O atacante Grafite viveu uma situação inusitada em 2004, quando marcou dois gols na vitória do São Paulo sobre o Juventus, mas foi criticado por boa parte da torcida de seu próprio clube. Naquela tarde de 14 de março, ao decretar o triunfo do Tricolor, o atleta acabou salvando o rival Corinthians do rebaixamento no Paulistão (o Moleque Travesso caiu).

Os gols causaram a revolta de torcedores tricolores, mas Grafite não se arrepende do que fez. Mais de cinco anos depois da polêmica, os são-paulinos cobram agora o 'favor' dos corintianos, já que, no domingo, a equipe de Mano Menezes enfrentará o Flamengo, concorrente direto do time do Morumbi na luta pelo título do Campeonato Brasileiro.

Nesta entrevista exclusiva à GE.Net, concedida antes da rodada passada do Brasileirão, o atacante do Wolfsburg descarta qualquer 'dívida' com o rival, mas acredita que, mesmo apenas cumprindo tabela, o Corinthians atuará com seriedade diante do Flamengo.

GE.Net: Os dois gols que você marcou contra o Juventus acabaram salvando o Corinthians do rebaixamento. Por isso, há agora uma brincadeira entre torcedores de que o Corinthians precisa retribuir e ganhar do Flamengo na penúltima rodada deste Brasileirão para ajudar o São Paulo. O que você acha disso?
Grafite: É uma brincadeira de torcedores. Esse tipo de situação é legal para o futebol. É bom para quem acompanha de perto, que torce por algum clube. São brincadeiras sadias, que servem para manter vivas as rivalidades.

GE.Net: Você acredita que os jogadores do Corinthians seguirão o seu exemplo e jogarão com seriedade, mesmo podendo ajudar o São Paulo?
Grafite: Tenho certeza de que os jogadores do Corinthians irão jogar para vencer a partida. Acompanhei (na semana passada) entrevistas em que o Mano Menezes dizia que o Corinthians precisa jogar por ele mesmo. O Mano está coberto de razão. Só de estar em um clube grande você tem que entrar em campo sempre motivado a vencer. E acho que o Corinthians irá entrar para vencer o Flamengo, independentemente de quem ele irá ajudar ou atrapalhar na tabela.

GE.Net: Pensando agora, cinco anos depois, o que você acha de sua atitude naquele jogo?
Grafite: Continuo achando a mesma coisa. Sou profissional, recebo para jogar futebol e fazer meu time vencer. Minha função é fazer gols. Naquela tarde diante do Juventus, em São Caetano, a bola sobrou para mim e coloquei para dentro. Tenho família e fui educado dessa maneira. Não poderia ir contra meus princípios só para rebaixar o Corinthians.

GE.Net: E como está o seu momento na Alemanha? Depois de alguns atritos, conseguiu se entender com o treinador (Armin Veh)?
Grafite: Toda mudança gera alguns problemas no início. Eu estava acostumado com uma maneira de trabalho e isso foi mudado. Mas já está tudo bem. Voltei a fazer gols, marquei nas duas últimas rodadas, e vou dar sequência na minha carreira por aqui. Gosto daqui, conquistei muita coisa aqui.