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Alex Silva quer ser o capitão do São Paulo na era pós-Ceni

Zagueiro diz ficar "puto" com tabu diante do Corinthians e declara apoio à reeleição de Juvenal Juvêncio

Quando os alto-falantes do estádio do Morumbi anunciarem a escalação do São Paulo para o clássico desta tarde contra o Palmeiras, alguns nomes serão mais aclamados. E entre eles, é possível afirmar que estará o de Alex Silva. A onze dias de completar 26 anos, o zagueiro já se tornou um dos principais ídolos do atual elenco são-paulino, talvez abaixo apenas do goleiro Rogério Ceni.

Em entrevista exclusiva ao iG, Alex falou sobre a expectativa de ser contratado em definitivo pelo São Paulo, como foi indicado durante a semana pelo presidente do clube, Juvenal Juvêncio. “O jogador é sempre o último a saber, mas confio na palavra do presidente e daqui a pouco chega a notícia da permanência”, afirma.

E a negociação sendo confirmada, o jogador já revela o sonho de permanecer no clube até se aposentar, o que lhe permitiria substituir justamente Rogério Ceni, não apenas como principal ídolo em atividade, mas também como dono da tarja de capitão. “É um cara que eu me espelho muito e se um dia ele parar e eu tiver a oportunidade de permanecer no São Paulo até o final da minha carreira eu penso em ser capitão sim”.

Com Ceni aparecendo como dúvida para o clássico, Alex pode estrear como capitão já neste domingo. Liderança para tanto o zagueiro já demonstrou. Esta semana, chegou a aconselhar o volante Casemiro depois que o garoto falou publicamente pedindo para ser mais valorizado pela diretoria.

Perto de completar 26 anos, Alex Silva já é um dos principais ídolos da torcida são-paulina e um dos líderes do elenco ao lado de Rogério Ceni

Atleta que fala de todos os assuntos, Alex Silva diz não estar acompanhando de perto as polêmicas e discussões sobre a candidatura de Juvenal Juvêncio a um terceiro mandato como presidente do São Paulo. Mas ele não se intimida em fazer as vezes de “cabo eleitoral” do dirigente.

“Sou sincero com você. Eu gostaria que esse presidente permanecesse, eu acho que muitos não conhecem o lado pessoal do Juvenal, o lado aqui de dentro que nós jogadores conhecemos. É um grande presidente e eu gostaria que ele pudesse permanecer no São Paulo também por muitos anos”, diz.

Afirmando ter um lado torcedor que leva para dentro de campo, Alex diz ficar “furioso” quando o time sofre gols e se considera um “filho” do clube, o qual aponta como sua primeira casa, e não segunda. “A minha casa mesmo vem em segundo, porque eu convivo mais aqui do que lá, por causa das concentrações”.

Se neste domingo ele vai defender um tabu de quase nove anos do São Paulo contra o Palmeiras no Morumbi, existe outro tabu que ele não vê a hora de quebrar, contra o também rival Corinthians, que ele considera o principal clássico do futebol paulista. “A gente fica puto, fica chateado e louco pra quebrar esse tabu também. Vamos manter o do Palmeiras e quebrar esse do Corinthians”.

Sobre seleção brasileira, ele admite certa decepção por não ter sido convocado por Mano Menezes em 2010 e diz que a ansiedade por uma oportunidade diminuiu. Mesmo assim, no entanto, deixa claro que um dos objetivos na carreira é disputar a Copa de 2014, se possível fazendo dupla com o irmão Luisão, que apareceu na última lista do treinador.

Por fim, falando da responsabilidade dos jogadores em serem bons exemplos no “país do futebol”, Alex critica a postura do atacante Adriano. “Muitas crianças tem o Adriano como ídolo, como espelho, e tenho certeza que nas coisas que ele vem fazendo não está sendo um bom exemplo”, afirma.

