A vitória do São Paulo em sua estreia na Libertadores, realizada em Córdoba, possui significados profundos e diversos. Primeiramente, o Tricolor Paulista conseguiu vencer em um local que se mostrava desafiador, tendo em vista que anteriormente havia sido eliminado pelo Talleres em 2019 e derrotado na final da Sul-Americana em 2022. Esse triunfo ocorreu em um contexto tumultuado, tanto para a equipe quanto para o técnico Luis Zubeldía, que enfrenta pressões consideráveis.

Outro aspecto simbólico foi visível no abraço sincero e quase desesperado entre Alisson e Zubeldía após o atacante marcar o gol da vitória, aproveitando um rebote na entrada da área. Essa cena demonstrou que o elenco está ciente da instabilidade atual e que a confiança na continuidade do trabalho do técnico é crucial. Mesmo da distância, compartilho da opinião de Alisson: mesmo se a vitória em Córdoba não tivesse ocorrido, trocar de treinador agora poderia ser contraproducente. Zubeldía já provou sua capacidade de levar o time a um nível superior, conhece as particularidades do clube e, ao que parece, a falta de foco não é o principal problema; além disso, as alternativas no mercado não são muito animadoras.

Demitir Zubeldía poderia mergulhar o São Paulo em um abismo de incertezas, talvez até em uma espiral de desilusão. A vitória, embora tenha chegado em um momento crucial, traz uma paz que provavelmente será efêmera, durando apenas até o início do próximo jogo. O futebol apresentado pelo São Paulo foi suficiente para garantir os três pontos, mas ficou aquém do que se esperava. O time poderia ter sido mais incisivo no primeiro tempo, quando Oscar assumiu o papel de maestro, e evitou sofrer nos minutos finais, quando o Talleres, sob a orientação de Cacique Medina, fez pressão com bolas aéreas na área tricolor.

Ainda que a atuação do São Paulo tenha estado abaixo das expectativas, a postura cautelosa parece ter sido intencional, uma maneira de evitar que a equipe se perdesse ainda mais. Perder em Córdoba, à luz do clima de apreensão nas arquibanacas e nos bastidores, poderia prejudicar toda a temporada. Ademais, é vital reconhecer as dificuldades que uma estreia fora de casa na Libertadores pode apresentar, mesmo com o Talleres atravessando um período conturbado.

Se a situação do São Paulo fosse diferente, com melhor desempenho nas últimas partidas, talvez o foco tivesse sido uma estreia mais segura, embasada na rica trajetória do clube na competição. Tudo é uma questão de perspectiva. Agora, um novo cenário se abre, proporcionando a Zubeldía uma chance para reorganizar e reconduzir os caminhos do São Paulo.