minha paixão pelo meu time? Posso ter um adesivo do meu clube no carro? Posso usar uma camisa ou uniforme para passear? Posso ter um chaveiro e assim por diante?

É por isso que os clubes devem assumir sua parcela de responsabilidade em cima destas organizadas, no mínimo apoiando a cumprimento da lei. Não da lei esportiva, mas da criminal. Briga de torcida não é só caso de futebol, mas caso de polícia.

E no lugar dos clubes eu pensaria: quem autorizou essas torcidas a usar minhas marcas registradas (símbolos, mascotes, nome e etc)? Mas isso será assunto para um outro post.