Confira a entrevista completa com o camisa 3 do São Paulo abaixo.

iG: Na sua última entrevista coletiva você demonstrou estar bastante confiante em permanecer no São Paulo. Teve alguma novidade nos últimos dias?
Alex Silva - Não, eu não conversei ainda com nenhum dirigente, mas creio que é por causa do clássico também, às vezes eles procuram não falar, mas acho que eles já conversaram com o meu empresário, o Juan Figer, e eles estão resolvendo. O jogador é sempre o último a saber. Mas como eu confio na palavra do presidente, tenho certeza de que ele vai resolver e daqui a pouco chega a notícia aí da permanência.

iG: Você também falou em permanecer no São Paulo até o final da carreira e fazer história no clube como o Rogério Ceni. Você sonha em ser o capitão do time na era pós-Ceni?
Alex Silva - É verdade. Creio que eu ficando aqui no clube, com essa minha permanência e com a saída de alguns jogadores mais experientes, no caso do Miranda, eu creio que tenho tudo pra isso no futuro. Claro que o Rogério Ceni a gente quer que fique com a gente até o final de 2012 ou até mesmo mais se ele estiver aguentando. Mas se ele parar eu pretendo dar sequência, até porque eu convivo com o Rogério, sei as palavras que ele usa dentro do vestiário pra animar o grupo, sei do profissionalismo dele. Então é um cara que eu me espelho muito e se um dia ele parar e eu tiver a oportunidade de permanecer no São Paulo até o final da minha carreira eu penso em ser capitão sim e dar continuidade na história do Rogério.

iG: Com o Brasil conhecido como país do futebol, você acha que os jogadores tem uma responsabilidade grande de serem exemplos, especialmente para as crianças que idolatram vocês?
Alex Silva - É verdade. A gente já tem a experiência por conviver com os nossos filhos e saber que eles tem a gente como espelho. O meu filho eu chego em casa e a primeira coisa é pegar a bola pra brincar. A gente sabe também que quando entramos em campo com aqueles menininhos eles sempre falam 'pô, sou seu fã, quero ser igual você'. Então a gente sabe que se fizermos alguma burrada fora do campo, alguma coisa que não tem nada a ver com profissionalismo, essa repercussão vai ser maior, a cobrança pelo torcedor também vai ser maior e o carinho e a admiração que essas pessoas tem pela gente passa a não ter mais. Vou citar o exemplo do Adriano. Muitas crianças tem o Adriano como ídolo, como espelho, e tenho certeza que nas coisas que ele vem fazendo não está sendo um bom exemplo. Eu procuro mostrar todo o meu carinho pra torcida são-paulina, procuro honrar a camisa, ser um líder dentro de campo, e isso faz com que muitos desses garotos me tenham como ídolo, pela minha maneira de ser, pelo meu dia a dia. Tenho o meu Twitter também, a maneira de deixar claro como eu gosto do São Paulo, o que o São Paulo proporcionou na minha vida. Isso faz com que as pessoas tenham um carinho imenso por mim, confesso pra você sinceramente que vou fazer 26 anos e não esperava que ia conquistar esse status com a torcida do São Paulo, tanto a organizada quanto os torcedores. Eu estou muito contente, hoje procuro fazer o meu trabalho, o meu melhor dentro de campo para que as pessoas continuem me admirando e que eu possa ser um exemplo pra esses mais jovens que entram na escolinha de futebol, que querem ser um jogador no futuro.

iG: Falando no seu status com a torcida são-paulina. Mesmo no segundo semestre de 2010, que foi a pior fase do clube desde 2004, você era um dos poucos poupados pela torcida. Como se explica isso?
Alex Silva - A gente deixa clara a nossa paixão pelo clube. No caso o Rogério, o próprio Marcos do Palmeiras. Mas já teve episódios também que se a gente não corresponder à altura dentro do campo pode ter certeza que a gente vai ser cobrado. É que a gente procura fazer o nosso melhor e o torcedor às vezes reconhece isso e acaba não te cobrando tanto. Mas se a gente deixar a desejar, não entrar em campo pra fazer o melhor, eu tenho certeza que a torcida vai vir, vai cobrar como cobra dos demais jogadores. É que eu particularmente entro em campo não só como atleta profissional pra defender o São Paulo simplesmente. Vou jogar pra defender o São Paulo, almejo títulos, claro, mas eu já sou mais torcedor, às vezes na derrota a gente sabe que criou mais chances, foi infelicidade do futebol, mas eu sou mais torcedor e não aceito, não admito. Sou um cara que não gosto de levar gols. Fico muito furioso quando sofremos gols. Tenho esse lado torcedor e acho que isso também me ajuda bastante dentro de campo pra executar o melhor, ter essa raça que eu tenho, essa gana, essa vontade de vencer e o espírito guerreiro meu que eu garanto pra você que vai permanecer comigo até o final da minha carreira.

