O clássico até poderá ser chato e terminar 0 a 0, mas tudo aponta para um confronto eletrizante entre São Paulo e Santos neste domingo, 17, no Morumbi. A necessidade de vencer para não morrer no Brasileirão faz os dois treinadores apostarem no ataque.

Paulo César Carpegiani confirmou que o Tricolor vai num 4-2-4 por precisar dos três pontos para continuar sonhando com vaga na Libertadores. Lucas, Fernandinho, Dagoberto e Ricardo Oliveira vão formar o quarteto ofensivo, com os dois primeiros jogando abertos pelos lados e os outros dois mais enfurnados dentro da área.

“A nossa situação casou com o que eu penso do futebol. Vamos jogar assim pela necessidade de vencer e porque isso me agrada”, explicou Carpegiani ao acrescentar não estar fazendo nenhuma loucura. “Eu conversei com os jogadores. Não iria fazer isso se não tivesse certeza que é possível.” E avisou: “Prefiro ser agudo, porque precisamos vencer o jogo. Podemos fazer frente ao time do Santos, sem nenhum receio. Estou otimista, acho que vamos vencer o jogo, mas será difícil.”

O Santos não é mais o time extremamente ofensivo do primeiro semestre porque perdeu peças importantes, como Robinho e André, que deixaram o clube, e Paulo Henrique Ganso, machucado, mas Marcelo Martelotte diz que sua equipe mantém uma mentalidade pró-ataque, principalmente porque precisa da vitória para continuar com chances de brigar pelo título.

“Pelo novo desenho da nossa equipe, até poderíamos nos fechar para contra-golpear em velocidade, mas a nossa principal característica é tomar a iniciativa e atacar sempre. Dificilmente vamos ver o Santos esperando pela iniciativa do adversário”, avisou o treinador santista.

O argumento de Martelotte é que não é pelo fato de jogar com dois volantes de marcação – Roberto Brum e Arouca – que o time se tornou mais defensivo. “Foi desse jeito que ganhamos por 3 a 0 do Fluminense no Rio e por 2 a 0 do Atlético Paranaense. A vitória por 1 a 0 pode ter dado a impressão de que tivemos preocupação de nos defender mais diante do Inter, mas não é verdade. Poderíamos ter marcado pelo menos mais dois gols.”

Martelotte não demonstra preocupação com o São Paulo ofensivo que terá pela frente. “Vamos precisar ser eficientes na marcação. Mas esse é o ponto em que temos evoluído mais nos últimos jogos”, analisou o treinador, lembrando as três partidas sem sofrer gols.

O comportamento defensivo será o mesmo dos últimos duelos. Quando o adversário procurou explorar os espaços deixados pelos laterais, Martelotte prendeu Danilo para fazer a cobertura pelo lado direito e chegou a trocar Alan Patrick por Alex Sandro para fechar o esquerdo. Os volantes e os laterais também vão se alternar nas descidas ao ataque, enquanto Neymar e Zé Eduardo terão de ajudar na recomposição defensiva.

Os dois técnicos preveem jogo franco, clássico aberto e bonito. Além da postura ofensiva e da necessidade de vencer, os dois times estão em boa fase. O São Paulo venceu os dois jogos que fez sob o comando de Paulo César Carpegiani, enquanto o Santos, de Martelotte, vem de três vitórias consecutivas.

Os dois lados estão animados. “Será um jogo ímpar pela característica do Santos e também da minha equipe. Respeito o adversário, é um time veloz, criativo e dinâmico, que eu gosto muito. Meu time ainda não está pronto, mas estou gostando da resposta dos jogadores”, disse o tricolor.

Foto: Site Oficial

“Vai ser um clássico com a característica da velocidade. Os dois times têm qualidades semelhantes, e é nessa qualidade que o jogo vai ser definido”, completou o treinador santista.

E o gramado?
O que pode prejudicar um pouco o espetáculo é o gramado do Morumbi. O São Paulo treinou ontem no estádio e foi possível notar que há nele algumas falhas devido aos shows de Bon Jovi e Rush da semana passada.

“Está melhor do que muitos, mas lógico que já foi muito melhor. Está um pouquinho duro”, comentou o goleiro Rogério Ceni. “Está um pouco seco. Sabemos que a bola quica um pouco mais e precisamos ter um mais de atenção para dar o passe aos companheiros”, completou o zagueiro Alex Silva.

A solução será molhar um pouco o campo antes do jogo. O pedido foi feito por Carpegiani ao chefe da equipe de jardineiros que cuida do gramado. “É natural que não esteja verde, pelo fato de ter ficado tapado. Gostei do gramado, esperava que não estivesse assim, só falta molhar um pouco.”

Times escalados
Desta vez os treinadores de São Paulo e Santos abriram mão do mistério de suas equipes à véspera do duelo. Carpegiani confirmou o time que colocará em campo logo depois de comandar o último coletivo, nesta sexta-feira, 15.

A novidade será Carlinhos Paraíba. Ele ocupará o lugar de Casemiro, que, apesar de recuperado da amigdalite, foi descartado pelo técnico porque não treinou nesta semana com o grupo.

O chefão chegou a trabalhar com Richarlyson no meio e Diogo na lateral, mas mudou de ideia. “Reconheço que perdi tempo, gostaria de ter definido a equipe na terça, mas foi uma mudança necessária. Será melhor assim.”

Carpegiani explicou que precisava de uma saída mais rápida para o ataque, o que terá com Carlinhos Paraíba. Ele ganha também mais poder de marcação com Richarlyson na esquerda.

“Foi pelo dinamismo. Vai encaixar melhor. O meio de campo é o coração da equipe. Não podemos perder tempo ali. Richarlyson já vem jogando na lateral e é um cara forte”, disse Carpegiani.

Em Santos, Marcelo Martelotte confirmou apenas uma mudança em relação ao time que venceu o Inter por 1 a 0. O garoto Alex Sandro será o substituto de Léo, que sofreu trauma no pescoço quarta-feira e está fora de combate.

O atacante Zé Eduardo deixou o treino ontem antes do fim por causa de uma indisposição estomacal, mas está garantido no clássico. O reserva Keirrison corre risco de ficar fora até do banco. Martelotte não decidiu se vai relacioná-lo. Madson já foi descartado pelo técnico.