Bem diferente de como começou, a semana do São Paulo terminará com um sinal de alerta. Após festejos pelo centésimo gol de Rogério Ceni e a apresentação de Luis Fabiano, a má atuação na derrota por 1 a 0 contra o Santa Cruz evidenciou a dificuldade do time ao enfrentar adversários fechados. Futuro na Copa do Brasil ameaçado?

Não, se for levada em conta o discurso dos jogadores pós-jogo, mas incerto diante da bronca de Carpegiani, que, após o duelo, admitiu: a situação não é inédita para o time. Na próxima quarta-feira, o Sampa precisa vencer por dois ou mais gols de diferença. Se fizer 1 a 0, a decisão será nos pênaltis. Qualquer outro resultado dá a vaga ao Santa Cruz.

O treinador ainda argumentou que sua equipe está em fase de formação, embora esteja à frente do Tricolor desde o ano passado, em um total de 29 partidas disputadas.

– Somos uma equipe em formação, mas, por mais jovem que seja, não pode perder desta maneira. Tem de nos servir de alerta. Precisamos tirar proveito e sair dessa situação, porque não é a primeira vez que passamos por isso – disse.

Nos últimos quatro jogos, o Sampa encontrou dificuldades contra três adversários de menor expressão, casos de Grêmio Prudente, Paulista e Santa Cruz, todos que adotaram postura mais defensiva. Em Recife, acusaram os rivais de deslealdade na forte marcação.

Coincidentemente, até o fim da primeira fase do Paulistão, o clube terá pela frente adversários que deverão adotar postura semelhante aos últimos. Além do duelo decisivo contra o Santa Cruz, o Sampa terá Mirassol, Noroeste e Oeste pela frente. Adversidades já vividas este ano e que preocupam. Das seis vezes que o time saiu atrás no placar, apenas em duas conseguiu virar o jogo, sendo que, em ambas, por placares que o eliminariam no jogo de quarta-feira que vem. Ou seja, se sofrer um gol...

Em Pernambuco, o time recebeu o alerta. Agora, Carpegiani vai precisar trabalhar os erros para estender o período de festas recorrente no clube nos últimos dias. Com títulos.

Os pecados da equipe contra o Santa Cruz

Escalação
Carpegiani, ao optar por Rivaldo, sacou Carlinhos, um dos destaques nos últimos jogos. Manteve Rodrigo Souto, que não vinha sendo titular. Ele fez o gol contra.

Arma principal ineficaz
O time não conseguiu encaixar as jogadas de velocidade, seja pela direita, com Lucas, ou pela esquerda, com Fernandinho e, às vezes, Dagoberto.

'Batismo de Lucas'
Pela primeira vez, o meia sofreu uma marcação muito mais forte, com chegadas firmes, como ele mesmo admitiu. Acabou sendo travado e fez uma partida muito discreta tecnicamente.

Ocupação do meio
Com as pontas fechadas, Carpegiani reclamou que os jogadores não ocuparam os espaços deixados no meio.

Mudanças
Técnico tentou corrigir com Carlinhos no início do segundo tempo. Ilsinho e Marlos pouco produziram no ataque.


Adversidades do ano

Americana 3x4 São Paulo – 26/1 – Décio Vitta, pelo Paulistão
Partida seguinte à primeira derrota do ano, para a Ponte Preta, foi também uma das duas vezes em que o time conseguiu sair com a vitória após sofrer o primeiro gol – a outra foi contra o Linense, uma semana depois. Vitória no sufoco, por 3 a 2, na estreia de Rivaldo pelo clube. Em outras quatro ocasiões em que viu o adversário abrir o placar, o Sampa foi derrotado. Além da Ponte, sucumbiu perante Santos (2 a 0), Paulista (3 a 2) e Santa Cruz (1 a 0), na última quarta-feira.

Prudente 0 x 1 São Paulo – 20/3 – Prudentão, pelo Paulistão
Com o rival muito retrancado, time levou até os 26 minutos do segundo tempo para furar o bloqueio e conseguir o placar que levaria a decisão contra o Santa Cruz para os pênaltis, quarta-feira que vem.

Paulista 3 x 2 São Paulo – 23/3 – Jayme Cintra, pelo Paulistão
Time enfrentou outra retranca, principalmente porque o adversário abriu o placar logo no início. Assim como contra o Santa Cruz, não conseguiu encaixar seu jogo pelos lados. No jogo seguinte, contra o Corinthians, vitória por 2 a 1, que o eliminaria da Copa do Brasil.