iG: E você sente falta de mais jogadores apaixonados, torcedores, como você próprio, o Rogério e o Marcos, que você citou?
Alex Silva - É difícil dizer. Acho que muitos aqui gostam do São Paulo. A gente tem exemplo de jogadores que já estão há quatro, cinco anos. É o caso do Miranda, do Dagoberto, que não querem sair. O Richarlyson estava. Mas é que eu penso dessa maneira: o Miranda já veio pra cá e jogava no Sochaux, da França, já estava na Europa. O Dagoberto veio de um grande clube, o Atlético-PR. Agora, eu vim do Vitória da Bahia, meio desconhecido, vim meio como uma aposta do clube, ver se vai dar certo, se não vai dar. Não tinha nada e de repente as coisas foram acontecendo, o São Paulo foi proporcionando coisas boas na minha vida, não só profissional como particular também. Então esse é todo o meu agradecimento para o São Paulo. Acho que o São Paulo na verdade ganhou um grande filho que sou eu, essa é a gratidão que eu tenho. Tudo que eu conquistei aqui dentro, como títulos, esse status hoje de ser o Alex Silva, de seleção brasileira, um jogador que já esteve na Europa, foi graças ao São Paulo, agradeço muito ao presidente Juvenal Juvêncio e ao Milton Cruz, que foram os caras que me trouxeram. Isso faz com que tenha esse carinho. Hoje eu garanto pra você que o São Paulo é a minha primeira casa. A minha casa mesmo vem em segundo, porque eu convivo mais aqui do que em casa. E a intimidade que eu tenho com funcionários, rapazeada da cozinha... Me identifico bem aqui com essa rapazeada. Resumindo, aqui no São Paulo eu me sinto bem e talvez não vá me sentir tão bem em outro lugar como me sinto aqui.

iG: É um casamento e não falta amor?
Alex Silva - Não falta, eu me sinto bem. Eu quando queria voltar pro Brasil tive propostas de outros clubes e falei pro meu empresário 'se o São Paulo estiver na parada eu vou pro São Paulo independente de qualquer coisa'. E graças a Deus isso se concretizou.

iG: Sobre o clássico desse domingo, como é entrar em campo defendendo um tabu de não perder para o Palmeiras no Morumbi há 16 jogos, quase nove anos?
Alex Silva - Quem está sempre por cima não entra muito pensando no tabu. Acho que é mais com eles. É o nosso caso com o Corinthians, a gente entra louco pra quebrar esse tabu e é o que vai acontecer com o Palmeiras. O Palmeiras também quer acabar com esse tabu, os torcedores querem, então a cobrança vai ser grande se isso não acontecer. É mais pro lado de lá. A gente entra em campo pra vencer, claro que agora jogando dentro da nossa casa, no Morumbi, diante da nossa torcida, um campo que a gente gosta de jogar, então acho que vai ser um grande jogo. Espero que a gente possa levar a melhor e que o Rogério possa fazer os cem gols, que ficaria na história.

iG: E esse outro tabu, do Corinthians, está entalado na garganta?
Alex Silva - Fica. Garanto pra você que se você perguntasse do lado de lá, alguns anos atrás quando passei por aqui se não me engano foram três ou quatro anos que o Corinthians não vencia o São Paulo. É claro que esse negócio fica entalado, você quer acabar logo com isso. Muita gente acha que jogador de futebol não está nem aí, que é mais coisa de torcedor. Mas a gente fica puto, fica chateado e louco pra quebrar esse tabu também. Vamos manter o do Palmeiras e quebrar esse do Corinthians.

