Fluminense e São Paulo possuem, atualmente, a cara de seus técnicos. O líder do Campeonato Brasileiro tem à frente o experiente tricampeão Muricy Ramalho. Caminha firme rumo ao título. Já os paulistas afundam-se a cada rodada na crise e dão mostras de que ainda não sabem como contorná-la e fugir do abismo. Reflexo também da indecisão de Sérgio Baresi, o interino que pode se despedir ainda hoje do comando do time.

Os dois se enfrentam, às 18h30, no Maracanã, em posições quase opostas da tabela de classificação. Enquanto o Fluminense já livra cinco pontos de vantagem sobre o Corinthians, segundo colocado do campeonato, o São Paulo pode até cair para a zona do rebaixamento se perder - está três pontos à frente do Grêmio, que hoje seria o último time a cair para a Série B.

Baresi vai colocar em campo a quarta escalação diferente em quatro partidas à frente do São Paulo. Desdobra-se para encontrar uma "fórmula mágica", como definiu, durante a semana, sua tarefa no clube. Ricardo Oliveira, com tendinite no joelho esquerdo, não deve atuar. Entrará provavelmente Fernandão em seu lugar. "Estou tentando encontrar o melhor time. Não dava para chegar aqui e mudar tudo em apenas três jogos", diz.

Muricy, por outro lado, tem tarefas bem mais simples no Fluminense. O seu problema é achar espaço no time para as ótimas opções que tem. Hoje não jogam Emerson e Gum, suspensos, mas, na vitória diante do Goiás (3 a 0), no Serra Dourada, o técnico já mostrou que está no caminho certo. Deco, o novo ídolo do time, entrou e brilhou. Sem contar que Washington (ler entrevista abaixo) voltou a encontrar o caminho dos gols que parecia ter esquecido quando estava na reserva do São Paulo.

"Esta fase (de jogos duas vezes por semana) muda tudo. O calor vai aumentando, é viagem, jogo, viagem. Temos que cuidar mais da parte física dos jogadores", lembra o experiente treinador dos cariocas. "Mas construímos boa base quando tínhamos apenas um jogo por semana."

O atual técnico são-paulino não estava ainda no clube quando Muricy empilhava títulos brasileiros (2006, 2007 e 2008) na galeria de troféus do Morumbi. Mas nutre admiração por seu trabalho. "Eu não conhecia o trabalho dos outros técnicos. Mas ouço muito falar do que as pessoas fazem. Tenho buscado os melhores trabalhos e o Muricy é um deles", confidencia Baresi.

Do técnico adversário, o interino pode tirar um alento para a situação indefinida que vive. Muricy não acredita que sua ex-equipe vai afundar na crise. "O São Paulo tem um dos melhores elencos do campeonato, não vai ficar nessa situação por muito tempo", confia. "Tenho certeza que o caminho do São Paulo hoje é a vitória", tenta ser otimista Baresi. "O resultado vai nos alavancar na competição e minha sequencia como técnico do clube." / COLABOROU LEONARDO MAIA