As declarações do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que, entre outras abordagens, disse que o Morumbi está longe de atender às exigências da Fifa para a Copa de 2014, não foram bem recebidas pela cúpula são-paulina. Sem manifestar o descontentamento publicamente, internamente os dirigentes acreditam que a postura do chefe do comitê organizador do Mundial foi mais política do que técnica.

A constatação se baseia no fato de que, há duas semanas, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, elogiou, pela primeira vez, o projeto do estádio são-paulino. Curiosamente, em sua declaração, Valcke disse que havia recebido o mesmo retorno de Teixeira sobre o Morumbi. O LANCENET! apurou que a mudança de comportamento despertou uma suspeita na cúpula tricolor: início de uma briga política.

Para eles, o motivo da discórdia é a eleição para presidência do Clube dos 13, que ocorre no próximo dia 12. De um lado, Fábio Koff, que busca a reeleição e tem o apoio declarado de Juvenal Juvêncio, que será vice, caso eleito, ou indicará alguém para o cargo. Do outro, Kléber Leite, ex-presidente do Flamengo, que tem Ricardo Teixeira como principal aliado.

– Isso é uma coisa que nos deixa tristes, porque o critério para a escolha da abertura da Copa deixa de ser técnico, deixa de levar em consideração o melhor local, para ser feito por questões políticas – disse um dos responsáveis por adequar o Morumbi.

Como as novas adequações do Morumbi, de acordo com os pedidos da Fifa, serão enviadas no dia 15, depois da eleição, Teixeira, então, teria resolvido desferir as críticas antes mesmo do envio do projeto tricolor. Isso para tentar coagir Juvêncio.

- A Fifa sugeriu um remanejamento nos gastos, especialmente na mudança do anel intermediário, e no rebaixamento do gramado. Só disse para o clube deixar de dar ênfase em algumas partes e focar em outras. Nós não temos nenhum problema com a Fifa. Ao contrário - afirmou Caio Carvalho, presidente da São Paulo Turismo, que completou:

- Sinto que a entidade quer que São Paulo receba a abertura do Mundial, porque senão já teriam dito que o Morumbi não tem condições de ser adequado. Mas ela vem nos ajudando muito. Este jogo ainda não acabou.

Questionado por parceiros, Juvêncio afirmou que não vai mudar de lado. O mandatário tricolor não vai sossegar enquanto não adequar o Morumbi, e também não vai ceder às chantagens. Internamente, dirigentes garantem que vão deixar o estádio pronto. Se vai ser escolhido ou não, é outra história, que, segundo eles, vai precisar de uma explicação.