iG: Então quando encontrar o Corinthians no Paulistão vai ser como uma final?
Alex Silva - Sempre São Paulo e Corinthians é final. Eu acho que hoje a rivalidade São Paulo e Corinthians é maior que Palmeiras e Corinthians, por causa desse tabu no passado que o Corinthians não vencia o São Paulo. Todo mundo quer vencer o São Paulo e hoje o clássico mais brigado é São Paulo e Corinthians.

iG: Sobre seleção brasileira: está ansioso pela primeira convocação do Mano Menezes?
Alex Silva - Ah, eu estava mais. Sincero pra você, ano passado eu estava mais. Principalmente quando eu voltei da Europa. Eu fiz um excelente primeiro semestre na Libertadores. Não tivemos o título, mas foi praticamente uma defesa perfeita, sofreu apenas dois gols. Infelizmente não conseguimos passar pelo Inter. E depois também diante do jogo do Palmeiras [pelo Campeonato Brasileiro], que o Mano estava no Pacaembu. Eu tinha voltado de lesão depois de 40 dias, fiz uma grande partida e fui elogiado por ele. Aí cria uma grande expectativa, mas depois ele começou a fechar o grupo, levar outros jogadores. Agora eu não penso muito na seleção. Claro que quero voltar, mas vou dar sequência no meu trabalho aqui, procurar melhorar a cada dia para que essa oportunidade possa vir.

iG: Ficou uma frustração por não ter ido para a Copa do Mundo?
Alex Silva - Não, porque aconteceram coisas que me prejudicaram, como a lesão de ligamento cruzado. Acho também que se tivesse ficado no São Paulo eu teria muito mais chance, porque eu vinha sendo convocado. De repente fui pra Alemanha, fui deslocado de posição, jogando de volante. Atrapalhou. Seleção brasileira se você dá brecha outro vem e atropela, e foi o que aconteceu . Tive esse problema de lesão depois das Olimpíadas também, fui pro Hamburgo, da Alemanha, me machuquei e ficou mais distante a Copa do Mundo.

iG: Você e o Luisão ainda têm o sonho de jogarem juntos na seleção? Acha que é possível pra Copa de 2014?
Alex Silva - Nós nos encontramos nas férias de dezembro e o Luisão disse 'já vou fazer 30, você é novo ainda, você vai dar sequência no meu trabalho na seleção'. Mas eu fiquei contente porque o Luisão foi convocado na última convocação do Mano Menezes, então criamos uma expectativa de jogar juntos sim. O Luisão é um cara que se cuida, um cara experiente, tem tudo pra chegar na Copa. Eu espero que possa realizar o sonho da minha família. Um sonho já realizou, que foi uma convocação das Eliminatórias [para os jogos contra Chile e Bolívia, em 2009] que nós ficamos até no mesmo quarto. Foi uma coisa legal, até estranho eu sentado no banco e vendo o meu irmão jogando. Na hora da reza você abraçar e falar 'vai com Deus' foi uma coisa interessante. Espero agora poder fazer dupla, que aí seria inédito no futebol brasileiro.

iG: E dá pra prometer na seleção a mesma raça que você mostra no São Paulo?
Alex Silva - Aí ficaria perfeito, porque além de defender a seleção brasileira eu estaria levando o nome do São Paulo também. O São Paulo que teve vários zagueiros que passaram pela seleção brasileira e disputaram Copa do Mundo.

iG: Você está acompanhando as questões políticas do São Paulo, as polêmicas e discussões sobre a possível reeleição do Juvenal Juvêncio?
Alex Silva - Eu não acompanho muito. Às vezes só vejo a notícia e leio. Também nem entendo desse negócio. Mas eu sou sincero com você. Eu gostaria que esse presidente permanecesse, eu acho que muitos não conhecem o lado pessoal do Juvenal, o lado aqui de dentro que nós jogadores conhecemos. É um grande presidente e eu gostaria que ele pudesse permanecer no São Paulo também por muitos anos.

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