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Principais candidatos ao título, São Paulo e Flamengo duelam fora de campo

Rubro-Negros lutam pelo hexacampeonato. São-paulinos não reconhecem a conquista de 1987 e também reclamam de decisões do STJD

A disputa entre Flamengo e São Paulo pelo título brasileiro de 2009 esquenta uma rivalidade que foge dos campos e envolve muita discussão. Para o time carioca, significa igualar-se ao rival em número de conquistas: seis. Para os tricolores, porém, a história não é bem assim. Enquanto o matemático Tristão Garcia vê 90% de chances de o título ficar entre um dos dois times, rubro-negros e são-paulinos travam um duelo de palavras e gestos que dura dois anos.

O ponto crucial da questão está no fato de que o São Paulo, assim como a CBF, não reconhece a conquista do Flamengo em 1987. Uma polêmica que esquentou em 2007, quando o Tricolor Paulista alcançou seu quinto título. Na época, o clube lançou uma camisa com a estampa "Penta Único". A diretoria rubro-negra respondeu. Contra o Cruzeiro, a quatro rodadas do fim daquela temporada, os jogadores do Flamengo pisaram o gramado do Mineirão vestidos com os dizeres "Mengão é penta". A torcida rubro-negra também ironizou a camisa "Penta Único". Na internet, surgiu a paródia "Penta-vice único", em alusão às derrotas do São Paulo nas decisões dos brasileiros de 1971, 1973, 1981, 1989 e 1990, um recorde negativo nos formatos pré-pontos corridos.

A polêmica do penta inflamou o Flamengo na arrancada da zona de rebaixamento para o G-4. Zico disse que a postura do São Paulo era "uma palhaçada". No Maracanã, uma versão de isopor da famosa "taça das bolinhas" virou símbolo da "conquista" do time de Joel Santana, que acabou por conseguir a vaga na Libertadores.

O troféu, aliás, foi um capítulo à parte na rivalidade. Márcio Braga, presidente do Flamengo em 1987 e 2007, esperava que o São Paulo entregasse a taça aos rubro-negros. Argumentava que o clube paulista era um dos principais articuladores da criação do Clube dos 13, entidade idealizadora da Copa União. O presidente tricolor Juvenal Juvêncio não quis acordo.

Criada pela Caixa Econômica Federal, a "taça das bolinhas" ficaria de posse do clube que conquistasse três brasileiros seguidos ou cinco alternados. Com a polêmica da Copa União de 1987, já que a CBF reconhece o Sport como campeão brasileiro daquele ano, a relíquia continua até hoje em um cofre da Caixa. E isso mesmo após o São Paulo ter atropelado todos os rivais nos últimos anos: conseguiu três títulos seguidos e chegou ao hexa nacional.

Na época, o bate-boca foi público e envolveu dirigentes dos dois lados.

- E é uma prova de deslealdade, já que, na época, o presidente do Clube dos 13 era também presidente do São Paulo. Não foi o Flamengo que não quis jogar. Foi uma determinação do Clube dos 13 – reclamou o então vice de futebol rubro-negro Kleber Leite em 2007, referindo-se ao dirigente são-paulino Carlos Miguel Aidar.

O superintendente do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, não deixou por menos.

- Se a taça está guardada desde 1992 é porque os interessados não se manifestaram. Agora, nós fazemos questão de tê-la no nosso memorial, para nunca mais sair de lá – retrucou o são-paulino.

Pênalti perdido e invasão de campo também causam discórdia

Este ano, os dois clubes também se viram envolvidos em troca de farpas. No duelo do segundo turno, no Maracanã, Rogério Ceni defendeu um pênalti batido por Petkovic. O árbitro Wilton Pereira Sampaio mandou voltar a cobrança, alegando que o goleiro havia se adiantado. Ceni reclamou dizendo que ‘o cagaço é grande’, referindo-se a um temor coletivo de que o São Paulo conquiste o quarto título consecutivo. Na ocasião, o Fla perdia por 1 a 0. Petkovic bateu o pênalti novamente, converteu e os cariocas chegaram à virada com Zé Roberto, vencendo por 2 a 1. Após o jogo, Bruno ironizou as reclamações do adversário.

- A gente sabe que a arbitragem sempre beneficia os paulistas. Acho até injustiça voltar pênalti, mas... um dia da caça, outro do caçador – disse, ao fim da partida.

Depois do triunfo por 2 a 0 sobre o Vitória, no último sábado, Rogério Ceni voltou a levantar suspeitas de que o time vem sendo prejudicado para que seja interrompida a sua hegemonia. O capitão reclamou da perda do mando de campo para a rodada final, contra o Sport - o clube vai entrar com recurso no STJD para tentar jogar no Morumbi.

- Acredito que isso é relativamente pouco perto do que pode acontecer no fim do campeonato - deixou no ar Rogério Ceni.

O técnico Ricardo Gomes citou o Flamengo para se defender da perda do mando. Ele disse que um torcedor entrou no gramado do Maracanã para abraçar Adriano após o fim do jogo contra o Santos, fato não relatado na súmula e, portanto, sequer analisado pelo STJD.

- Tenho notado que deve ser um incômodo a possibilidade de o São Paulo conquistar o quarto título (seguido). Vi outros casos de invasão de campo que não foram muito comentados – disse o treinador.

Enquanto o Fla não quis se envolver nas polêmicas, o São Paulo levantou mais questões. A última reclamação foi a respeito da suspensão de Borges, Dagoberto e Jean pelo STJD. Expulsos contra o Grêmio, no último dia 4, eles pegaram três jogos de gancho. O Tricolor obteve um efeito suspensivo, mas que vale somente para a partida contra o Goiás. O trio está fora do confronto com o Botafogo.

Ricardo Gomes fez questão de criticar a decisão do Tribunal, mas com cuidado para evitar mais punições.

- A conta não está fechando. Li tudo e não é possível que vocês (jornalistas) escrevam e interpretem tão mal os fatos, devem ser muito fracos (em tom de ironia). Não encontrei um artigo favorável à decisão do Tribunal. Nem posso falar o que eu penso na realidade, por isso trouxe o apoio das matérias publicadas. Se eu falar o que penso pego 200 anos de suspensão.

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