“Dinheiro não traz felicidade. No São Paulo, vou ganhar 10 vezes menos do que ganho aqui, mas vou jogar e ser feliz 10 vezes mais”. A frase é de Cicinho, lateral da Roma que quer voltar ao futebol brasileiro com destino certo: “Não daria para voltar a jogar por outro clube aí”, disse ao Blog do Boleiro.

O jogador conversou pouco antes de embarcar com a delegação da Roma para a região da Sardenha (sul da Itália). O time quarto colocado do Campeonato Italiano enfrenta o Cagliari. Cicinho não sabe se começa jogando. “Vamos ver se o homem (Claudio Ranieri) me põe para jogar desta vez”, disse.

É tudo o que o brasileiro quer: jogar. Desde outubro, quando se recuperou da cirurgia no joelho direito e retornou ao futebol, Cicinho tem frequentado o banco de reservas. “Tenho treinado bem e o cara nada de me pôr para jogar”, afirmou.

A situação irritou Cicinho a ponto dele ter dado entrevistas, no feriado de Natal, dizendo que queria voltar a jogar no Brasil. “Chegou uma hora em que eu estourei e falei mesmo”, repetiu.

A reação dos dirigentes romanos foi dura. Cicinho foi multado em 30 por cento do salário. “Jogador da Roma não pode sair por aí falando desse jeito”, disse o diretor de futebol Gianpaolo Mortali. O lateral engoliu a multa, mas pediu uma reunião.

“Nós conversamos e eles me perguntaram se eu realmente queria sair. Disse que sim. Então, eles disseram para que eu enviasse meu empresário para conversar”, contou Cicinho que já tinha retornado à Itália com a intenção de conseguir a liberação.

A prova dessa disposição do atleta foi a permenência da mulher dele, Mirala, em Pradópolis (SP), onde mora a família de Cicinho. “Fui aí passar o Natal e, no dia 29, pedi para a Mirela ficar. Quem sabe ela já não procura uma casa para a gente morar em São Paulo”.

No calendário de Cicinho, o encontro entre seu representante – Ricardo Sarti – deveria acontecer nesta terça-feira. “Mas acho que o Daniele (Pradè, diretor esportivo da Roma) só chega de noite lá de Dubai. Como amanhã (quarta-feira) temos este jogo contra o Cagliari, acho que a reunião só vai sair na quinta-feira”, falou. “Vamos ver o que eles falam”, completou.

Perguntado se ele realmente acha que pode voltar à seleção brasileira que vai disputar a Copa do Mundo da África do Sul, Cicinho respondeu que sim e disse mais: “Ainda tenho moral aí no Brasil. Se volto e jogo bem, posso ter uma chance. O homem (Dunga, técnico do Brasil) ainda não fechou o grupo”.

Isso levando em conta que a lateral direita é um dos pouco setores da seleção que tem dois jogadores constantes: Maicon, da Internazionale, e Daniel Alves, do Barcelona.