A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, se pronunciou pela primeira vez, nesta terça-feira, sobre a confusão e as ofensas de membros da diretoria do São Paulo após o empate em 1 a 1 no Morumbi, no último domingo, pelo Paulistão. Em entrevista ao ge, a dirigente relatou sua revolta com os acontecimentos e afirmou que estuda com seus advogados se é possível proibir a entrada do diretor de futebol do Tricolor, Carlos Belmonte, em partidas do Palmeiras como mandante. – Vi o vídeo horrível do senhor Carlos Belmonte xingando o nosso treinador e acho que tudo na vida a gente tem que refletir primeiro antes de falar. Por isso que estou aqui hoje, com a cabeça fria, dizendo que espero que as autoridades tenham uma atitude exemplar, punindo o Belmonte para que isso não aconteça novamente. Vou conversar com meus advogados que eu gostaria até que ele não fosse mais no Allianz. É uma persona non grata nos nossos ambientes. Temos que coibir essa violência insana, e nós como dirigentes temos que ser os primeiros a levantar essa bandeira – afirmou Leila Pereira.
– Aquilo é inadmissível e eu só acredito que conseguimos coibir esse tipo de violência com punição, e tem que começar pelos dirigentes. Eles querem jogar para a torcida deles, para ficar bonito com o torcedor, só que o São Paulo não joga sozinho. Acaba incitando uma violência com os outros clubes, que o torcedor comum não tem culpa. Estamos muito revoltados e não vou admitir que alguém agrida fisicamente ou verbalmente qualquer um dos nossos profissionais – acrescentou.
O último episódio entre os clubes coloca um ponto final em uma tentativa de aproximação promovida no ano passado por Leila Pereira e Julio Casares, presidente do São Paulo. Os cartolas apareceram inúmeras vezes em público para promover a paz entre as instituições e até fizeram a troca de estádios. Em duas ocasiões em 2023, o Palmeiras mandou jogos no Morumbi, enquanto o São Paulo utilizou o Allianz Parque nas quartas de final do Paulistão. A rivalidade dentro de campo se aflorou com disputas em mata-mata e, segundo Leila, se transformou institucional por parte do Tricolor paulista.
– A rivalidade é só dentro de campo, ou deveria ser. Com todos os outros clubes a rivalidade é dentro de campo e não pode deixar que isso transborde para fora porque é perigoso. Fora de campo tem que existir o respeito. Da minha parte, a rivalidade continua dentro de campo. Eu tenho profundo respeito por todo torcedor, todos os jogos que vou no Morumbi, torcedores do São Paulo me param pra tirar foto – comentou a presidente.
– Futebol é entretenimento, uma atividade familiar. Tem que começar por nós coibir esse tipo criminoso de rivalidade. Como se coíbe? Respeitando o seu adversário, não dando esse ataque histérico que o São Paulo deu. O dirigente que fala uma coisa e age de outra forma. Você fica bem com a torcida conquistando títulos, pagando as contas em dia, tendo atletas respeitando porque honra os compromissos. Não existe mais no século 21, não cabe mais os cartolas do passado que gritavam, batiam na mesa. Isso não existe mais – acrescentou.
Em nota divulgada pelo clube na última segunda-feira, o Palmeiras afirmou que os ataques a Abel Ferreira foram xenófobos e "palavras baixas". Leila acredita que houve inveja por parte do São Paulo. – No fundo eu acho que tudo é despeito, inveja do trabalho ímpar do Abel aqui no Brasil. Tenho orgulho imenso, poder contar com o Abel por tanto tempo vou ser candidata à reeleição e se for reeleita meu trabalho vai ser manter o Abel até o último dia do meu mandato. Está totalmente adaptado, tem ligação muito forte conosco. Atacar gratuitamente um treinador... Se acham que o Abel está procedendo de uma forma que acham que não seja correta com arbitragem, a arbitragem que tem que dizer – comentou.
Segundo ela, Julio Casares não a procurou desde os problemas. – Eu não tenho que procurá-lo. Ele quem tem que me procurar, eu fui desrespeitada na casa dele. Ele teria que me procurar e ainda pedir desculpas públicas. Quero desculpas públicas e o comprometimento de que isso não vai acontecer mais. Procurado pela Globo, o São Paulo enviou um comunicado assinado pelo presidente Júlio Casares. Veja abaixo: "Carlos Belmonte não é xenófobo. Conversei com ele sobre o assunto, e ele me explicou que, de cabeça quente após os erros de arbitragem na partida, usou a nacionalidade do treinador como forma de identificação, e não qualificação. E, ele destacou que naquele momento, o próprio treinador não estava no local. Lamento que em 2022 a presidente Leila não pensou de forma inclusiva e em promover a paz nos estádios. Na ocasião, após o término da final do Paulistão, não houve qualquer comoção ou pedido de desculpas da instituição sobre ato homofóbico em relação ao São Paulo Futebol Clube. Dirigentes, técnicos, jogadores e demais pessoas envolvidas no futebol não devem agir com violência. Repudio quem maltrata jornalista retirando seu instrumento de trabalho das mãos, quem chuta microfone, quem peita jogador do time adversário mesmo não sendo atleta. Enfim, temos todos juntos de trabalhar para combater esse tipo de situação, tanto dentro como fora de campo. Respeito ao adversário também deve ser dado com boas instalações em seu estádio próprio, condições para jornalistas trabalharem e segurança. Sempre recebemos bem a Leila, como ela mesma diz, no MorumBIS. Mas não podemos dizer o mesmo do São Paulo no Allianz. Já tivemos diversos incidentes com nossos profissionais por lá. Não podemos viver como dirigentes do passado, mas não podemos deixar de ter o amor por nosso time do coração."
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